Minaspetro sugere mudanças estruturais que podem impactar diretamente o valor da bomba e tornar a gasolina mais barata.
Em meio a críticas frequentes sobre o preço dos combustíveis, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro) apresentou um conjunto de cinco propostas para tornar a gasolina mais barata. A entidade representa quase 5 mil postos no estado e defende que o varejo, elo mais competitivo da cadeia não deve ser o único culpado pelo valor pago nas bombas.
Segundo o sindicato, o debate sobre combustíveis no Brasil raramente é técnico. A análise costuma ignorar os impactos de distribuidoras, usinas, tributos e transportes. O resultado é uma visão distorcida que penaliza apenas o dono do posto, quando na verdade ele também é prejudicado pelos altos preços, com margens cada vez mais apertadas e repasses obrigatórios de custos impostos por outros segmentos da cadeia.
1. Autoatendimento como forma de economia
A primeira proposta do Minaspetro é a liberação do self-service, prática comum em países como EUA, México e Chile. Hoje, a legislação brasileira proíbe o autoabastecimento, o que encarece a operação por exigir mão de obra exclusiva para a função. Segundo o sindicato, mudar essa regra pode reduzir custos operacionais e tornar o combustível mais barato na ponta.
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2. Contratos mais justos com distribuidoras
O segundo ponto aborda os contratos entre postos e distribuidoras, que hoje amarram o varejista a condições comerciais fixas e pouco negociáveis. O sindicato propõe cláusulas de precificação justa e possibilidade de saída contratual, permitindo maior concorrência e liberdade de escolha. Atualmente, três grandes distribuidoras controlam cerca de 70% do mercado, o que limita a competitividade.
3. Correção volumétrica por temperatura
Outro aspecto técnico levantado é a diferença de temperatura no transporte do combustível. Pela regra da ANP, o produto deve ser vendido a 20ºC. Porém, ele chega aos postos a temperaturas superiores, como 30ºC, e resfria nos tanques subterrâneos, resultando em perda volumétrica para o varejista de até 250 litros por carregamento, segundo testes da UFMG. A correção dessa distorção evitaria prejuízos e permitiria repasses menores ao consumidor.
4. Combate ao roubo de carga
A segurança no transporte também afeta o preço final. Postos têm que arcar com seguros caros ou absorver prejuízos em caso de roubo, o que encarece a operação. A proposta aqui é intensificar o combate ao mercado irregular, que impacta diretamente o custo de distribuição, principalmente em estados com alto índice de roubos de cargas.
5. Redução da carga tributária e combate à sonegação
Por fim, o sindicato aponta a alta carga tributária e a evasão fiscal como grandes vilões. O sistema atual acaba penalizando os empresários que recolhem impostos corretamente, enquanto concorrentes sonegadores conseguem praticar preços artificialmente baixos. Em uma ação simbólica no Dia Livre de Impostos, postos de Minas Gerais venderam gasolina a R$ 3,82 sem tributos revelando o peso real da carga fiscal sobre o consumidor.
A necessidade de um debate técnico e equilibrado
O Minaspetro defende que é hora de tratar o combustível como um bem essencial e debater o setor com seriedade, incluindo todos os elos da cadeia produtiva. A proposta das cinco medidas visa romper com a narrativa simplista que culpa exclusivamente o dono do posto e abrir espaço para soluções estruturais.
Enquanto a discussão continuar focada apenas na “placa do posto”, os demais atores seguirão invisíveis e a gasolina, cada vez mais cara.
Você acha que o preço da gasolina poderia ser menor com essas propostas? Já sentiu no bolso os efeitos da alta tributação e dos custos ocultos? Comente abaixo sua experiência é parte essencial desse debate.