Sistema de IA criado na Universidade de Surrey reduz erros de localização para 22 metros e promete navegação precisa mesmo sem GPS.
Dirigir sem GPS parece impensável, mas pesquisadores da Universidade de Surrey acreditam que isso pode mudar. Eles desenvolveram um sistema de inteligência artificial que localiza dispositivos mesmo em áreas onde os sinais de satélite falham. A inovação, chamada Pose-Enhanced Geo-Localisation (PEnG), representa um avanço importante na navegação inteligente.
Uma nova forma de localizar
O PEnG impressionou nos testes. O sistema reduziu os erros de localização de 734 metros para apenas 22 metros. Diferente do GPS, ele não depende exclusivamente de satélites.
A tecnologia combina imagens de satélite e de nível de rua para identificar a posição e a direção de um dispositivo.
-
Internet caindo com frequência? Até 70% dos problemas começam dentro de casa, mas usuários culpam operadoras sem verificar instalações
-
BYD não se contenta com baterias e carros elétricos – agora amplia suas atividades para uma área inesperada
-
Beber café, chá e outras bebidas muito quentes pode aumentar risco de câncer de esôfago, alertam pesquisas internacionais
-
Nasa anuncia uma das maiores descobertas da história: lua invisível por 40 anos é finalmente detectada em Urano pelo James Webb
Esse processo ocorre em duas etapas. Primeiro, o sistema restringe a localização no nível da rua. Depois, refina o cálculo por meio da estimativa de pose relativa, uma técnica que avalia a orientação da câmera.
Segundo os pesquisadores, até mesmo uma câmera monocular comum, presente em veículos, é suficiente para o funcionamento.
Onde o GPS falha
Os desenvolvedores destacam que o GPS tem falhas conhecidas. Túneis, cidades com arranha-céus como Nova York e regiões com baixa conectividade dificultam a cobertura. Nessas situações, o PEnG pode preencher a lacuna. Por isso, a equipe defende que a ferramenta é prática e acessível para uso futuro.
“Muitos sistemas de navegação dependem do GPS, mas a cobertura nem sempre é garantida”, disse Tav Shore, pesquisador de pós-graduação em IA e visão computacional. Ele explicou que o objetivo era criar uma solução confiável baseada apenas em informações visuais. Essa estratégia possibilita um nível de precisão considerado inalcançável sem o GPS.
Potencial para veículos autônomos
A equipe de Surrey acredita que a flexibilidade da tecnologia pode transformar a navegação de veículos autônomos. “Um dos aspectos mais interessantes deste sistema é como ele transforma uma simples câmera monocular em uma poderosa ferramenta de navegação”, afirmou o professor Simon Hadfield, especialista em visão robótica e sistemas autônomos.
O pesquisador reforçou que o PEnG foi projetado para cenários imprevisíveis e de movimento rápido. Isso o torna ideal para a próxima geração de veículos autônomos e robôs que atuam em ambientes desafiadores. Portanto, a tecnologia surge como alternativa sólida para sistemas que não podem depender apenas de satélites.
Dependência global do GPS
Atualmente, a dependência do GPS é enorme. Setores como logística, aviação, defesa e transporte público exigem navegação precisa. Porém, sinais de GPS podem ser facilmente interrompidos. Prédios altos, condições atmosféricas ou até equipamentos de interferência causam falhas. Essa vulnerabilidade abre espaço para alternativas mais robustas.
Com o PEnG, os pesquisadores defendem que a navegação pode se tornar mais resiliente. Além da conveniência no dia a dia, o sistema pode aumentar a segurança em áreas críticas. Para eles, essa é uma mudança que afeta tanto usuários comuns quanto setores estratégicos.
Abordagem centrada nas pessoas
O professor Adrian Hilton, diretor do Surrey Institute for People-Centred AI, destacou o caráter humano do projeto. “O trabalho da nossa equipe demonstra a abordagem centrada nas pessoas que defendemos, desenvolvendo um sistema que resolve os desafios por trás da tecnologia de navegação, algo em que todos nós confiamos”, afirmou.
Ele acrescentou que localizar com precisão sem depender do GPS é um passo fundamental para sistemas autônomos mais inteligentes e resilientes. Essa capacidade abre caminho para operações em locais remotos e situações imprevisíveis.
Próximos passos
O projeto recebeu apoio do Prêmio de Fundação de Doutorado da Universidade de Surrey. Esse incentivo financia tecnologias promissoras em fase inicial. Agora, os pesquisadores trabalham na criação de um protótipo funcional para testes em condições reais.
Além disso, a equipe optou por divulgar suas pesquisas em código aberto. A decisão convida desenvolvedores e engenheiros do mundo todo a colaborar no avanço da tecnologia. As descobertas já foram publicadas na revista científica IEEE Robotics and Automation Letters, o que amplia ainda mais sua visibilidade.
Com isso, o PEnG deixa de ser apenas um conceito de laboratório e se aproxima da aplicação prática.