Enquanto o Sudeste e o Centro-Oeste atraem novos moradores, cinco estados enfrentam queda populacional, desemprego estrutural e fuga de jovens em busca de oportunidades.
O retrato demográfico recente do país revela um Brasil de contrastes. Enquanto alguns estados ampliam sua população com a expansão do agronegócio, da indústria e dos serviços, outros enfrentam um processo silencioso de esvaziamento. A migração interna, que há décadas move milhões de brasileiros em direção às regiões mais desenvolvidas, continua ativa e seus efeitos agora se concentram em estados que não conseguem reter seus habitantes.
Segundo dados regionais e projeções demográficas, Roraima, Rondônia, Acre, Alagoas e Piauí formam o grupo de cinco estados com saldo migratório negativo. Em comum, eles enfrentam infraestrutura precária, baixa diversificação econômica e dependência do setor público. A seguir, uma análise detalhada de cada caso e dos desafios que mantêm parte do país em processo de encolhimento populacional.
Roraima: o isolamento geográfico e a pressão migratória
No extremo norte do Brasil, Roraima é o estado menos populoso do país e um dos que mais sofre com a dificuldade de integração nacional. Apesar de ter uma área territorial ampla e rica em recursos naturais, sua infraestrutura viária e econômica é limitada.
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A capital Boa Vista, única cidade brasileira localizada integralmente ao norte da linha do Equador, concentra a maior parte da população estadual, deixando o interior com densidade quase nula.
As conexões com outros estados dependem principalmente da BR-174, frequentemente interrompida por chuvas e falhas logísticas.
Além disso, a crise migratória na fronteira com a Venezuela sobrecarrega os serviços públicos e acentua tensões sociais.
Mesmo com potencial turístico subaproveitado e vastas reservas naturais, Roraima segue com baixa capacidade de geração de empregos e forte dependência de repasses federais.
O resultado é a fuga de jovens qualificados e uma economia ainda estagnada.
Rondônia: o ciclo interrompido da fronteira agrícola
Durante as décadas de 1970 e 1980, Rondônia foi um símbolo da expansão da fronteira amazônica, atraindo milhares de famílias em busca de terras férteis.
No entanto, após o auge do ciclo de colonização, o estado passou a enfrentar estagnação econômica e perda populacional gradual.
Embora Porto Velho mantenha relativa estrutura urbana, boa parte do território é composta por cidades médias e pequenas com infraestrutura deficiente.
A dependência quase exclusiva da agropecuária especialmente da pecuária e da produção de grãos expõe o estado às variações de mercado e à falta de diversificação produtiva.
Além disso, conflitos agrários, desmatamento intenso e ausência de polos industriais limitam a atração de novos investimentos. A falta de universidades e centros tecnológicos também leva muitos jovens a migrar para regiões mais desenvolvidas.
Acre: o peso do isolamento e a economia pouco diversificada
O Acre é um dos estados mais isolados do país. Cercado por floresta e distante dos grandes centros urbanos, depende de rodovias que frequentemente ficam intransitáveis durante o período de chuvas.
Essa limitação encarece produtos, reduz a competitividade e restringe o crescimento de setores produtivos.
Com baixa densidade populacional e economia baseada no serviço público, o estado tem pouca presença industrial e reduzida participação de empresas privadas.
O setor agropecuário ainda é pouco mecanizado, e o comércio opera em escala restrita.
Embora o Acre preserve uma das maiores biodiversidades do planeta, sua geografia e dependência orçamentária federal impedem o desenvolvimento de uma infraestrutura robusta.
O resultado é um êxodo constante de jovens e profissionais qualificados, especialmente em direção ao Amazonas e a Rondônia.
Alagoas: desigualdade, insegurança e dependência histórica
No Nordeste, Alagoas ocupa posição delicada: é um dos menores estados do país, mas figura entre os que têm maior índice de pobreza e desigualdade social.
O turismo impulsiona a economia da capital, Maceió, mas o interior permanece marcado pela precariedade de serviços e oportunidades.
Grande parte da atividade econômica ainda depende do setor público e do agronegócio tradicional, especialmente o sucroalcooleiro.
A ausência de polos industriais e tecnológicos restringe a criação de empregos qualificados, enquanto a violência urbana e a insegurança continuam sendo barreiras à fixação de famílias e investimentos.
Desde o século passado, Alagoas apresenta saldo migratório negativo, com sucessivas gerações deixando o estado em busca de melhores condições no Sudeste e em outras capitais nordestinas.
Piauí: o estado que mais perde população no país
Entre todos, o Piauí é o que mais sofre com o êxodo populacional. Localizado no coração do Nordeste, o estado convive há décadas com baixo dinamismo econômico e industrialização limitada.
A economia gira em torno da agropecuária, da administração pública e de serviços concentrados em Teresina, enquanto o interior permanece dependente de programas sociais e repasses federais.
As desigualdades regionais profundas comprometem o acesso à educação, saúde, saneamento e emprego.
Com poucas perspectivas locais, milhares de piauienses continuam migrando para São Paulo, Goiás e Distrito Federal, perpetuando o ciclo de evasão.
Mesmo com avanços recentes em infraestrutura e educação, o Piauí ainda enfrenta dificuldades para reter sua população jovem um desafio que ameaça o equilíbrio demográfico e o desenvolvimento de longo prazo.
Os cinco estados representam a face mais vulnerável do Brasil desigual, em que a geografia, a estrutura econômica e a concentração de investimentos determinam o destino de milhões de brasileiros.
O esvaziamento populacional nessas regiões reforça a necessidade de políticas de integração regional, inovação produtiva e descentralização de oportunidades.
Sem estímulo à economia local e sem melhoria na infraestrutura, a tendência é que o ciclo migratório se repita, ampliando as disparidades entre Norte, Nordeste e o restante do país.
Você acredita que políticas regionais mais fortes poderiam reverter o êxodo populacional desses estados? Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate sobre o futuro da população brasileira.



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