O motor mais ousado da Volkswagen chega ao fim após 34 anos: arquitetura única marcou gerações, moveu quase 2 milhões de carros e virou lenda da engenharia alemã
Poucos motores na história da indústria automotiva conquistaram tanto respeito e emoção quanto o lendário VR6 da Volkswagen. Criado no final dos anos 1980, ele representou uma ousadia técnica ao reunir seis cilindros em um bloco compacto, com arquitetura em “V estreito” de apenas 15 graus. Essa inovação permitia instalar um motor de seis cilindros transversalmente em carros médios, algo considerado impossível até então.
Agora, após mais de 30 anos de produção, a Volkswagen confirmou a aposentadoria do VR6. A decisão encerra uma era marcada por desempenho, confiabilidade e, acima de tudo, pelo ronco inconfundível que virou trilha sonora para milhões de apaixonados por carros.
A origem de uma ideia revolucionária
No fim dos anos 1980, a Volkswagen buscava um motor que unisse potência de seis cilindros à praticidade dos quatro cilindros compactos. O desafio era grande: motores em “V” ou em linha exigiam muito espaço, algo incompatível com hatches e sedãs médios como o Golf e o Passat.
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A solução encontrada pelos engenheiros foi genial: criar um bloco de seis cilindros com ângulo muito reduzido entre as bancadas (15°), de forma que todo o conjunto ocupasse quase o mesmo espaço de um motor quatro cilindros. Assim nasceu o VR6, lançado em 1991 no Golf e no Passat.
O som que virou assinatura
Logo nos primeiros testes, o VR6 ganhou fama não apenas pela força, mas também pela música metálica inconfundível que saía pelo escapamento. Diferente dos seis cilindros em linha ou em “V” tradicionais, o VR6 tinha uma sonoridade própria, grave e encorpada, que se tornaria sua marca registrada.
Para muitos entusiastas, o ronco do VR6 era um dos mais bonitos já produzidos em carros de passeio, capaz de rivalizar com motores esportivos muito mais caros.
O motor que equipou de tudo
O VR6 nasceu em carros médios, mas rapidamente conquistou espaço em modelos de diferentes segmentos:
- Golf GTI e Golf R32 – onde mostrou sua veia esportiva.
- Corrado VR6 – coupé que virou ícone dos anos 90.
- Passat e Jetta – sedãs médios com desempenho superior.
- Touareg e Atlas – SUVs de porte maior que usaram versões 3.2 e 3.6 litros.
- Até marcas do grupo como Porsche Cayenne e Audi Q7 receberam versões derivadas do VR6.
Essa versatilidade demonstrava a genialidade do projeto: um motor que podia estar em um hatch esportivo e também em um SUV de luxo sem perder relevância.
O auge e a consagração
Durante as décadas de 1990 e 2000, o VR6 se consolidou como um dos símbolos da Volkswagen. Sua presença em versões especiais do Golf, especialmente no lendário Golf R32, o consagrou como motor de culto entre fãs.
O R32 de 2003, com 241 cv, foi o primeiro Golf a receber o sistema de tração integral 4Motion, aliado ao VR6. Esse conjunto transformou o hatch em um verdadeiro esportivo, capaz de rivalizar com modelos de marcas premium.
Por que o motor VR6 chegou ao fim?
Apesar de todo o prestígio, o VR6 não resistiu às novas demandas da indústria automotiva. Três fatores pesaram:
- Normas ambientais mais rigorosas, que exigem motores menores e mais eficientes.
- Motores turbo de quatro cilindros que entregam potência semelhante com consumo e emissões muito menores.
- Avanço da eletrificação, que torna inviável manter em produção um motor com arquitetura desenvolvida nos anos 80.
Diante desse cenário, a Volkswagen decidiu encerrar a produção do VR6.
O legado ‘imortal’
Mesmo aposentado, o VR6 continuará sendo lembrado como um dos motores mais importantes já produzidos pela Volkswagen. Ele provou que era possível colocar desempenho de seis cilindros em carros médios e compactos, revolucionando a engenharia automotiva.
Além disso, deixou como herança uma legião de fãs, clubes de entusiastas e uma enorme presença em competições amadoras e preparações. Até hoje, mecânicos e colecionadores buscam blocos VR6 para projetos personalizados, mantendo viva a memória do motor.
Fim de produção, início da lenda
A aposentadoria do VR6 marca o encerramento de um ciclo que atravessou três décadas e milhões de carros. Mais do que um motor, ele foi um símbolo de inovação, paixão e identidade sonora.
Se os próximos anos pertencem aos motores elétricos silenciosos e aos quatro cilindros turbinados, o VR6 sempre será lembrado como o motor que ousou ser diferente — compacto, potente e com um som inconfundível.