Produto especial usado em testes de veículos atinge valor elevado, tem formulação controlada e é essencial para garantir padronização nos resultados de consumo e emissão no Brasil.
A gasolina de referência, conhecida como E22 ou A22, alcança valores que impressionam: chega a custar até R$ 150 por litro, segundo dados atualizados até junho de 2025.
Diferente do combustível vendido nos postos, esta gasolina é utilizada em procedimentos de homologação de veículos no Brasil e possui características bastante controladas, fundamentais para garantir a precisão em testes automotivos e ambientais.
O que é gasolina de referência e por que custa caro
A composição da gasolina de referência é um dos pontos centrais que justificam seu alto valor.
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Conforme informações do portal UOL, o produto contém exatamente 22% de etanol anidro – responsável pela denominação E22 – e apresenta 93 octanas (método RON, Research Octane Number).
Apesar desses números, o aspecto visual, o cheiro e a coloração permanecem iguais aos da gasolina comum.
Entretanto, a principal diferença está na ausência de variações: densidade, teor de enxofre e outros parâmetros físico-químicos são rigidamente mantidos, sem as margens de tolerância que existem no combustível comercializado nos postos.
Enquanto a gasolina comum vendida ao consumidor final possui atualmente 27% de etanol anidro, e passará para 30% a partir de agosto de 2025 conforme o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a gasolina de referência se mantém com 22%, preservando uma padronização essencial para os testes.
Esse padrão não se restringe apenas à gasolina: o etanol usado nos ensaios também é produzido com especificações estritas, o que garante que resultados de consumo e emissões não sejam distorcidos por fatores externos.
Para que serve a gasolina de referência
A função primordial da gasolina de referência, portanto, não é abastecer veículos nas ruas, mas servir como base para a homologação dos motores.
Montadoras, laboratórios e órgãos de fiscalização utilizam esse combustível em ensaios laboratoriais que aferem o desempenho, o consumo de combustível e a emissão de poluentes dos automóveis comercializados no Brasil.
De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), essa uniformidade permite que veículos da mesma categoria sejam avaliados sob condições idênticas, eliminando eventuais distorções provocadas por variações no combustível.
Na prática, ao utilizar a gasolina de referência, engenheiros automotivos conseguem determinar, com maior exatidão, se um novo modelo cumpre todos os limites de emissões e eficiência energética estabelecidos pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV).
Dessa forma, as tabelas de eficiência e economia de combustível, divulgadas periodicamente pelo Inmetro, refletem resultados consistentes e comparáveis entre diferentes modelos e marcas, contribuindo para que consumidores tenham acesso a informações confiáveis na hora de escolher um veículo.
Por que o preço do litro é tão alto
Os elevados custos do litro da gasolina de referência se devem, sobretudo, ao rigoroso controle de qualidade e ao processo de fabricação em escala restrita.
Ao contrário dos combustíveis produzidos em grandes volumes para o mercado, a gasolina de referência é fabricada sob encomenda, em pequenos lotes, com insumos monitorados em todas as etapas.
Isso envolve testes laboratoriais detalhados, rastreamento de cada componente e ausência de qualquer tipo de aditivo ou contaminante.
Além disso, a distribuição desse combustível ocorre de forma limitada, atendendo apenas montadoras, laboratórios credenciados e órgãos reguladores.
Uso além da homologação e padrão internacional
A aplicação da gasolina de referência não se limita à homologação de veículos novos.
Ela é fundamental em pesquisas de desenvolvimento de motores, testes de durabilidade, análise de novas tecnologias e processos de certificação internacional.
Com a adoção de critérios globais para medição de octanagem e emissões, a utilização desse combustível padrão coloca o Brasil em sintonia com as exigências de mercados internacionais e fortalece a credibilidade das avaliações realizadas no país.
Diferenças para a gasolina vendida nos postos
É importante destacar que a gasolina comercial disponível nas bombas segue padrões próprios estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Os percentuais de etanol anidro adicionados variam em função de políticas energéticas e ambientais, sendo atualizados periodicamente para balancear o uso de fontes renováveis e a segurança operacional dos motores.
Já o controle da gasolina de referência é ainda mais restrito, garantindo que qualquer alteração nos resultados dos testes seja, de fato, consequência de modificações técnicas nos veículos e não do combustível utilizado.