As duas pedras preciosas raríssimas, de tanzanita pura e exclusivas do norte da Tanzânia, renderam ao garimpeiro Saniniu Laizer mais de US$ 3,3 milhões cada, tornando-o um símbolo nacional de perseverança e sucesso
O garimpeiro Saniniu Laizer, da Tanzânia, viveu o que muitos chamariam de milagre moderno. Em junho de 2020, ele descobriu duas pedras preciosas raríssimas, as maiores tanzanitas já encontradas na história do país. O achado, de 9,2 e 5,8 kg, transformou o minerador de pequena escala em milionário da noite para o dia.
As pedras foram vendidas ao governo tanzaniano por US$ 3,4 milhões (7,74 bilhões de xelins tanzanianos). O feito não apenas mudou a vida de Laizer, como também reforçou o valor estratégico da tanzanita — uma gema considerada mil vezes mais rara que o diamante e encontrada em apenas um lugar do planeta: a região de Mirerani, ao pé do Monte Kilimanjaro.
O garimpeiro que virou símbolo nacional
Saniniu Laizer era um pequeno minerador e fazendeiro, dono de mais de 2.000 cabeças de gado e pai de mais de 30 filhos.
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Sua rotina simples e o trabalho duro nas minas contrastavam com a magnitude da descoberta.
Ao identificar os blocos de tanzanita bruta, Laizer seguiu o protocolo e comunicou o achado ao governo, vendendo as gemas de forma oficial.
O então presidente John Magufuli parabenizou-o pessoalmente em rede nacional, elogiando sua honestidade e comprometimento.
O garimpeiro se tornou um herói popular, símbolo de que a mineração legal e transparente pode beneficiar os cidadãos comuns.
O contexto que tornou o achado possível
O sucesso de Laizer não foi apenas uma questão de sorte.
Em 2017, o governo da Tanzânia construiu um muro de 24 km ao redor das minas de Mirerani, com o objetivo de combater o contrabando de tanzanita e permitir que mineradores locais vendessem suas descobertas com segurança.
Essa política pública criou o cenário para que garimpeiros independentes, como Laizer, pudessem negociar diretamente com o Estado e receber integralmente o valor de suas pedras.
A descoberta das tanzanitas gigantes foi, portanto, também um resultado de políticas de incentivo e formalização da mineração artesanal.
Uma terceira descoberta e uma fortuna ainda maior
Poucas semanas após a primeira venda, Laizer encontrou uma terceira pedra de 6,3 kg, avaliada em cerca de US$ 2 milhões, elevando sua fortuna total para mais de US$ 5,5 milhões.
O novo achado consolidou seu nome como o maior descobridor de tanzanita da história e trouxe ainda mais atenção à região de Mirerani, agora reconhecida como um dos polos minerais mais importantes da África.
Com o lucro, Laizer prometeu não mudar seu estilo de vida. Em vez de luxo, investiu na comunidade, construiu uma escola para 600 crianças no distrito de Simanjiro e um shopping local para gerar empregos e impulsionar a economia.
Sua atitude foi elogiada por autoridades e transformou-o em um modelo de solidariedade e patriotismo.
O que torna a tanzanita tão valiosa
A tanzanita é uma das pedras preciosas mais raras do planeta, encontrada apenas em uma faixa de aproximadamente 7 km² no norte da Tanzânia.
Cientistas acreditam que as reservas podem se esgotar nas próximas duas décadas, o que aumenta seu valor e interesse no mercado internacional.
A pedra é conhecida pelo pleocroísmo, fenômeno que faz a cor mudar conforme o ângulo e a luz, variando entre tons de azul, violeta e verde.
Quanto mais intensa e pura a cor azul, maior o valor da gema.
Em 2025, tanzanitas de grau AAAA podem chegar a US$ 1.500 por quilate, enquanto diamantes de qualidade similar custam mais de US$ 5.000, porém, a raridade da tanzanita é incomparavelmente maior.
O peso da descoberta na economia local
A soma recebida por Laizer, US$ 3,3 milhões por pedra, equivale a mais de 4.600 anos da renda média anual de um cidadão tanzaniano.
O salário médio mensal no país gira em torno de US$ 200, o que torna o caso de Laizer uma exceção extraordinária.
A venda foi conduzida de forma pública e supervisionada pelo Ministério de Mineração da Tanzânia, o que garantiu total transparência.
O governo classificou o episódio como um marco da mineração ética e nacionalista, capaz de inspirar outros pequenos mineradores a seguir o mesmo caminho.
Tanzanita x diamante: uma comparação reveladora
Apesar de ser muito mais rara, a tanzanita ainda é subvalorizada em relação ao diamante.
Enquanto um diamante lapidado de 1 quilate pode custar entre US$ 3 mil e US$ 5 mil, uma tanzanita de qualidade superior alcança entre US$ 800 e US$ 1.500 por quilate.
A diferença está na escala de mercado e no controle de distribuição, grandes conglomerados dominam o comércio de diamantes, enquanto a tanzanita é explorada em pequena escala.
A descoberta de Laizer reacendeu o debate sobre o real valor da raridade no mercado de gemas.