Levantamento da Greener revela que a geração distribuída com baterias, ligada à energia solar e energia limpa, enfrenta barreiras no Brasil. Apesar do avanço tecnológico, os preços altos e o crédito caro limitam o crescimento do setor
Em 30 de setembro de 2025, o estudo da consultoria Greener, divulgado pela agência Eixos, revelou um cenário ambíguo para o setor de geração distribuída com baterias no Brasil.
Embora a oferta desses sistemas híbridos tenha crescido de forma acelerada, fatores como preços altos, taxas de juros elevadas e incertezas econômicas continuam a dificultar a expansão comercial da tecnologia.
Greener revela: demanda cresce, mas as vendas não acompanham
Nos primeiros sete meses de 2025, o país adicionou 2,9 gigawatts (GW) de capacidade em geração distribuída, alcançando um total de 41 GW instalados. A oferta de sistemas híbridos com baterias aumentou significativamente: 71% dos integradores passaram a oferecer essa solução, contra 65% no mesmo período de 2024.
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No entanto, apenas 2% das vendas efetivas envolveram sistemas com armazenamento de energia, e mais da metade dos integradores que oferecem baterias ainda não realizaram nenhuma venda.
“A oferta cresceu, mas o mercado ainda não absorveu a tecnologia como esperado”, destaca o relatório da Greener. A principal barreira apontada pelos consumidores é o custo elevado dos equipamentos de armazenamento, que compromete a rentabilidade do investimento em comparação com sistemas convencionais que injetam o excedente na rede.
Crescimento da geração distribuída com baterias
A geração distribuída tem se consolidado como uma alternativa viável para consumidores que buscam autonomia energética e redução de custos. Com o avanço da tecnologia e a popularização da energia solar, os sistemas híbridos com baterias surgem como uma solução estratégica para armazenar o excedente gerado e garantir fornecimento contínuo.
Segundo o estudo da Greener, o crescimento da oferta é resultado da maior disponibilidade de equipamentos e da busca por soluções mais completas por parte dos consumidores. No entanto, o mercado ainda enfrenta resistência na conversão de orçamentos em vendas, especialmente devido ao custo elevado das baterias e à falta de incentivos financeiros.
Preços altos e juros dificultam a expansão da energia limpa
De acordo com o levantamento da Greener, os principais desafios enfrentados pelos integradores de geração distribuída no primeiro semestre de 2025 foram:
- Concorrência com preços baixos: 65% dos integradores apontaram que os preços agressivos praticados por concorrentes dificultam a competitividade.
- Taxas de juros elevadas: 58% mencionaram que o custo do financiamento afasta potenciais clientes.
- Dificuldade na aprovação de crédito: 49% relataram entraves na liberação de financiamentos pelos bancos.
Esses fatores contribuíram para uma queda de 46% no volume médio mensal de orçamentos em relação ao mesmo período de 2024. “O consumidor está mais cauteloso e seletivo”, afirma a Greener, atribuindo esse comportamento à inflação, instabilidade política e ao cenário econômico adverso.
Além disso, o aumento das taxas de importação de células fotovoltaicas, de 9,6% para 25%, anunciado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), impactou diretamente o setor. A medida levou a uma corrida por importações no primeiro trimestre de 2025, seguida por uma queda de 38% no segundo trimestre.
Perfil dos consumidores e mudanças no mercado de geração distribuída
Apesar das dificuldades, o segmento residencial apresentou crescimento. Em 2025, 57% da potência instalada em geração distribuída foi destinada a residências, um recorde histórico para essa categoria. Por outro lado, os consumidores comerciais e rurais reduziram sua participação:
- Comércio: Muitos empresários têm optado por soluções que exigem menor investimento inicial.
- Meio rural: A alta dos juros e a dificuldade de acesso a crédito impactaram negativamente o setor. Além disso, produtores priorizaram investimentos em infraestrutura agrícola.
A Greener aponta que o consumidor residencial está mais propenso a investir em energia solar, mesmo diante das incertezas. A busca por independência energética e redução da conta de luz são os principais motivadores.
Energia solar e baterias: uma combinação estratégica
A combinação entre energia solar e baterias representa um avanço importante na busca por maior eficiência energética e menor dependência da rede elétrica convencional. Os sistemas híbridos permitem que o consumidor utilize a energia gerada mesmo quando não há sol, aumentando a autonomia e a segurança energética.
Contudo, o alto custo das baterias ainda é um entrave. Segundo especialistas, a redução dos preços depende de incentivos fiscais, aumento da escala de produção e avanços tecnológicos.
Sem políticas públicas que estimulem o mercado, o crescimento será limitado, alerta o estudo da Greener. A ausência de modelos de remuneração para o uso das baterias também desestimula os investimentos.
Estatísticas e projeções da Greener para o setor de energia limpa
O estudo da Greener apresenta dados relevantes sobre o desempenho do setor em 2025:
- 2,9 GW adicionados em geração distribuída nos primeiros sete meses do ano.
- 41 GW de capacidade total instalada no país.
- 71% dos integradores oferecem sistemas com baterias.
- Apenas 2% das vendas envolvem sistemas híbridos.
- Queda de 46% nos orçamentos mensais em relação a 2024.
- 57% da potência instalada foi destinada a residências.
Esses números mostram que, embora a tecnologia esteja disponível, a adoção ainda é tímida diante dos desafios econômicos. A expectativa é que, com a estabilização da economia e a criação de políticas públicas voltadas ao setor, o mercado possa se expandir de forma mais consistente nos próximos anos.
Oportunidades e caminhos para o avanço da geração distribuída com baterias
A pesquisa da Greener evidencia que o mercado de geração distribuída com baterias está em expansão, mas enfrenta obstáculos significativos. Preços altos, juros elevados e incertezas econômicas são os principais fatores que dificultam a conversão da oferta em vendas.
Ainda assim, o crescimento da energia solar e o aumento da consciência ambiental entre os consumidores indicam que a demanda por energia limpa continuará a crescer. Para que o Brasil aproveite todo o potencial dessa tecnologia, será necessário investir em políticas públicas, incentivos fiscais e soluções financeiras que tornem os sistemas híbridos mais acessíveis.
“O futuro da energia está na descentralização e no armazenamento inteligente”. Com planejamento e apoio institucional, a geração distribuída com baterias pode se tornar um pilar da matriz energética brasileira, promovendo sustentabilidade, autonomia e inovação.