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Geração solar cresce entre empresas médias no Brasil, atraídas pela economia na conta de luz

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 08/09/2025 às 08:25
Empresas médias aceleram a adoção de geração solar no Brasil, atraídas por economia de até 90% na conta de luz, queda nos preços dos sistemas e facilidade de implementação. Fonte: Diário de Pernambuco
Empresas médias aceleram a adoção de geração solar no Brasil, atraídas por economia de até 90% na conta de luz, queda nos preços dos sistemas e facilidade de implementação. Fonte: Diário de Pernambuco
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Empresas médias aceleram a adoção de geração solar no Brasil, atraídas por economia de até 90% na conta de luz, queda nos preços dos sistemas e facilidade de implementação.

A busca por economia tem levado um número cada vez maior de empresas médias a investir em geração solar própria. A economia nas contas de energia — que pode chegar a 90% em alguns casos — tornou-se um diferencial competitivo em um mercado pressionado por altos custos operacionais. Hoje, esse perfil de empresa, com faturamento anual entre R$ 15 milhões e R$ 500 milhões, já responde por 4,3 gigawatts (GW) de potência instalada no Brasil, segundo dados divulgados pelo Valor Econômico nesta segunda-feira (08/09).

Esse volume representa pouco mais de 10% da capacidade instalada total de geração distribuída no país, que soma 42 GW. O crescimento é resultado de um movimento acelerado. Em 2020, a capacidade anual adicionada pelas empresas médias foi de 349 megawatts (MW).

Em 2023, o número saltou para 1.180 MW, quase quatro vezes mais. Até julho deste ano, já haviam sido instalados 569 MW, com previsão de fechar 2025 em torno de 900 MW.

Queda nos preços e retorno mais rápido do investimento

Outro fator que favoreceu esse salto foi a redução dos custos dos sistemas fotovoltaicos. De acordo com Luiza Bertazzoli, diretora de inteligência da Greener, o preço de um sistema de 1 MWp caiu 19% em apenas um ano, passando de R$ 2,70 milhões em janeiro de 2024 para R$ 2,18 milhões no início de 2025.

Esse cenário encurtou o tempo de retorno sobre o investimento (payback). Enquanto em 2023 o período médio era de 4,4 anos para sistemas de 4 kWp, hoje está em apenas 3,2 anos. A queda é explicada pela superoferta de equipamentos, sobretudo módulos fotovoltaicos, oriundos da China. 

Para Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho da Absolar, “o momento nunca foi tão favorável para instalação de sistemas solares nas médias empresas como agora”.

Legislação e encargos tornam a geração própria mais estratégica

As mudanças na legislação também foram decisivas. As novas regras redefiniram o porte das usinas fotovoltaicas e incluíram cobrança pelo uso da rede de distribuição para escoar o excedente de energia. Isso acelerou a busca das empresas por projetos de geração própria.

Segundo Donato da Silva Filho, diretor da Volt Robotics, a energia elétrica é um dos maiores custos operacionais e vem pressionada por tarifas que frequentemente superam a inflação. 

Além disso, há encargos como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que representa 25% da conta de luz e pode subir para 30% até 2030. Com a geração solar, as empresas conseguem escapar desses reajustes e reduzir significativamente sua exposição a esses encargos.

Facilidade de implementação e garantia estendida

A implementação de sistemas fotovoltaicos tornou-se mais ágil. “As obras de instalação estão ficando cada vez mais simples e o tempo entre a contratação do projeto e o início da geração de energia é muito curto, o que ajuda a mitigar riscos”, explica Silva Filho, da Volt Robotics.

Outro atrativo é a durabilidade dos sistemas. Segundo Koloszuk, da Absolar, os módulos têm garantia de 25 anos e exigem manutenção mínima. Essa segurança técnica amplia a confiança das empresas no investimento.

Exemplos práticos de empresas que apostaram na geração solar

Na prática, a economia permite redirecionar recursos para outras áreas do negócio. A Agristar, especializada em sementes de hortaliças e com faturamento de R$ 250 milhões, aplicou R$ 1,2 milhão em placas solares em 2019. Na época, a geração de 50 mil kW por mês supria 95% da demanda da sede, em Santo Antônio de Posse (SP). Hoje, cobre 60% devido à expansão da estrutura. Mesmo assim, o retorno financeiro segue positivo. “Podemos comprar energia no mercado livre, que é mais barata”, destaca Silvio Valente, diretor de operações.

Outro exemplo vem da Bohr, de Campinas (SP), com faturamento anual de R$ 120 milhões. A empresa, dedicada à reciclagem e manufatura de eletroeletrônicos, investiu R$ 5 milhões em um sistema solar de 3,5 MWp. O retorno está previsto entre 36 e 48 meses, segundo Philipp Fox, diretor de pesquisa e desenvolvimento.

O próximo passo: sistemas com baterias e maior resiliência energética

Além da geração, o próximo ciclo de investimentos das empresas médias deve incluir baterias de armazenamento. A tecnologia permite equilibrar a carga durante o dia, reduzir dependência da rede de distribuição e garantir energia em situações de falhas ou eventos climáticos extremos.

De acordo com Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), “as baterias têm um papel relevante para garantir a resiliência energética durante a ocorrência de eventos climáticos extremos”. 

A tendência já está no radar da indústria Bohr, que planeja adotar sistemas com baterias a partir de 2026.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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