Com dívida recorde, França propõe imposto inédito: cidadãos ricos que deixarem o país poderão continuar pagando tributos por até 10 anos após a mudança, seguindo modelo dos EUA.
Em meio a uma das maiores crises fiscais da União Europeia, o governo francês estuda uma medida inédita que pode mudar completamente a forma como o país lida com seus cidadãos ricos que decidem morar fora. A proposta, revelada em outubro de 2025 pelo The Telegraph e confirmada por portais especializados em direito tributário internacional como o IMI Daily e a consultoria BDO Global, prevê que franceses com alta renda continuem pagando impostos à França por até dez anos depois de se mudarem.
França quer seguir o modelo dos Estados Unidos
A iniciativa faz parte de uma tentativa do governo de Paris de conter a evasão fiscal e equilibrar uma dívida pública que já ultrapassa € 3,3 trilhões, o equivalente a 114% do PIB.
O ministro da Economia, Bruno Le Maire, admitiu que o país busca “formas mais justas” de arrecadação diante da crescente saída de grandes fortunas para destinos de tributação mais leve, como Portugal, Emirados Árabes e Suíça.
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Segundo o The Telegraph, a medida foi inspirada no modelo norte-americano, que exige que cidadãos dos Estados Unidos continuem pagando impostos mesmo residindo no exterior, um sistema conhecido como “taxação universal”.
A proposta francesa — apelidada de “imposto de cidadania” — seguiria o mesmo princípio, exigindo contribuições de franceses com renda anual superior a € 235 mil que se mudarem para países com carga tributária pelo menos 40% inferior à da França.
O que dizem os especialistas e as consultorias fiscais
Relatórios de consultorias como a BDO Global e a PwC France mostram que a França já possui um regime tributário severo para expatriados, chamado de exit tax, que incide sobre ganhos de capital não realizados quando o contribuinte transfere residência fiscal para o exterior.
Essa taxação, segundo a legislação vigente, já se aplica em alguns casos por até 15 anos após a mudança, especialmente quando o Fisco considera que houve tentativa de fuga de patrimônio.
Com a nova proposta, porém, a cobrança se tornaria mais ampla e duradoura, atingindo também parte da renda regular e investimentos realizados fora do território francês.
Na prática, quem se mudar para países de baixa tributação poderia continuar sendo fiscalizado e obrigado a contribuir com o Tesouro francês por até uma década.
“O objetivo é evitar que milionários transfiram a residência apenas para fugir de impostos. A França quer garantir que quem enriqueceu no país continue contribuindo com ele por um período mínimo”, explicou um consultor ouvido pelo IMI Daily.
Reação da população e riscos de fuga de capitais
A proposta ainda não virou lei e deve passar por debates no Parlamento francês nos próximos meses. Entretanto, a ideia já provocou polêmica entre economistas e empresários, que consideram a medida uma “caça aos ricos” e alertam para o risco de fuga ainda maior de capitais e empresas.
O setor financeiro teme que uma tributação de longo prazo sobre expatriados afaste investimentos estrangeiros e dificulte a mobilidade internacional de profissionais franceses.
Já o governo argumenta que o sistema é necessário para garantir justiça fiscal e financiar serviços públicos em meio à desaceleração econômica e ao aumento das despesas sociais.
Entenda o contexto econômico por trás da medida
Nos últimos anos, a França tem enfrentado um desequilíbrio orçamentário crescente, agravado por aumentos de gastos com previdência e energia.
O déficit público ultrapassou 5,5% do PIB em 2024, e as tentativas de cortes foram amplamente rejeitadas por sindicatos e pela oposição.
Com as pressões internas e a necessidade de reduzir a dívida, a taxação de expatriados virou uma das principais apostas do governo para reforçar a arrecadação, medida que coloca a França entre as poucas nações do mundo dispostas a seguir o rigor tributário dos Estados Unidos.
Uma tendência global?
Especialistas em direito tributário internacional afirmam que, se a proposta for aprovada, a França poderá abrir precedente para outros países europeus adotarem políticas semelhantes.
Com o avanço das plataformas digitais e do trabalho remoto, governos têm encontrado dificuldade em tributar fortunas e rendas que circulam fora de suas fronteiras.
A ideia de um “imposto universal direcionado” — como vem sendo chamado pela imprensa francesa — reflete uma mudança de paradigma: os governos querem tributar não apenas onde o cidadão vive, mas onde ele construiu seu patrimônio.



A esquerda só funciona com o dinheiro dos outros. Não sabe gerar renda, investe impostos em assistência e em empregos para amigos que não ajudam nada a retornar o investimento. Um dia a gordura acaba…