Fóssil raro de tartaruga gigante é achado no Acre por equipe da Ufac e pode ajudar a entender a fauna amazônica do passado
Uma descoberta feita às margens do Rio Acre chamou a atenção de pesquisadores brasileiros. Um fóssil de tartaruga gigante foi encontrado por uma equipe da Universidade Federal do Acre (Ufac) e instituições de São Paulo. O achado pode contribuir para entender melhor a fauna da Amazônia há milhões de anos.
Fóssil de milhões de anos
O fóssil é de uma tartaruga da espécie Stupendemys geographicus. Ela viveu durante o período Mioceno, que vai de cerca de 23 milhões a 5,3 milhões de anos atrás.
Segundo os pesquisadores, essa tartaruga habitava a região amazônica entre 13 e 7 milhões de anos atrás.
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A descoberta aconteceu na localidade conhecida como Boca dos Patos, no município de Assis Brasil. A área fica dentro da Terra Indígena Cabeceira do Rio Acre, na fronteira entre o Brasil e o Peru. A equipe chegou ao local no dia 17 de junho e permanece na região.
Deslocamento difícil e resgate do fóssil
O nível do Rio Acre está abaixo dos três metros, o que dificulta o acesso. A viagem até a área de escavação leva cerca de cinco horas e é feita por barco e carro. Após a remoção, o fóssil foi levado para um acampamento improvisado próximo ao local.
A tentativa de transportar o fóssil em uma caminhonete falhou por causa do tamanho e do peso. Os pesquisadores agora aguardam um caminhão da Ufac para transportar a peça até a capital, Rio Branco.
Importância científica
O coordenador da expedição e professor da Ufac, Carlos D’Apolito Júnior, destacou a relevância do achado. “Nunca foi visto [um fóssil] assim tão grande, tão bem preservado“, afirmou. Ele explicou que o material será essencial para entender a paleontologia da região.
Ainda não foi possível medir ou pesar o fóssil, mas se sabe que essa espécie de tartaruga podia atingir mais de três metros de comprimento. Segundo o professor, trata-se da maior tartaruga de água doce que já existiu.
Outras descobertas da mesma espécie
A Stupendemys geographicus não é uma novidade total para a ciência. Os primeiros registros da espécie datam da década de 1970.
Em 2020, pesquisadores encontraram um casco de três metros no deserto de Tatacoa, na Colômbia, e outro fóssil na Venezuela. Um osso da mandíbula também foi encontrado e deu pistas sobre a alimentação do animal.
O paleontólogo Edson Guilherme, da Ufac, informou que o novo fóssil será estudado no laboratório da universidade.
“Só existe uma carapaça completa descoberta na Venezuela. A outra descobrimos nesta expedição. Infelizmente, só estava a metade da carapaça“, explicou. Com base no que foi encontrado, os cientistas esperam estimar o tamanho do animal.
Projeto de pesquisa em rios remotos
A expedição faz parte do projeto “Novas fronteiras no registro fossilífero da Amazônia Sul-ocidental“. A iniciativa é financiada por três instituições: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Fapac (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre) e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O objetivo é realizar expedições em rios pouco explorados da região amazônica, especialmente no Acre. A intenção é encontrar e coletar fósseis de forma sistemática em áreas remotas.
Equipe multidisciplinar envolvida
A escavação no Acre contou com pesquisadores da Ufac, da USP de Ribeirão Preto e da Unicamp. Participaram Carlos D’Apolito, Ighor Mendes, Adriana Kloster, Francisco Ricardo Negri e Edson Guilherme, pela Ufac.
Da USP e Unicamp, estiveram Karina Alencar, Edson Jorge Pazini, Gabriel Barbosa, Annie S. Hsiou e Alessandro Batezzeli.
O fóssil, que já está em segurança no acampamento, será analisado nos próximos meses. A expectativa é que os estudos tragam novas respostas sobre a fauna que habitava a região amazônica há milhões de anos.
Com informações de G1.