Fintechs cobram até três vezes menos juros no cartão de crédito que bancos tradicionais. Diferença expõe custo abusivo e pressiona mercado por mudanças.
O avanço das fintechs no mercado de cartões de crédito não se deve apenas à tecnologia ou à experiência do usuário, mas também à oferta de condições financeiras significativamente mais vantajosas. Dados recentes da pesquisa “Fintechs de Crédito Digital 2025”, realizada pela PwC, revelam que as taxas anuais cobradas no crédito rotativo pelas fintechs caíram de 242% para 167%, enquanto nos bancos tradicionais subiram para 451%.
Essa diferença de quase três vezes no custo do crédito expõe um problema estrutural no mercado brasileiro: a manutenção de taxas extremamente elevadas mesmo com a taxa básica de juros (Selic) em queda.
A disparidade nas taxas — números que chamam atenção
O rotativo do cartão de crédito é acionado quando o cliente não paga a fatura integral, e sua taxa de juros é a mais alta entre todas as modalidades de crédito no país. A pesquisa aponta que enquanto as fintechs vêm reduzindo as taxas para atrair e fidelizar clientes, os bancos tradicionais seguem ampliando os custos, aproveitando a inércia de consumidores que não migram para novas opções.
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No crédito parcelado, outra modalidade relevante, a diferença também é expressiva: fintechs praticam juros médios de 96% ao ano, contra 183% ao ano nas instituições tradicionais.
Por que as fintechs conseguem cobrar menos?
A vantagem competitiva das fintechs está ligada a alguns fatores-chave:
- Estrutura mais enxuta: sem a rede física pesada dos bancos tradicionais, o custo operacional é menor.
- Uso intensivo de tecnologia: automação de processos e análise de dados reduzem riscos e custos.
- Foco em nichos específicos: atendem segmentos com perfil de crédito mais controlado.
Além disso, muitas fintechs oferecem limites mais ajustados ao perfil de consumo e programas de fidelidade que incentivam o pagamento integral da fatura, reduzindo a exposição ao rotativo.
O custo abusivo do mercado tradicional
Mesmo com custos operacionais mais altos, especialistas apontam que as taxas praticadas pelos bancos tradicionais são desproporcionais, sustentadas por um modelo de negócio que depende da rentabilidade gerada pela inadimplência. Essa dinâmica mantém milhões de brasileiros presos a dívidas caras e de difícil quitação.
A diferença de preços, somada à percepção de que os bancos não repassam ao consumidor os benefícios da queda da Selic, aumenta o apelo das fintechs como alternativa para quem busca crédito mais barato.
Efeitos para o consumidor e para o mercado
A competição imposta pelas fintechs pressiona os bancos a reverem suas políticas de crédito. Se a tendência de migração continuar, a expectativa é de que haja maior alinhamento nas taxas nos próximos anos.
Para o consumidor, a mensagem é clara: pesquisar e comparar opções pode representar uma economia significativa, evitando cair na armadilha de juros abusivos que corroem o orçamento e dificultam a saída do endividamento.
A disputa entre fintechs e bancos tradicionais no segmento de cartões de crédito está longe de ser decidida. O ritmo de inovação das fintechs é rápido, mas o poder de mercado dos grandes bancos ainda é dominante. A grande questão é: até quando os consumidores aceitarão pagar quase três vezes mais por um serviço que já possui alternativas mais baratas e eficientes?