Conheรงa os detalhes de uma garrafa de azeite de quase 2.000 anos, fabricada na Roma Antiga
Em 2020, uma equipe multidisciplinar liderada pelo professor Raffaele Sacchi, da Universidade de Nรกpoles Federico II, conseguiu verificar a autenticidade e identidade molecular de uma amostra de azeite de oliva armazenada em uma garrafa de vidro enterrada pela erupรงรฃo do Vesรบvio em 79 d.C.
O estudo foi publicado no periรณdico NPJ Science of Food, do grupo Nature. A pesquisa indica que esta รฉ, possivelmente, a maior e mais antiga garrafa de azeite de oliva conhecida, com capacidade de quase 0,7 litro.
O estudo faz parte de uma colaboraรงรฃo entre o Departamento de Agricultura da Universidade de Nรกpoles e o Museu Arqueolรณgico Nacional de Nรกpoles (MANN).
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O objetivo รฉ analisar achados orgรขnicos armazenados nos depรณsitos do museu. A investigaรงรฃo sobre o conteรบdo da garrafa de vidro comeรงou em 2018. As salas de armazenamento do MANN contรชm materiais recuperados das escavaรงรตes feitas sob o comando do Rei Carlos de Bourbon na regiรฃo do Vesรบvio.
A Universidade de Nรกpoles acredita que a garrafa tenha vindo de Herculano. Entretanto, como muitas descobertas arqueolรณgicas, informaรงรตes sobre o momento exato de sua recuperaรงรฃo foram perdidas com o tempo.
Transformaรงรตes quรญmicas ao longo dos sรฉculos
A pesquisa teve como ponto de partida o paleontรณlogo e jornalista italiano Alberto Angela. Durante uma inspeรงรฃo nos armazรฉns do MANN, ele percebeu que a garrafa ainda continha lรญquido.
Inicialmente, ele supรดs que o conteรบdo poderia ser vinho. No entanto, as anรกlises revelaram um resultado diferente, classificado pela Universidade de Nรกpoles como “surpreendente e inesperado”.
Os estudos foram conduzidos por pesquisadores da Universidade de Nรกpoles Federico II, do Conselho Nacional de Pesquisa da Itรกlia (CNR) e da Universidade da Campรขnia Luigi Vanvitelli.
Os resultados confirmaram que a matรฉria orgรขnica na garrafa era azeite de oliva. As altas temperaturas geradas pela erupรงรฃo do Vesรบvio e as mudanรงas sofridas ao longo de quase dois mil anos provocaram alteraรงรตes quรญmicas profundas no produto.
A anรกlise revelou que poucas das molรฉculas tรญpicas do azeite de oliva sobreviveram ao tempo. Os triglicerรญdeos, que compรตem 98% do azeite, se degradaram em seus รกcidos graxos constituintes. Os รกcidos graxos insaturados foram completamente oxidados, formando hidroxiรกcidos.
Ao longo de dois milรชnios, esses compostos reagiram entre si, dando origem a substรขncias como os estolรญdeos, que nunca haviam sido detectados em processos convencionais de alteraรงรฃo natural do azeite de oliva.
A substรขncia gordurosa tambรฉm produziu uma variedade de compostos volรกteis. Essas substรขncias sรฃo encontradas em azeites altamente ranรงosos e resultam da decomposiรงรฃo dos รกcidos oleico e linoleico.
O estudo proporciona um avanรงo na compreensรฃo das transformaรงรตes quรญmicas que ocorrem em gorduras alimentares ao longo de perรญodos extremamente longos. A descoberta tambรฉm contribui para a histรณria da alimentaรงรฃo e conservaรงรฃo de alimentos na antiguidade.
Com informaรงรตes de scasanjuanvillargordo.