Descubra como o Gás do povo e a transição energética promovem inclusão social, combate à pobreza energética e acesso a uma cozinha limpa no Brasil.
O debate sobre transição energética no Brasil ganhou força nas últimas décadas, mas nem sempre ocupou espaço central nas políticas públicas. Durante boa parte da história do país, os governos priorizaram a energia como motor de desenvolvimento industrial e urbano.
No entanto, muitas vezes não consideraram plenamente a acessibilidade para as famílias mais pobres. Nesse contexto, o programa Gás do Povo surge como um projeto que une dois objetivos: estimular a transição energética e garantir equidade social.
O programa, lançado em setembro de 2024 no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, substitui o antigo Auxílio Gás por um benefício mais amplo e direcionado. Assim, ele assegura que famílias de baixa renda tenham acesso ao gás de cozinha por meio de botijões de 13 kg.
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Dessa forma, o governo espera alcançar mais de 15 milhões de famílias e reduzir um problema antigo: a pobreza energética.
Esse fenômeno afeta milhões de pessoas em todo o mundo e está ligado à falta de acesso a fontes modernas e seguras de energia. No Brasil, dados do IBGE indicam que cerca de 13 milhões de famílias ainda cozinham com lenha, carvão ou álcool.
Portanto, esse número representa 23% dos lares, ou aproximadamente 50 milhões de brasileiros, o que equivale quase à população inteira da Espanha. Desse modo, o dado mostra como o problema atravessa gerações e exige soluções urgentes.
Gás do Povo como política de inclusão
Quando falamos em transição energética, o debate costuma se concentrar em fontes renováveis, como energia solar, eólica e biometano. Essas tecnologias são fundamentais para reduzir emissões.
Contudo, elas não resolvem sozinhas a questão social. Afinal, cozinhar é uma necessidade básica, e o direito a uma cozinha limpa se conecta diretamente ao direito à dignidade.
Nesse sentido, o Gás do Povo se alinha aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 7, que busca garantir energia limpa e acessível para todos.
Ao longo da história, o GLP ocupou papel central na vida das famílias brasileiras. Desde os anos 1950, quando o famoso botijão azul se popularizou, o gás de cozinha promoveu a primeira transição energética no país.
Antes disso, grande parte da população dependia da lenha como combustível principal. Como resultado, o uso da lenha causava problemas de saúde devido à fumaça, além de riscos de incêndios e impactos ambientais pelo desmatamento.
Assim, a chegada do GLP trouxe ganhos imensos em segurança, saúde pública e qualidade de vida.
Esse mesmo raciocínio continua válido hoje. Embora a energia solar e outras fontes renováveis sejam indispensáveis para o futuro, o gás permanece essencial como energia de transição.
Ele oferece segurança, confiabilidade, acessibilidade e já conta com uma infraestrutura de distribuição consolidada. Além disso, empresas como a Ultragaz, que abastecem milhões de lares há mais de 88 anos, ilustram como o setor se estruturou para oferecer serviços de qualidade.
O Gás do Povo também expressa um conceito mais amplo: a justiça energética. Esse conceito ultrapassa a simples oferta de energia e garante oportunidades iguais de acesso à dignidade.
Assim como a eletrificação levou luz às casas no século XX, o acesso universal ao GLP marca um avanço de cidadania no século XXI.
Investimentos e estabilidade regulatória
A Ultragaz investiu quase R$ 2 bilhões nos últimos anos para modernizar sua infraestrutura e garantir a confiabilidade do parque de botijões.
Portanto, esse tipo de investimento só acontece em ambientes com segurança regulatória. Por isso, qualquer mudança nas normas do setor precisa de debates cuidadosos para não comprometer décadas de avanços.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) atualmente revisa a regulação do setor. Entre as propostas em discussão estão o fim da marca nos botijões e a permissão para enchimento remoto ou fracionado em áreas industriais.
Embora defendidas como medidas de flexibilização, especialistas alertam que elas podem gerar riscos sérios. Nesse sentido, os principais problemas apontados incluem o aumento do custo de distribuição, a dificuldade de fiscalização e a abertura de espaço para práticas ligadas ao crime organizado.
Experiências internacionais reforçam essa preocupação. Países da América Latina e da África que flexibilizaram excessivamente as regras enfrentaram aumento de acidentes domésticos, sobretudo em regiões vulneráveis.
Assim, essa realidade mostra que a regulação deve priorizar segurança, qualidade e proteção ao consumidor.
O modelo brasileiro já conquistou reconhecimento internacional. Por esse motivo, o país é visto como referência em segurança no setor de GLP, e manter esse padrão se mostra essencial para atrair novos investimentos e consolidar o gás como parte da transição energética justa.
Gás do povo e a transição energética como caminho social
Para que o Gás do Povo e a transição energética caminhem juntos, políticas públicas e decisões regulatórias precisam alinhar-se ao interesse social.
Dessa forma, o diálogo entre governo, agências reguladoras, empresas e entidades civis deve ser transparente e voltado para consensos. Portanto, o objetivo central precisa ser o mesmo: ampliar o acesso à energia de forma segura e inclusiva.
O impacto social do Gás do Povo pode transformar a vida de milhões de brasileiros. Afinal, garantir acesso ao GLP significa muito mais do que economia doméstica.
Trata-se também de saúde pública. O uso de lenha e carvão aumenta doenças respiratórias, especialmente em mulheres e crianças.
Assim, quando o gás substitui esses combustíveis, a exposição a poluentes nocivos cai drasticamente e os indicadores de saúde melhoram.
A política também promove equidade de gênero. Em muitas famílias de baixa renda, as mulheres assumem a responsabilidade pelo preparo das refeições.
Nesse cenário, o acesso a uma cozinha limpa e segura reduz o tempo gasto em tarefas pesadas, como coletar lenha. Além disso, ele abre espaço para atividades educacionais, profissionais e de lazer.
Esse aspecto social, muitas vezes ignorado no debate energético, reforça o caráter inclusivo da política.
O impacto ambiental também merece destaque. Afinal, a substituição da lenha e do carvão pelo gás reduz desmatamento e poluição, fortalecendo o papel do Brasil no combate às mudanças climáticas.
Dessa forma, fica claro que equidade social e preservação ambiental podem caminhar juntas.
Energia, cidadania e futuro sustentável
O Brasil vive um momento decisivo em sua trajetória energética. Por um lado, o país precisa avançar na integração de fontes renováveis para reduzir emissões.
Por outro, ele enfrenta o desafio social de garantir energia limpa e acessível para todos. Assim, o Gás do Povo, ao priorizar famílias vulneráveis, mostra como essas duas agendas se complementam.
A transição energética não alcançará sucesso se não for inclusiva. Afinal, cada fonte de energia ocupa um lugar específico no caminho rumo a um futuro sustentável.
O GLP pode não representar a solução final, mas funciona como elo entre um presente desigual e um futuro renovável.
A equidade social deve estar no centro da discussão. Nesse sentido, o direito ao gás de cozinha não se limita ao consumo, mas envolve cidadania.
A energia precisa ser tratada como um bem essencial, assim como saúde, moradia e educação.
Portanto, ao valorizar políticas como o Gás do Povo e ao manter a segurança do setor, o Brasil dá um passo importante para que a transição energética seja não apenas tecnológica, mas também profundamente humana.