A partir de 29 de agosto de 2025, os EUA acabam com a isenção de minimis (até US$ 800) para encomendas internacionais. Japan Post, Australia Post e Chunghwa Post (Taiwan) já suspenderam parte dos envios, afetando o e-commerce global.
A decisão dos Estados Unidos de encerrar a isenção de minimis para encomendas internacionais provocou uma reação em cadeia em operadores postais ao redor do mundo. Em questão de dias, Japão, Austrália e Taiwan anunciaram suspensões temporárias de determinados serviços de envio para território norte-americano, enquanto empresas e consumidores correm para entender as novas regras.
O governo dos EUA confirmou que, a partir de 29 de agosto de 2025, remessas de baixo valor deixarão de entrar sem tarifas. A medida, assinada pelo presidente Donald Trump, altera profundamente a dinâmica de compras internacionais de baixo custo e de envios feitos por pequenos varejistas.
Na prática, milhões de pacotes que antes cruzavam fronteiras sem cobrança de tributos passarão a pagar tarifas, e as operadoras postais precisarão cobrar e repassar esses valores às autoridades aduaneiras dos EUA. Esse regramento, de aplicação imediata, explica por que tantos países preferiram pausar serviços até que os fluxos operacionais estejam claros.
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Fim da isenção de minimis nos EUA, data, regras e cálculo de tarifas
O fim da isenção de minimis foi formalizado pela Casa Branca em ordem executiva que suspende o tratamento livre de tarifas para remessas de baixo valor. Até então, a regra permitia que pacotes de até US$ 800 entrassem sem cobrança. Agora, todas as encomendas com bens passam a ser tarifadas, conforme as alíquotas aplicáveis de origem e produto.
A U.S. Customs and Border Protection (CBP) publicou orientação global detalhando como as operadoras devem arrecadar e remeter os tributos. Há dois métodos válidos: um ad valorem (percentual sobre o valor) e um específico por item. Neste segundo, foi prevista uma fase de transição de seis meses com valores fixos por item conforme a tarifa IEEPA do país de origem: US$ 80 (até 16%), US$ 160 (entre 16% e 25%) e US$ 200 (acima de 25%). Após esse período, o método ad valorem se torna obrigatório para a rede postal internacional.
Além das tarifas, a CBP determinou exigências operacionais: operadores precisam ter garantias financeiras (bonds), declarar país de origem e reportar os envios via formulários específicos no Pay.gov. A intenção é dar rastreabilidade e previsibilidade ao recolhimento, mas o curtíssimo prazo gerou insegurança e paralisações nos serviços.
Japan Post, Australia Post e Chunghwa Post (Taiwan) suspendem envios para os EUA
A Japan Post informou que deixará de aceitar determinados pacotes com destino aos EUA, sobretudo itens comerciais e remessas acima de limites de valor, citando a ausência de um sistema claro de pré-pagamento de tarifas. O anúncio oficial, publicado nos canais da empresa, pontua que as mudanças entram em vigor imediatamente antes da virada regulatória americana.
A Australia Post comunicou suspensão parcial de envios para os EUA nesta terça-feira, 26 de agosto de 2025, medida confirmada por veículos internacionais e pela imprensa australiana. A estatal atribui a pausa às novas exigências tarifárias e à necessidade de ajustar processos internos para cobrança e repasse. Para clientes empresariais, soluções alternativas estão sendo estudadas com parceiros, enquanto cartas e documentos seguem operando normalmente.
Em Taiwan, a Chunghwa Post suspendeu o envio de pequenos pacotes destinados aos EUA a partir de 26 de agosto, alegando que o sistema postal global ainda não oferece serviço para pré-cobrança das tarifas americanas e que transportadoras contratadas também pararam o transporte de encomendas comerciais.
E-commerce global sob impacto, marketplaces e vendedores terão custo e prazo maiores
A retirada do de minimis altera o custo total de importação para consumidores e impõe novas obrigações para lojistas que vendem via marketplaces e lojas virtuais. Plataformas que conectam fabricantes estrangeiros a compradores americanos, como marketplaces de moda e gadgets, tendem a reajustar preços, recalibrar fretes e repensar políticas de devolução.
Operadores logísticos também estão restringindo o fluxo. A DHL informou limitações temporárias no envio de bens via rede postal para os EUA, enquanto mantém DHL Express como alternativa, sujeita às regras aduaneiras usuais. A prioridade, por ora, é adequar sistemas de dados, cálculo de tarifas e repasses conforme as exigências da CBP.
No agregado, o que se vê é uma desorganização temporária nas redes postais internacionais, com países da Europa e da Ásia-Pacífico pausando parte dos serviços. A normalização depende de ajustes técnicos e de clareza operacional. Analistas avaliam que o choque deve se dissipar ao longo dos próximos meses, mas com um novo patamar de custos para quem vende e compra do exterior.
Cartas, documentos e “presentes”, o que continua e o que pode mudar
É importante frisar que cartas e documentos sem mercadorias não se enquadram no escopo da tarifação e, em geral, seguem operando. Mesmo assim, as informações operacionais variam entre países e podem mudar rapidamente conforme cada operador ajusta seus sistemas.
Algumas reportagens internacionais citam exceções limitadas para remessas pessoais classificadas como presentes, abaixo de valores baixos. Os relatos variam, com menções a US$ 100 ou US$ 150 em casos específicos, mas essas referências dependem da interpretação de cada operador e do enquadramento legal local. Antes de postar, verifique regras atualizadas no seu país.
Para envios urgentes, alternativas courier expresso seguem disponíveis, porém com regras aduaneiras plenas e possíveis taxas. A DHL Express permanece operando, e outras transportadoras privadas tendem a manter serviços mediante declaração adequada e pagamento dos tributos devidos.