Uma nova tecnologia de cimento foi desenvolvida para reduzir o calor das casas naturalmente, sem necessidade de ar-condicionado ou gasto de energia
Pesquisadores da Universidade Pública de Navarra (UPNA), Espanha, sob a liderança de Miguel Beruete Díaz, desenvolveram uma tecnologia inovadora capaz de transformar o cimento em um material essencial para o resfriamento radiativo das construções. Essa nova técnica permite que o cimento reduza o calor dos prédios de maneira natural, sem necessidade de qualquer fonte de energia externa.
O avanço foi tão importante que resultou no prêmio Nanophotonics Research Award for Innovative Sustainability. Essa descoberta promete revolucionar a construção civil, oferecendo uma solução sustentável e eficiente para reduzir o impacto do calor em grandes centros urbanos.
Com a adição de pequenas partículas de materiais sustentáveis ao cimento, controlando sua porosidade, o material é capaz de refletir a radiação solar e, ao mesmo tempo, emitir calor para o espaço. Com isso, superfícies de edifícios revestidos com esse cimento podem permanecer frias, reduzindo a necessidade de sistemas de climatização artificial.
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Testes climáticos e resultados promissores
Além dos testes laboratoriais, a equipe da UPNA realizou uma série de estudos climáticos detalhados para avaliar o potencial dessa tecnologia em diferentes partes do mundo.
Para tanto, foram analisados dados climáticos dos últimos dez anos com precisão de hora em hora, o que possibilitou uma visão mais ampla das condições ambientais em diversas regiões.
Os primeiros testes de campo também indicaram resultados animadores. Segundo Miguel Beruete, “os resultados são muito promissores”. Esse novo desenvolvimento abre portas para uma maior utilização de materiais sustentáveis na construção civil, especialmente em áreas com altas temperaturas.
O pesquisador destaca que “este trabalho abre portas a uma nova geração de materiais de construção sustentáveis que não só melhoram a eficiência energética, mas também contribuem significativamente para a mitigação das alterações climáticas.”
O futuro do cimento
A pesquisa é parte de um esforço maior no projeto europeu MIRACLE, liderado por Jorge Sánchez Dolado, do Centro de Física de Materiais (CSIC-UPV/EHU) de San Sebastián.
Esse projeto busca elevar a maturidade tecnológica e comercial dos materiais desenvolvidos, com várias patentes já em andamento. A continuação dessa pesquisa é chamada COOLCRETE, e está focada em trazer esses avanços para o mercado.
O trabalho premiado foi liderado por Miguel Beruete e Íñigo Liberal Olleta, com o apoio de Alicia Elena Torres García. Novos membros, como Laura Carlosena Remírez e Unai Jiménez Martínez, também se juntaram ao time, reforçando a equipe de pesquisa.
Além disso, outros pesquisadores como Carlos Lezáun Capdevila, José Manuel Pérez Escudero e Angie Torres Betancourt participaram das fases iniciais do projeto, consolidando uma colaboração interdisciplinar que promete trazer mais inovações à área da construção civil.
Com o avanço dessa tecnologia, o cimento tradicional pode passar por uma grande transformação, tornando-se um componente crucial na luta contra as mudanças climáticas.
As perspectivas são de que esse tipo de material possa se tornar comum em projetos de construção, não apenas em países europeus, mas também em regiões mais quentes do mundo, onde o controle da temperatura é uma preocupação constante.
Dessa forma, a construção civil pode dar um grande passo em direção a um futuro mais sustentável, reduzindo o consumo energético e promovendo alternativas que, ao mesmo tempo, protejam o meio ambiente e ofereçam conforto aos moradores de grandes centros urbanos.