Esquema de fraude com isenção de IPVA no Distrito Federal atrai motoristas de Goiás e causa prejuízo de R$ 10 milhões. A Operação Quíron revela como concessionárias e despachantes orientaram falsos registros.
A isenção do IPVA no Distrito Federal foi criada para impulsionar a mobilidade sustentável e estimular a compra de veículos elétricos e híbridos. No entanto, o benefício virou alvo de irregularidades, como noticiado neste domingo, 21/09. Proprietários de Goiás registraram automóveis em Brasília de forma indevida, aproveitando-se da vantagem fiscal e deixando de pagar o imposto em seu estado de origem.
De acordo com a Secretaria da Economia de Goiás, a prática resultou em um rombo superior a R$ 10 milhões. Caso o esquema não tivesse sido desarticulado, as perdas poderiam chegar a R$ 100 milhões até 2027.
Operação Quíron desmonta rede de registros falsos
A fraude de IPVA no Distrito Federal foi alvo da Operação Quíron, realizada pela Polícia Civil de Goiás em conjunto com a Secretaria da Economia. Durante as apurações, ficou evidente que concessionárias e despachantes goianos instruíram clientes a registrar veículos em Brasília.
-
CNH na mira: bicicletas elétricas ganham espaço e exigem atenção redobrada às regras do trânsito no Brasil
-
Empresa revela extensor que pode elevar a autonomia de veículos elétricos a até 1.350 km, reduzindo tempo de recarga e garantindo conforto térmico
-
Panasonic planeja bateria 25% mais potente para veículos elétricos com tecnologia sem ânodo até 2027
-
Stellantis abandona a disputa dos veículos elétricos contra empresas chinesas: nova estratégia deve apostar em modelos híbridos
O delegado Alexandre Alvim destacou que a manobra ganhou força nas redes sociais e em fóruns online. Motoristas trocavam dicas sobre como utilizar endereços falsos ou inidôneos para garantir a isenção. Assim, o que deveria ser uma política ambiental virou brecha para evasão fiscal organizada.
As investigações revelaram que muitos carros foram comprados em concessionárias de Goiás e, logo em seguida, transferidos para o Distrito Federal. Para validar o registro, motoristas apresentavam comprovantes de residência irregulares, o que permitia acessar o benefício de forma fraudulenta.
Agora, os proprietários notificados terão que arcar com o IPVA retroativo, além de uma multa de 100% sobre o valor devido. Também será obrigatória a transferência dos veículos de volta ao estado de origem. Aqueles que não regularizarem a situação poderão ter os débitos protestados e enfrentar processos por crime contra a ordem tributária.
Impacto fiscal e riscos de desequilíbrio regional
O avanço da frota elétrica em Goiás tornou o combate a esse tipo de fraude ainda mais urgente. A prática não apenas reduz a arrecadação estadual, mas também gera desequilíbrio fiscal entre Goiás e o Distrito Federal. Enquanto alguns motoristas se beneficiam indevidamente, outros continuam pagando o imposto corretamente, o que levanta debates sobre justiça tributária e concorrência desleal.
Sem a cooperação efetiva entre os estados e sistemas de fiscalização mais robustos, esquemas semelhantes podem persistir. A Operação Quíron mostrou que a fiscalização precisa ser constante para evitar que brechas legais transformem políticas de incentivo em atalhos para sonegação.