A Petrobras vem diminuindo de forma significativa os seus investimentos no território nacional, principalmente nas refinarias de petróleo, e a FUP alertou para as consequências no cenário atual de dependência da importação de combustíveis no Brasil.
Os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção Federação Única dos Petroleiros — FUP) mostraram que a Petrobras marcou a menor presença nos investimentos do Brasil desde 2003. E, em meio a um cenário de alta nos preços dos combustíveis na quarta-feira, (13/07), a FUP alerta para a dependência do Brasil quanto à importação dos produtos causada pela falta de aplicações financeiras da estatal nas refinarias do país.
Petrobras está com baixa participação em investimentos no Brasil e mercado de combustíveis sofre com a necessidade de importação, alerta a FUP
A presença da Petrobras no número de investimentos no território nacional marcou o menor número desde o ano de 2003, de acordo com os levantamentos realizados pela FUP, e a empresa vem diminuindo fortemente a aplicação de capital no Brasil. Os dados da federação mostram que o recuo desses investimentos vem causando um déficit no abastecimento de combustíveis no Brasil e a necessidade de importação.
De acordo com os levantamentos da FUP, os investimentos totais da Petrobras no Brasil somaram R$ 9,2 bilhões entre janeiro e março deste ano. E, dentro desse valor total, cerca de R$ 7,2 bilhões foram destinados aos processos de exploração e produção de petróleo e gás natural, enquanto o refino ficou com uma fatia bem menor, de R$ 1,3 bilhão. Dessa forma, a baixa aplicação de investimentos no refino do petróleo no Brasil contribui para um déficit na produção de combustíveis derivados do produto.
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O resultado desses baixos investimentos já é visto no nível de produtividade de combustíveis no país, uma vez que a produção de refinados da Petrobrás durante o primeiro trimestre atingiu 1,73 milhão de barris por dia.
Apesar desse número parecer alto para o mercado nacional, ele ainda está abaixo do total de 1,85 milhão de barris diários de 2021. O principal combustível afetado pela falta de refinarias é o diesel, o qual possuiu uma produção média de janeiro a março de 2022, de 684 mil barris por dia, inferior aos 726 mil barris por dia de 2021.
FUP alerta para baixa participação da Estatal no FBCF e mostra consequências da falta de investimentos na dependência de importação de combustíveis
Além de comprovar a baixa produtividade de combustíveis no Brasil por parte da Petrobras, a FUP alertou para uma baixa participação da empresa no índice chamado Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital e mostra se a capacidade de produção está crescendo.
A presença da empresa no índice ficou em apenas 2,2% no primeiro trimestre deste ano, número bastante baixo em comparação com o ano de 2009, por exemplo, quando os investimentos da Petrobrás chegou a representar 11% do FBCF.
Esses dados foram apresentados com base nos estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a FUP aproveitou o levantamento para alertar quanto aos investimentos em refinarias de combustíveis no Brasil, uma vez que a empresa aplicou somente 10,5% do total de investimentos em 2021 nessas estruturas.
Assim, o economista do Dieese/FUP, Cloviomar Cararine, alertou para esse baixo número quanto ao capital total investido pela estatal: “É o mais baixo montante investido em refino da história da empresa, que, com isso, viu as importações brasileiras de combustíveis aumentarem significativamente”.
Dessa forma, a falta de investimentos nas refinarias do Brasil coloca o país em um cenário de forte dependência da importação de combustíveis como o diesel, o que não seria necessário, uma vez que o país é líder na exploração de petróleo e gás natural e possui um alto potencial de produção desses combustíveis.