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Fundador do Google defende semana de 72 horas no estilo chinês e diz que conforto está atrasando a inovação

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 07/10/2025 às 12:43
Eric Schmidt defende ritmo de 72 horas semanais e critica o home office, dizendo que conforto e equilíbrio atrasam a inovação tecnológica.
Eric Schmidt defende ritmo de 72 horas semanais e critica o home office, dizendo que conforto e equilíbrio atrasam a inovação tecnológica.
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Eric Schmidt, ex-CEO do Google, reacendeu o debate sobre produtividade e trabalho remoto ao elogiar a rotina “996” chinesa e dizer que o conforto e o equilíbrio pessoal estariam atrasando a inovação nas grandes empresas de tecnologia.

Eric Schmidt, ex-CEO e ex-chairman do Google, reacendeu o debate sobre trabalho remoto e produtividade ao citar a rotina “996” da China — 12 horas por dia, seis dias por semana — como referência de disciplina em tecnologia.

Em conversa recente divulgada pelo podcast All-In, ele afirmou que “trabalhar de casa não vai vencer em tecnologia” e que vencer exige “trocas” no equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Schmidt mira o “996” e critica o home office

Ao comparar o Vale do Silício com a China, Schmidt argumentou que empresas americanas perdem velocidade quando priorizam conforto, enquanto concorrentes asiáticos mantêm foco intenso em execução.

Segundo ele, a prática “996” — considerada ilegal na China, mas ainda influente na cultura corporativa — sintetiza a competitividade de quem “está do outro lado” da disputa.

“Lembre-se, estamos competindo com os chineses; o ‘work-life balance’ deles é 996”, disse.

Em sua avaliação, ambientes 100% remotos dificultam a formação de profissionais mais jovens, que deixam de absorver, presencialmente, discussões técnicas, referências e mentoria que acontecem no escritório.

Schmidt chegou a ironizar que quem busca estabilidade e rotina previsível deveria “trabalhar para o governo”, reforçando que, em tecnologia, a regra é correr atrás do resultado.

“Work from home won’t win in tech”: frase reacende a disputa cultural

Schmidt reiterou que “work from home won’t win in tech”, defendendo que a competição em inteligência artificial exige presença e ritmo acelerado.

Ele citou a própria experiência no início da carreira, quando dizia aprender ouvindo veteranos debaterem na Sun Microsystems, e questionou como replicar isso via videochamadas.

No centro da provocação está a ideia de que proximidade física encurta ciclos, resolve conflitos mais rápido e acelera decisões críticas.

Sergey Brin já havia proposto 60 horas para equipes de IA

Meses antes, Sergey Brin, cofundador do Google, enviou um recado interno às equipes de IA defendendo cerca de 60 horas semanais como “ponto ideal” de produtividade e presença “ao menos” em todos os dias úteis.

Brin associou a orientação à corrida por AGI e à necessidade de “turbinar” o ritmo de trabalho, o que gerou reação de especialistas que alertaram para riscos de burnout e queda de criatividade quando a carga se estende de forma contínua.

Embora a diretriz de Brin valesse sobretudo para grupos ligados ao Gemini e não para todo o quadro, a mensagem foi lida como sinal de que o Google elevou a temperatura na disputa com OpenAI e outros rivais.

A discussão, desde então, expôs um dilema conhecido em tecnologia: mais horas nem sempre significam melhor desempenho, principalmente em trabalhos de conhecimento que dependem de foco e qualidade de decisão.

Atrito antigo: do recuo de 2024 ao endurecimento de 2025

A crítica de Schmidt ao trabalho remoto não é nova.

Em 2024, ele atribuiu a perda de tração do Google frente a startups como OpenAI ao incentivo a “voltar para casa cedo” e à flexibilidade.

Depois, recuou e afirmou ter “se expressado mal”.

Em 2025, porém, retomou a linha dura ao dizer que, para “vencer”, será preciso aceitar menos conforto e mais presença — especialmente para quem está começando na carreira.

Competição EUA x China: AGI versus aplicações práticas

Na leitura de Schmidt, Estados Unidos e China disputam a liderança em IA por caminhos distintos.

Enquanto os americanos miram a AGI e projetos ambiciosos, a indústria chinesa estaria acumulando ganhos nas aplicações do dia a dia — de apps de consumo a robótica — apesar de restrições de chips e capital.

Para ele, esse foco prático, aliado a jornadas intensas e execução rápida, pode se traduzir em vantagem competitiva real.

Por que o escritório é visto como trunfo

Para o ex-executivo, a cultura de escritório funciona como ativo estratégico por quatro razões: acelera a cadência, favorece mentoria espontânea, facilita a negociação de impasses e aumenta o alinhamento de times sobre prioridades.

Nessas condições, diz, empresas aprendem e corrigem rumos com mais agilidade que estruturas dispersas.

Já o home office integral, segundo ele, dilui a transmissão informal de conhecimento crítico e atrasa decisões que dependem de leituras não verbais e de confiança construída no convívio.

Impactos internos e o debate sobre competitividade

As falas de Schmidt e Brin pressionam, direta ou indiretamente, políticas de retorno ao escritório e de carga de trabalho no Google e no setor.

A defesa de 72 horas semanais como referência competitiva — ao ecoar o “996” — acende alerta sobre limites legais, saúde mental e retenção de talentos num mercado em que engenheiros podem migrar para empresas com rotinas menos rígidas.

Do outro lado, entusiastas da presença física veem no contato diário a alavanca para reduzir retrabalho, integrar equipes e acelerar entregas em IA.

Enquanto a discussão segue, uma questão prática se impõe às Big Techs: é possível combinar ritmo alto e bem-estar sem abrir mão de vantagem competitiva?

A resposta tende a variar por área, maturidade do time e fase de produto, mas o recado de Schmidt é claro — em tecnologia, ele sustenta, conveniência tem custo e, na sua visão, os resultados cobram a conta.

Diante desse embate entre produtividade e qualidade de vida, qual deve ser a régua aceitável de horas e presença para que empresas de IA avancem sem exaurir suas equipes?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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