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Forças Armadas do Brasil veem risco em atritos com os EUA, que podem comprometer acesso a armas avançadas e tecnologias

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 18/08/2025 às 10:30
Atualizado em 20/08/2025 às 14:26
Forças Armadas
Foto: Reprodução
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Militares brasileiros avaliam com cautela a relação com Washington, temendo que instabilidade política afete compras de armamentos e projetos estratégicos. Entenda como isso pode impactar o Brasil a longo prazo

Os Estados Unidos mantêm um dos maiores programas de transferência de armamentos do mundo, o Foreign Military Sales (FMS). Criado para fortalecer Forças Armadas aliadas, o projeto movimentou mais de US$ 80 bilhões em 2023.

O Brasil está entre os países que mais se beneficiam, adquirindo desde aviões de transporte até mísseis de com técnologia de última geração.

O sistema permite que governos parceiros comprem equipamentos novos ou de segunda linha por preços mais acessíveis.

Além disso, inclui treinamento, suporte logístico e capacitação técnica. Para as Forças Armadas brasileiras, que mantêm laços históricos com Washington, o programa é considerado crucial.

Equipamentos e capacitação

Nos últimos anos, o Brasil adquiriu pelo FMS veículos blindados, sistemas navais, componentes para caças F-5, tecnologias de comunicação e até ferramentas de guerra eletrônica.

Helicópteros Black Hawk, e componentes automotivos foram obtidos por esse mecanismo.

Grande parte da frota naval brasileira também utiliza motores e equipamentos de navegação baseados em tecnologia dos Estados Unidos.

No caso específico da Marinha, tanto o PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos) quanto o PNM (Programa Nuclear da Marinha) também necessitam de tecnologia dos EUA.

Para especialistas, o FMS permite ao Brasil modernizar nossas Forças Armadas e acessar tecnologias dde ponta que aumentam a capacidade brasileira de resposta e dissuasão.

Sombra da política

Segundo a CNN Brasil, apesar da parceria consolidada, cresce a preocupação com o clima político entre Brasília e Washington.

Autoridades militares brasileiras observam com atenção o cenário, temendo que desentendimentos possam afetar diretamente o fluxo de equipamentos e tecnologia.

O risco não é apenas teórico.

Sanções dos EUA contra o Brasil poderiam atingir projetos estratégicos da base industrial de defesa, considerados vitais para o país.

Principais aquisições via FMS

Helicóptero UH-60 Black Hawk do Exército Brasileiro

Em maio de 2024, o Departamento de Estado norte-americano autorizou a venda de 12 helicópteros UH-60M Black Hawk para o Brasil.

O pacote incluiu motores, rádios de comunicação, sistemas de navegação inercial e apoio logístico completo.

O valor da negociação foi estimado em 950 milhões de dólares, consolidando o Black Hawk como peça central da aviação do Exército brasileiro em operações de transporte e apoio tático.

Outro reforço importante veio em março de 2025. Após autorização prévia em 2022, o governo brasileiro confirmou a compra de até 222 mísseis antitanque FGM-148 Javelin, além de 33 lançadores portáteis.

O contrato também prevê treinamento, simuladores e suporte logístico integrado. O sistema, usado em combates recentes por forças da Otan, é considerado um dos mais eficazes do mundo contra blindados modernos.

A Marinha do Brasil também foi contemplada com novas capacidades. Em 2020, Washington aprovou a venda de 22 kits de conversão para torpedos Mk 54, tecnologia que permite atualizar modelos antigos Mk 46.

O acordo incluiu treinamentos, exercícios e peças de manutenção, ampliando a capacidade de guerra antissubmarino da frota nacional.

O fator imprevisível

A principal incerteza está na política. Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto o ex-presidente Donald Trump são vistos como figuras de decisões imprevisíveis.

Uma mudança brusca de postura poderia reconfigurar a relação de confiança que sustenta o FMS.

Para os militares brasileiros, esse risco precisa ser monitorado de perto.

Afinal, embora o programa já tenha fortalecido as Forças Armadas com equipamentos modernos, sua continuidade depende da estabilidade diplomática entre os dois países.

O Brasil segue recebendo armamentos e assistência dos EUA, consolidando-se como parceiro estratégico.

Mas, em um cenário internacional marcado por tensões, a dependência tecnológica é motivo de alerta.

História do Foreign Military Sales (FMS)

O Foreign Military Sales (FMS) é um dos principais programas criados pelos Estados Unidos para a exportação de equipamentos militares a países aliados.

Sua origem está ligada ao período da Guerra Fria, quando Washington buscava consolidar influência política e estratégica ao redor do mundo, oferecendo não apenas armamentos, mas também suporte logístico, treinamento e manutenção.

A base legal do programa surgiu com a Lei de Assistência Externa de 1961, que autorizava o governo norte-americano a fornecer ajuda militar a nações consideradas estratégicas.

Nos anos seguintes, o mecanismo foi estruturado e ampliado, consolidando-se como um modelo de vendas organizadas diretamente entre o Departamento de Defesa dos EUA e governos estrangeiros, sem intermediação de empresas privadas.

Isso garante maior controle político sobre os contratos e permite que os equipamentos sejam fornecidos em condições diferenciadas.

Durante as décadas de 1960 e 1970, o FMS se tornou essencial para fortalecer países parceiros da Otan e aliados na Ásia e no Oriente Médio.

Nesse período, nações como Israel, Coreia do Sul, Japão e Arábia Saudita se tornaram grandes compradores, recebendo caças, tannques, sistemas de defesa aérea e navios de guerra. O objetivo norte-americano era claro: conter a expansão da União Soviética e padronizar equipamentos entre forças que poderiam atuar em conjunto em eventuais conflitos.

Com o passar do tempo, o programa cresceu em escala e valores. Além da venda de equipamentos novos, o FMS passou a incluir estoques excedentes das Forças Armadas dos EUA, muitas vezes a preços reduzidos.

Também incorporou pacotes de suporte mais completos, que abrangem treinamento de tropas, fornecimento de peças de reposição, assistência técnica e modernização de sistemas já em operação.

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Wagner Garcia Monteiro
Wagner Garcia Monteiro
24/08/2025 11:45

Nós brasileiros temos que acordar, quando formos votar estarmos atentos para a proposta do nosso candidato para as forças armadas. Essa que está aí não nos serve. Forças armadas que se submete a outra nação, que se presta a atentar contra seu próprio povo, que se satisfas com material de 2ª linha imposto por outro país, como já disse nāo nos serve. Custa muito Caro, o Brasil é muito maior que esse Bando de **** lambe botas de americanos. TEMOS QUE FAZER UMA REFORMA NAS ESCOLAS, ACADEMIAS DE FORMAÇÃO DESSES ****. FAZÊ-LOS A RESPEITAR QUEM OS PAGA COM SEUS IMPOSTOS. RESPEITAR E PROTEGER O BRASIL.

Aguinaldo Valdevino Torres
Aguinaldo Valdevino Torres
21/08/2025 00:27

Faz vergonha as forças armadas do Brasil serem submissas ãs dos EUA; elasandam até na programação das rádios do EB e da MB, fazendo com que estas emissoras toquem mais músicas americanas, desprestigiando nossa cultura musical brasileira.

Cesar
Cesar
20/08/2025 17:47

O que me preocupa, muito, é o fato de as FA não terem e entendido que o nosso principal inimigo potencial são os EUA…
Quando irão desmamar? Essa dependência quase subserviente, para dizer o mínimo, não é nada boa.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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