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Finlândia investe em biocombustível revolucionário que pode substituir o carvão

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 30/11/2024 às 18:31
carvão
Foto: Reprodução

A Finlândia está liderando iniciativas sustentáveis com investimentos em biocombustíveis com carbono negativo, uma solução promissora para substituir o carvão e reduzir emissões.

Uma transformação silenciosa está acontecendo na Finlândia. O país europeu investiu muito na maior fábrica de torrefação do continente, que está prestes a entrar em operação, prometendo mudar o futuro dos combustíveis e do carvão.

Capaz de produzir 60 mil toneladas por ano de briquetes (blocos compactados feitos a partir de materiais residuais), NextFuel, a fábrica representa um avanço na busca por alternativas energéticas mais limpas e sustentáveis.

A torrefação, processo térmico que converte biomassa em uma substância parecida com carvão, está ganhando importância como uma solução viável para indústrias intensivas em energia, como a de cimento, geração elétrica e até mesmo o setor aéreo.

O momento não poderia ser mais oportuno. Com o término da COP29, realizada na semana passada, e o Brasil no centro das discussões para 2025, o mundo volta os olhos para alternativas que reduzam as emissões de carbono.

O papel da Torrefação na Redução de Emissões – Vai substituir o carvão?

A urgência em encontrar substitutos ao carvão nunca foi tão grande. O consumo global dessa fonte fóssil atingiu um recorde de 8,7 bilhões de toneladas no último ano, mostrando que a transição para fontes limpas ainda é um desafio.

Para Wei-Hsin Chen, pesquisador da Universidade Nacional Cheng Kung, de Taiwan, a torrefação é promissora porque oferece combustíveis que podem ser usados na infraestrutura já existente, facilitando a substituição do carvão sem grandes investimentos.

Esse potencial chamou a atenção de empresas como a NextFuel, um consórcio escandinavo-austríaco que, desde 2016, desenvolve tecnologias para tornar os biocombustíveis viáveis em larga escala. “Para competir com o carvão, é necessário ser escalável, lucrativo e próximo em conteúdo energético”, explica Audun Sommerli Time, cofundador da NextFuel.

Segundo ele, os briquetes produzidos pela empresa têm poder calorífico entre 22 e 28 gigajoules por tonelada, quase equivalente ao carvão, que varia entre 24 e 31 gigajoules.

Grama elefante: A Matéria-Prima do futuro

Entre as principais matérias-primas exploradas pela NextFuel está o capim-elefante, conhecido cientificamente como Miscanthus × giganteus.

Capaz de crescer até quatro metros de altura em apenas uma estação, essa planta possui alta produtividade e pode ser cultivada em terras marginais.

Estudos mostram que substituir terras aráveis por plantações de capim-elefante poderia sequestrar entre duas e três toneladas métricas de carbono por hectare anualmente.

Além disso, os briquetes NextFuel apresentam uma vantagem crucial: podem ser utilizados em instalações projetadas para carvão, sem a necessidade de adaptações caras ou demoradas.

“A transição energética precisa ser prática e econômica”, destaca Time. “Nosso produto elimina a necessidade de construir novas redes de infraestrutura, facilitando sua adoção por governos e indústrias.

Expansão global e Impacto Local

Com a fábrica de Joensuu prestes a iniciar suas operações, a NextFuel já planeja novos empreendimentos. Um cliente na África Oriental está desenvolvendo instalações que utilizarão capim-elefante e resíduos agrícolas para produzir até 1,5 milhão de toneladas de briquetes por ano.

A meta é substituir o carvão em toda a região, que atualmente depende de importações da África do Sul.

Segundo Araya Asfaw, pesquisadora da Universidade de Addis Ababa, a ideia é promissora. “A torrefação pode oferecer energia limpa e sustentável, enquanto protege ecossistemas locais. No entanto, é difícil imaginar que substitua totalmente os combustíveis fósseis no curto prazo.

Para ela, o maior impacto será no uso doméstico de energia, que representa 80% da demanda em países como a Etiópia.

A varsatilidade dos resíduos agrícolas

Um dos diferenciais da tecnologia da NextFuel é sua capacidade de transformar diversos tipos de biomassa em biocombustível.

Na América do Sul, especialmente no Brasil, resíduos de cana-de-açúcar podem ser utilizados; nos Estados Unidos, palha de trigo e milho são alternativas viáveis; enquanto na Índia, a palha de arroz pode ser aproveitada. Essa flexibilidade amplia o alcance do produto e incentiva uma economia circular baseada no reaproveitamento de resíduos locais.

Outro avanço promissor é a possibilidade de converter briquetes em combustíveis líquidos, como o querosene de aviação sustentável, por meio do processo Fischer-Tropsch. Essa tecnologia poderia atender a um dos setores mais difíceis de descarbonizar: o transporte aéreo.

O papel da União Europeia

A União Europeia é uma das regiões que mais investe na transição energética. Até 2030, todos os países-membros precisam substituir 29% de sua matriz energética de transporte por fontes renováveis. Nesse contexto, biocombustíveis avançados como o NextFuel têm grande potencial para atender às exigências.

A ambição da NextFuel vai além. “Queremos que nosso combustível seja o próximo grande passo após os combustíveis fósseis dominarem os últimos dois séculos”, afirma Time.

Embora o caminho para essa transformação ainda seja longo, ele acredita que é possível criar um futuro mais sustentável com um número crescente de fábricas NextFuel.

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Professor Carlos
Professor Carlos
01/12/2024 06:38

“CAVÃO DO FUTURO” é ótimo. Buscar a qualidade gramatical e a correição gráfica pode lhes ajudar.

Jorge
Jorge
01/12/2024 10:50

Cavão é aumentativo de cava. Precisamos de uma cava grande para enterrar os erros ortográficos, ou acionar o corretor de palavras. Mas dizem que para um bom entendedor meia palavra basta, e para um mau entendedor uma palavra ****.

Sergio Luiz Guedes costa
Sergio Luiz Guedes costa
01/12/2024 11:20

Eo campo de batalha só interessa a vitória é vençer,vençer e vençer sergioguedes

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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