Volkswagen confirma que Golf será o último hatch com motor a combustão. CEO Oliver Blume fala sobre o fim de uma era e a aposta total na revolução elétrica.
Em 2023, a Volkswagen confirmou aquilo que por anos parecia distante: a montadora não desenvolverá mais novos motores a combustão. O comunicado oficial revelou que o Golf, em sua oitava geração, será o último hatch da marca equipado com propulsão tradicional, encerrando um ciclo de quase 50 anos de história automotiva. Para muitos, a notícia soa como a despedida definitiva de uma era que começou nos anos 1970, quando o Golf se tornou um dos modelos mais icônicos da Volkswagen e um dos hatches mais vendidos da história mundial. Agora, o carro que popularizou a marca em diversos mercados será também o símbolo da transição para os elétricos.
Em março de 2025, Thomas Schäfer — chefe da marca Volkswagen — ofereceu declarações importantes sobre o futuro da combustão. Ele confirmou que:
- O Golf 8 será o último modelo totalmente à combustão, sinalizando o fim do desenvolvimento de novos motores convencionais.
- Dependendo da demanda e das regulações, modelos com combustão podem permanecer à venda até 2033 ou 2035, mas somente como versões já existentes — sem novos desenvolvimentos.
O Golf como marco histórico
Lançado em 1974, o Golf rapidamente se transformou em referência de design, dirigibilidade e versatilidade.
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Ao longo de oito gerações, o modelo ultrapassou a marca de 35 milhões de unidades vendidas em todo o mundo, conquistando espaço como ícone da classe média europeia e como símbolo de esportividade em versões lendárias como o GTI e o R32.
Ao anunciar que o Golf 8 será o último com motor a combustão, a Volkswagen não apenas encerra um ciclo técnico, mas também coloca um ponto final em uma narrativa cultural: a do hatch que representava juventude, liberdade e acessibilidade em várias partes do planeta.
Declaração do CEO Oliver Blume (abril de 2025)
Em entrevista ao jornal Neue Osnabrücker Zeitung, o CEO Oliver Blume comentou:
- Expressou que o fim da era da combustão em 2035 precisa estar alinhado com a evolução real da mobilidade elétrica, com transição realista e política flexível.
O posicionamento do CEO
O CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, reforçou em entrevistas que a decisão é parte de um plano estratégico global. Segundo ele, a marca está comprometida em reduzir drasticamente as emissões de CO₂ e acelerar a transição para a mobilidade elétrica.
Blume destacou que a era do motor a combustão foi fundamental para construir a identidade da Volkswagen, mas que a prioridade agora é preparar a empresa para liderar o mercado de elétricos na Europa, na China e em outros mercados estratégicos.
“Não se trata apenas de atender a regulações ambientais. Estamos redesenhando a Volkswagen para os próximos 50 anos”, afirmou.
Da combustão para a eletrificação
O anúncio não surge de forma isolada. A Volkswagen já investe bilhões de euros na plataforma MEB (Modular Electric Drive Matrix), que serve de base para a nova geração de veículos elétricos da marca, como o ID.3 (o “sucessor espiritual” do Golf), o ID.4 e o futurista ID.Buzz, inspirado na Kombi clássica.
Com isso, a empresa deixa claro que o Golf passará o bastão de “carro símbolo” para a família ID., consolidando uma mudança que vai muito além da tecnologia: é uma redefinição de imagem e de propósito para a maior montadora europeia.
O peso de uma despedida
Especialistas do setor destacam que a decisão de abandonar novos projetos de combustão tem impacto tanto emocional quanto estratégico.
De um lado, há a nostalgia de entusiastas que cresceram sonhando com um Golf GTI, reconhecido como um dos esportivos compactos mais importantes da história. De outro, há a realidade dos números: normas ambientais cada vez mais rígidas na União Europeia e em mercados como a China tornam insustentável investir bilhões em motores que em poucos anos não poderão mais ser vendidos em determinados países.
As metas do grupo e os desafios
O Grupo Volkswagen anunciou a meta de se tornar carbono neutro até 2050, com planos intermediários agressivos: até 2030, espera que 50% das vendas globais sejam de carros 100% elétricos.
Oliver Blume reconhece que o caminho não será simples: envolve desde a adaptação de fábricas até a criação de uma rede de carregamento robusta, passando pela queda do preço das baterias. Mas, segundo o CEO, o fim da era do motor a combustão representa a oportunidade de reposicionar a Volkswagen como líder de uma nova revolução industrial.
O futuro do hatch mais famoso da marca
Embora o Golf 8 seja o último da linhagem com combustão, a Volkswagen já estuda como manter o nome no futuro. Há rumores de que o Golf poderá renascer como versão elétrica dentro da linha ID., possivelmente chamado ID.Golf, preservando o prestígio do nome, mas com uma nova roupagem tecnológica.
Para os fãs, essa possibilidade é vista como um consolo: o espírito do Golf sobreviveria, mesmo que em outra configuração. Para a marca, é a chance de unir tradição e inovação em um único produto.
O fim de um reinado, o início de outro
O anúncio da Volkswagen de que não desenvolverá novos motores a combustão e de que o Golf será o último hatch dessa era é mais do que uma decisão industrial: é um marco na história da mobilidade.
Foram quase cinco décadas de reinado, milhões de carros vendidos e uma legião de fãs que transformaram o Golf em lenda. Agora, o mesmo modelo que inaugurou uma era se despede abrindo caminho para outra: a da eletrificação em massa.
Nas palavras de Oliver Blume, “não é o fim de uma história, mas o começo de uma nova”.