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Fim da vida útil de parques eólicos no Rio Grande do Norte é iminente. Especialistas acreditam que nova fase abre caminho para negócios bilionários e sustentáveis

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 30/09/2025 às 10:20
O descomissionamento de parques eólicos no Rio Grande do Norte cria oportunidades em reciclagem, logística e construção civil, movimentando a economia e reforçando a sustentabilidade no setor de energia. Fonte: G1
O descomissionamento de parques eólicos no Rio Grande do Norte cria oportunidades em reciclagem, logística e construção civil, movimentando a economia e reforçando a sustentabilidade no setor de energia. Fonte: G1
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O descomissionamento de parques eólicos no Rio Grande do Norte cria oportunidades em reciclagem, logística e construção civil, movimentando a economia e reforçando a sustentabilidade no setor de energia.

O Rio Grande do Norte, líder na produção de energia a partir do vento, começa a viver um momento inédito, conforme noticiado pela Tribuna do Norte nesta terça, 30. O fim da vida útil de diversos parques eólicos no estado não representa apenas o encerramento de atividades, mas o início de uma nova cadeia de negócios sustentáveis. A desmontagem das turbinas, torres e pás promete transformar resíduos em matéria-prima para indústrias variadas, como reciclagem, construção civil, metalurgia e logística.

Esse processo, conhecido como descomissionamento, projeta-se como uma frente bilionária. Afinal, o que antes era considerado descarte agora é visto como recurso estratégico para o fortalecimento da economia circular.

O potencial econômico do descomissionamento

A perspectiva de especialistas é clara: estamos diante de uma revolução silenciosa dentro do setor de energia renovável. Ao retirar turbinas antigas, abre-se espaço para novos projetos, mas também para uma engrenagem de inovação.

Levantamento do Global Wind Energy Council (GWEC, 2022) mostra que cerca de 90% dos materiais de uma turbina eólica podem ser reciclados. Entre eles estão fundações de concreto, torres de aço, cabos de cobre e componentes eletrônicos.

Os 10% restantes, geralmente as pás feitas de fibras de vidro ou carbono, também encontram novas finalidades. Em alguns países, já são usadas na produção de asfalto ou em tijolos de solo-cimento. No Brasil, começam a ganhar destinação em fornos de cimenteiras, demonstrando que mesmo os itens mais complexos podem ser reaproveitados.

Oportunidades para diferentes setores

Essa movimentação é celebrada por lideranças empresariais no estado. Roberto Serquiz, presidente da Fiern, resume: “Estamos falando de aço que pode retornar à siderurgia, de cabos de cobre que se transformam em insumo para outras indústrias e de concreto que pode ser reaproveitado em obras civis. É uma oportunidade para gerar emprego e renda, fortalecer a economia circular e consolidar o Rio Grande do Norte como referência em sustentabilidade”.

Na prática, a desmontagem das turbinas cria um efeito multiplicador. Empresas de logística, transporte especializado, trituração de materiais, siderurgia e fabricantes de resinas poderão se beneficiar diretamente.

Para Sérgio Azevedo, presidente da Comissão Temática de Energias Renováveis (Coere) da Fiern, o setor vive uma transição estratégica. “Estamos diante de um mercado bilionário que envolve desmontagem, logística, destinação de materiais e novos produtos. E o mais importante: abre espaço para as empresas de BoP civil e elétrico, que já têm expertise em obras e manutenção, se associarem a recicladoras como a Recicla”, avalia.

Se na primeira fase a meta era instalar parques eólicos em grande escala, agora o desafio é dar destino responsável a toneladas de aço, cobre e concreto que compõem os aerogeradores.

Papel da indústria de reciclagem no processo

O Sindicato de Reciclagem e Descartáveis do RN (SindRecicla-RN) vê no descomissionamento uma chance única. Seu presidente, Etelvino Patrício, detalha que o impacto vai muito além da desmontagem: “Estamos falando de transporte especializado, corte e separação de materiais, trituração e reaproveitamento do aço, cobre e alumínio, além da destinação correta das pás. Isso significa mais postos de trabalho em diferentes setores, desde logística até metalurgia e engenharia, com impacto direto na economia local e regional”.

O Rio Grande do Norte já conta com uma estrutura de peso para assumir esse protagonismo. A Recicla RN, considerada a maior empresa de reciclagem do Nordeste, possui área de 13 mil metros quadrados e capacidade para armazenar até 3 mil toneladas de materiais por mês. Atualmente, gera 5,4 mil empregos diretos e outros 18 mil indiretos.

Se a reciclagem de metais e concreto é considerada viável e consolidada, o grande obstáculo ainda está nas pás dos aerogeradores. Feitas de materiais compósitos complexos, elas exigem processos específicos. “Além das pás não possuírem um grande valor agregado, você tem um material que tem poucas possibilidades de aplicabilidade. Você precisa realmente desenvolver processos de reciclagem e processos de destinação, que por enquanto, as que nós estamos recebendo, nós estamos triturando, segregando e mandando justamente para os cimenteiros para ser usado nos seus fornos”, afirma Patrício.

A experiência adquirida pela Recicla RN em casos de parques eólicos que sofreram falhas técnicas ou acidentes já se mostra fundamental. Esse histórico fortalece a confiança do setor de que a empresa está pronta para atuar em projetos de descomissionamento em larga escala.

A importância do reaproveitamento de componentes

Os aerogeradores são máquinas complexas. Cada peça desempenha uma função específica para converter a força do vento em energia elétrica. Na fase de desmonte, essa diversidade de materiais se transforma em oportunidade.

De acordo com Rodrigo Mello, diretor do Senai-RN, “o que for de metal, entra a indústria de reciclagem de metais, concreto para construção civil, estradas, obras de grande infraestrutura. Os materiais eletrônicos todos você aproveita e têm alto valor agregado. Até materiais que estão muito na moda, as chamadas terras raras, que o Mundo quer para fazer chips”.

Essa visão reforça que o fim da vida útil de parques eólicos não significa esgotamento de recursos, mas sim a abertura de um novo ciclo de aproveitamento tecnológico e industrial.

O protagonismo potiguar não se limita à geração de energia eólica, responsável por 30% da produção nacional. Agora, o estado também se posiciona como candidato natural a polo de reciclagem e reaproveitamento dos equipamentos desativados.

A integração entre indústrias locais, centros de pesquisa, recicladoras e empresas de logística fortalece a economia regional e amplia a sustentabilidade do setor. O que começou como desafio se transforma em vitrine para o Brasil e para o mundo.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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