Calotropis procera, conhecida como flor-cera, surge como solução sustentável para vazamentos de petróleo no Nordeste brasileiro. Pesquisadores revelam sua capacidade de absorção, superando absorventes sintéticos.
A Calotropis procera, também conhecida por vários nomes populares, incluindo: flor-cera, bombardeira e saco-de-velho. Segundo alguns estudos, essa flor tem se destacado no cenário ambiental brasileiro como uma solução eficiente para combater vazamentos de petróleo no Nordeste. Originária da África e Ásia, essa planta chegou ao Brasil no século XIX e, desde então, tem prosperado, especialmente na região nordestina.
Flor-Cera: Uma alternativa sustentável para contenção de vazamentos de petróleo
Um estudo recente conduzido por pesquisadores brasileiros revelou que a fibra natural da flor-cera possui notável capacidade de absorção de petróleo.
Segundo os resultados, 1 grama dessa fibra consegue remover 76 gramas de petróleo, enquanto a fibra modificada pode absorver mais de 180 gramas, superando a eficiência dos absorventes comerciais sintéticos disponíveis no mercado.
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Os vazamentos de petróleo são considerados problemas ambientais gravíssimos, ameaçando a vida marinha ao contaminar o plâncton e outros organismos que constituem a base da cadeia alimentar.
Além disso, esses vazamentos podem resultar em sufocamento, intoxicação e perda de isolamento térmico em animais de diversas espécies, tornando o ambiente tóxico.
O Brasil enfrentou um dos piores episódios em setembro de 2019, quando extensas manchas de óleo atingiram as praias do Nordeste.
Investigações na época revelaram que o derramamento foi causado por um petroleiro grego.
Com tecnologias limitadas, os moradores locais uniram esforços para limpar as praias contaminadas.
Estudo revela a capacidade da Calotropis procera na absorção de petróleo
Em um artigo para a plataforma The Conversation, o cientista Raoni Batista dos Anjos, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), destacou algumas formas de remediar vazamentos de petróleo.
Dentre eles: a queima in-situ, biorremediação e recuperação mecânica, esta última sendo exemplificada pela planta flor-cera.
Anjos enfatiza que a recuperação mecânica é a técnica mais comum e eficaz para a remoção de óleo resultante de vazamentos, sem causar poluição secundária.
Atualmente, a preferência está voltada para o desenvolvimento de materiais absorventes de óleo à base de fibras vegetais e resíduos agrícolas.
Além da flor-cera, a palha de milho, fibra de sumaúma, casca de arroz e serragem têm sido consideradas opções biodegradáveis que não agravam o impacto ambiental.
Os estudos sobre a flor-cera, iniciados com a tese de doutorado da pesquisadora Larissa Sobral Hilário, da UFRN, em 2019, continuam avançando.
Uma pesquisa recente, publicada na revista BioResources e liderada pelo cientista Raoni Batista dos Anjos, descreve um experimento no qual a fibra natural foi quimicamente modificada, resultando em uma notável capacidade de absorção de petróleo.
Os pesquisadores defendem que a planta, abundante e fácil de cultivar no Brasil, pode ser uma opção viável para a produção em escala industrial de absorventes, com potencial aplicação em substâncias oleosas diversas.