A gasolina no Brasil passou a ter 30% de etanol anidro a partir de 1º de agosto de 2025. Entenda por que a antiga “regra dos 70%” virou um erro, aprenda a fazer a conta certa e veja como decidir com base no consumo do seu carro e nos preços locais.
A pergunta “etanol ou gasolina, qual compensa?” ganhou um ingrediente decisivo com a adoção do E30. Desde 1º de agosto de 2025, a mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina subiu de 27% para 30%, por decisão do CNPE. A mudança foi oficializada pelo governo federal em 25 de junho de 2025 e entrou em vigor no início de agosto.
Para manter a qualidade e o desempenho da gasolina nas bombas, a ANP ajustou a especificação da gasolina C e elevou o número mínimo de octanagem RON de 93 para 94, justamente por conta do novo teor de etanol. Isso significa um combustível mais resistente à detonação, adequado a motores modernos.
Com essas mudanças, repetir a antiga “regra dos 70%” virou um erro. O parâmetro surgiu como aproximação do poder calorífico do etanol em relação à gasolina, mas o cenário evoluiu, motores flex ficaram mais eficientes, o próprio combustível mudou e agora a gasolina tem mais etanol. A decisão correta passa por medir o consumo do seu carro e comparar preços reais da sua cidade.
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Como fazer a conta certa: paridade do seu carro + preços da sua cidade
O primeiro passo para não cometer erros é medir o consumo real em cada combustível. O método “tanque a tanque” é simples: complete o tanque até o primeiro desarme da bomba, zere o hodômetro, use o carro normalmente, reabasteça no mesmo padrão e divida os quilômetros rodados pelos litros abastecidos. Repita o processo algumas vezes para obter uma média confiável.
Se o carro tiver computador de bordo, use a leitura como referência, mas não dispense a medição na bomba para validar a precisão, já que o display pode variar conforme o uso e as condições. O importante é ter duas médias: uma com etanol e outra com gasolina.
Agora vem a paridade ideal do seu carro: consumo com etanol ÷ consumo com gasolina. Guarde esse número. No posto, calcule preço do etanol ÷ preço da gasolina. Se o resultado do preço ficar abaixo da paridade ideal, o etanol tende a ser mais vantajoso; se ficar acima, a gasolina ganha. Para não errar, use os preços médios semanais da ANP para sua cidade como base.
E30 em vigor: o que muda na gasolina e no bolso
Com o E30, o governo e a ANP destacam que a política busca segurança técnica, potencial ganho de octanagem e suporte à matriz mais renovável. A adoção foi embasada em estudos coordenados pelo MME com testes do Instituto Mauá, e a ANP ajustou a especificação para preservar qualidade e desempenho. Fato novo importante: a gasolina C passa a exigir RON mínimo 94.
No curto prazo, o fator decisivo para o motorista continua sendo preço por litro versus consumo médio. Para acompanhar o que acontece no seu município, consulte o Levantamento de Preços da ANP, atualizado semanalmente, com séries por estado e cidade. Dados confiáveis ajudam a fazer a conta com rigor.
Para além da economia direta, a mudança dialoga com descarbonização e com o papel do etanol na transição energética brasileira, ponto enfatizado pelo Planalto ao anunciar o E30. Isso explica por que a “melhor escolha” nem sempre é apenas a mais barata, dependendo dos critérios do motorista.
“Regra dos 70%” ainda vale? O que dizem dados e testes
A regra nasceu como simplificação do conteúdo energético: o etanol tem poder calorífico inferior menor que o da gasolina, logo, em tese, exige mais volume para entregar a mesma energia. Porém, energia não é o único fator; a calibração dos motores flex e a octanagem mudaram, reduzindo a utilidade da porcentagem fixa. Conclusão: não confie em um número universal. Faça a sua paridade.
Na prática, muitos motores modernos conseguem rendimento melhor com ajustes eletrônicos que exploram a maior octanagem do etanol, aproximando ou ultrapassando aquela “média histórica” que inspirou os 70%. Em várias medições de mercado, a paridade real supera o patamar tradicional, o que derruba a regra como orientação geral.
Com o RON mínimo 94 na gasolina C, definido pela ANP, a comparação direta fica ainda mais dependente do seu conjunto veículo, rota e estilo de condução. Daí a importância de medir consumo e acompanhar preços ANP para uma decisão precisa e atual.
Desempenho e autonomia: quando preferir etanol ou gasolina
Se busca desempenho, muitos motores flex entregam mais potência com etanol, graças à octanagem mais alta, que permite maior avanço de ignição sem detonação. Não é regra absoluta, porque depende da ECU e da calibração de cada modelo, mas é uma tendência reconhecida por publicações especializadas.
Se a prioridade é autonomia entre abastecimentos, a gasolina ainda oferece vantagem na maior parte dos casos, já que o consumo em km/l tende a ser melhor. Essa diferença, porém, pode diminuir em trechos urbanos, em clima ameno e em motores mais novos, por conta de ajustes de gerenciamento eletrônico.
Com o E30, a gasolina comum ganhou octanagem mínima maior, o que ajuda na eficiência e na proteção contra batida de pino em motores modernos. Ainda assim, o custo por quilômetro depende do preço no posto e da média real do seu carro. Faça a conta, não o palpite.
Passo a passo final para decidir no posto
Primeiro, meça o consumo com cada combustível usando o método tanque a tanque e, se quiser, valide com o computador de bordo. Guarde as duas médias, em km/l.
Depois, acompanhe os preços locais na pesquisa semanal da ANP e calcule: preço do etanol ÷ preço da gasolina. Compare com a paridade ideal do seu carro, que é consumo com etanol ÷ consumo com gasolina. Se o preço estiver abaixo da paridade, etanol tende a compensar; se estiver acima, gasolina leva vantagem.
Mas leve isso em consideração: Se quer desempenho, o etanol costuma ser melhor, se precisa de autonomia, a gasolina tende a render mais quilômetros entre paradas.