País europeu amplia arsenal com caças, tanques e sistemas antiaéreos em resposta direta à escalada militar russa.
A Polônia anunciou em setembro de 2025 um investimento recorde de US$ 35 bilhões (cerca de R$ 190 bilhões) para transformar suas forças armadas. Essa decisão foi tomada após a invasão de drones russos em 10 de setembro e a realização dos exercícios militares Zapad-2025 pela Rússia e Belarus.
Assim, a medida coloca o país como uma das maiores potências militares da Europa, sobretudo com o apoio estratégico dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
Modernização das forças armadas
Em 11 de setembro, durante discurso em uma base aérea de Lask, o primeiro-ministro Donald Tusk anunciou que a Polônia receberá, já em 2026, os primeiros caças F-35 norte-americanos. O pedido contempla 32 aeronaves, e a entrega será concluída até 2030.
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Além disso, Tusk destacou: “a Polônia cumprirá suas obrigações com a Otan”, reforçando o compromisso com a segurança coletiva. Ao mesmo tempo, o país avança em compras de tanques, helicópteros de ataque Apache e sistemas de defesa antiaérea Patriot.
Incursão de drones no espaço aéreo
Na madrugada de 10 de setembro de 2025, 19 drones russos foram detectados em território polonês durante ataques contra a Ucrânia. O Ministério do Interior confirmou que 16 drones caíram em diferentes regiões.
Por causa disso, a resposta ocorreu de forma imediata. Caças F-16 poloneses, F-35 holandeses, aviões de vigilância AWACS italianos e aeronaves de reabastecimento da Otan entraram em ação. Diante do incidente, Varsóvia acionou o Artigo 4 da Otan, usado em situações de ameaça direta.
Tusk classificou a invasão aérea como “uma provocação em larga escala”. Já em 11 de setembro, a Polônia restringiu o tráfego aéreo no leste até 9 de dezembro e anunciou que o Conselho de Segurança da ONU discutiria o caso em reunião de emergência.
Zapad-2025 aumenta tensão regional
No dia 12 de setembro de 2025, Rússia e Belarus iniciaram os exercícios militares Zapad-2025, mobilizando 13 mil soldados em áreas próximas à fronteira polonesa. As manobras incluíram simulações com armas nucleares e com o míssil hipersônico Oreshnik.
Contudo, a Otan contestou os números apresentados por Moscou, afirmando que o Kremlin divide grandes operações em manobras menores para escapar das regras do Documento de Viena, que exige notificação para exercícios acima de 9.000 militares.
Portanto, a Polônia respondeu com a mobilização de 30 mil soldados nas fronteiras com Belarus e Kaliningrado, conforme declarou o vice-ministro da Defesa, Cezary Tomczyk, à emissora Polsat News. Além disso, Tusk anunciou o fechamento de passagens de fronteira com Belarus, inclusive ferroviárias, por razões de segurança nacional.
Escalada militar desde 2014
Essa ofensiva é parte de um processo iniciado em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia. Naquele momento, Varsóvia entendeu que precisava ampliar rapidamente sua capacidade de defesa.
Desde então, o país dobrou o efetivo das forças armadas para mais de 200 mil militares e triplicou o orçamento militar em termos reais. Atualmente, a Polônia ocupa a terceira posição em número de militares da Otan, atrás apenas dos Estados Unidos e da Turquia.
Conforme o jornal britânico The Economist, apenas Reino Unido, França e Alemanha gastam mais em valores absolutos. Entretanto, a Polônia lidera quando se observa o percentual do PIB destinado à defesa.
Alianças estratégicas e compras bilionárias
Nos últimos anos, a Polônia firmou acordos com Estados Unidos e Coreia do Sul, totalizando mais de US$ 60 bilhões em aquisições militares. Entre os itens adquiridos estão tanques sul-coreanos K2, obuses K9 e sistemas de foguetes de lançamento múltiplo.
Para o ex-ministro da Defesa, Mariusz Błaszczak, essa postura representa um recado direto ao Kremlin: “Não haverá país mais forte na Europa em artilharia e tropas blindadas”.
Além disso, o atual ministro da Defesa e vice-premiê, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, afirmou ao The Economist que não investir na segurança seria “um fracasso histórico e trágico” diante das ameaças vindas do leste europeu.
O futuro militar da Polônia
Com todos esses investimentos, a Polônia deixa para trás o posto de nação secundária no campo da defesa e se consolida como um dos principais pilares militares da Otan no continente europeu.
Dessa forma, o país aposta em modernização tecnológica, reforço de fronteiras e alianças estratégicas para enfrentar possíveis ameaças russas e garantir sua soberania.
Entretanto, diante de gastos tão elevados, surge uma dúvida inevitável: até que ponto a Polônia conseguirá manter esse ritmo sem comprometer sua economia interna?