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Gasoduto que tornaria país autossuficiente em gás tem obra paralisada, diz Petrobras

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 12/07/2022 às 18:10
Atualizado em 30/07/2022 às 22:08
Primeiro gasoduto que tornaria o Brasil autossuficiente na produção de gás natural, tem reformas paralisadas. O Consórcio encarregado pela construção despediu cerca de 1,5 mil funcionários, impossibilitando a continuação das obras do gasoduto, aponta a Petrobras.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Flickr

Primeiro gasoduto que tornaria o Brasil autossuficiente na produção de gás, tem reformas paralisadas. O Consórcio encarregado pela construção despediu cerca de 1,5 mil funcionários, impossibilitando a continuação das obras do gasoduto, aponta a estatal.

Na manhã desta terça-feira, (12/07), a Petrobras anunciou, por meio de comunicado ao mercado, que o gasoduto da Rota 3, o responsável por tornar o país independente em gás natural, não será mais inaugurado no segundo semestre de 2022, como estava previsto. Agora, a expectativa é que o gasoduto seja inaugurado até março de 2023.

Inauguração do Gasoduto estava prevista para o segundo semestre deste ano

A empresa Petrobras informou que as obras da nova unidade de processamento de gás natural do Polo GásLub (UPGN), em Itaboraí, Rio de Janeiro, estão paralisadas porque o consórcio responsável pela construção do gasoduto suspendeu unilateralmente o contrato. Além disso, também segundo a estatal, a empresa responsável pela construção demitiu cerca de 1,5 mil funcionários, atrapalhando ainda mais a continuação da obra.

“Por este motivo, a obra está paralisada, sendo realizada apenas atividades de preservação dos equipamentos e das instalações. Adicionalmente, a Petrobras reforça que está em dia com todos os seus compromissos com a referida empresa”, afirma um trecho do comunicado divulgado pela Petrobras.

As obras seriam  realizadas pelo consórcio formado entre a petroleira chinesa Kerui e a empreiteira brasileira Método Potencial, que resultou na Sociedade de Propósito Específico (SPE) Keruí-Método. No entanto, como o consórcio resolveu romper o contrato, a estatal não tem previsão de outras empresas cotadas para a construção. Procurada, a parceria ainda não se manifestou.

A notícia é desanimadora, porque quando pronta, a UPGN tem previsão de receber e também de processar, o equivalente a quase 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia, de acordo com a Petrobras.

Esse feito coloca o Brasil a um patamar de autossuficiência, porque o país terá a sua demanda de gás natural suprimida internamente, a expectativa é que essa independência esteja garantida até 2027. Atualmente, o produto vem dos campos marítimos da Bacia de Santos, por meio de um longo caminho de um gasoduto de 355 quilômetros de extensão.

O atraso é prejudicial para a demanda do país e gerará custos

Nesse sentido, em janeiro, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, estiveram presentes na unidade, para a cerimônia de pré-partida. Ainda na cerimônia, o diretor-executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, que foi um dos cotados para a presidência da Petrobras esse ano, acredita que o atraso é desfavorável para a demanda interna do país e causará custos extras. Isso por conta do elevado preço da commodity no atual mercado internacional, fruto da guerra que acontece na Ucrânia.

“É uma notícia muito ruim, porque esse gás supriria uma queda de produção que acontece nos campos do pós-sal. O gás, que chegou a custar cinco dólares o milhão de BTUS, agora oscila entre US$ 25 e US$ 30. Então, a Petrobras vai ter que arrumar esse gás que, provavelmente, será importado”, afirmou Adriano Pires.

De acordo com dados da ANP, o Rio de Janeiro sozinho é detentor de 60% das reservas provadas de gás natural do país, o que seria suficiente com as importações. No entanto, em maio deste ano, a estatal boliviana responsável por fornecer gás natural para o Brasil, reduzir em cerca de 30% o abastecimento de gás, o que resultou na redução de fornecimento de seis milhões de metros cúbicos por dia e fez com que o país necessitasse importar mais gás natural liquefeito (GNL).

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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