Lucro do fundo despenca 41%, inflação corrói depósitos e milhões podem ficar sem acesso a habitação, saneamento e crédito.
O presidente da Caixa admitiu publicamente que o FGTS está em risco de colapso, levantando preocupação imediata sobre o futuro da proteção social de milhões de trabalhadores brasileiros. O fundo, que deveria garantir segurança em casos de demissão e financiar moradia popular, hoje convive com queda expressiva de receitas, perda de rentabilidade e fraudes internas.
Segundo análise de Josué Aragão, o modelo se tornou insustentável: menos trabalhadores formais alimentam o fundo, os saques recorrentes drenam liquidez e a remuneração oferecida perde sistematicamente para a inflação. O alerta é que o trabalhador pode ver o seu saldo encolher em termos reais e, ao mesmo tempo, assistir ao enfraquecimento das políticas habitacionais financiadas pelo FGTS.
O que sustenta o FGTS está se desfazendo
De acordo com Josué Aragão, o fundo, que deveria proteger o trabalhador, virou um mecanismo de confisco institucionalizado.
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Os depósitos mensais obrigatórios rendem TR + 3% ao ano, abaixo da inflação, corroendo o poder de compra.
Um exemplo prático mostra que, em 10 anos, um trabalhador que contribui mensalmente com 8% do salário teria saldo real 7,4% menor do que o necessário apenas para repor a inflação.
Esse descompasso gera frustração e abre espaço para críticas ao modelo, que não se sustenta em um cenário com menos empregos formais.
Além disso, as políticas de saque-aniversário e antecipações criaram um efeito de drenagem contínua dos recursos, acelerando a fragilidade do sistema.
Dependência estrutural da economia no FGTS
O problema não para na corrosão dos depósitos individuais. Mais de 90% dos financiamentos habitacionais populares são sustentados pelo fundo.
Isso significa que qualquer rombo compromete programas como o Minha Casa, Minha Vida, além de obras de saneamento e infraestrutura urbana.
Se o cofre esvaziar, milhões de famílias continuarão presas ao aluguel e mais de 50 milhões de brasileiros podem ficar sem perspectivas de acesso a saneamento básico adequado.
Essa dependência estrutural cria um risco em cascata: ao mesmo tempo em que o trabalhador perde proteção, o país perde investimento em áreas sociais críticas.
Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, apenas em 2024 poderiam ter sido viabilizadas 2 milhões de moradias e mais de 6 milhões de empregos se os recursos tivessem sido preservados.
Fraudes e má gestão ampliam a desconfiança
Outro ponto que fragiliza ainda mais o FGTS são os casos de fraudes internas. Investigações recentes revelaram esquemas de desvio dentro da própria Caixa Econômica Federal, onde servidores alteravam dados em sistemas como o Caixa Tem para liberar saques irregulares.
Isso mina a confiança do trabalhador em um fundo que deveria representar segurança.
O histórico mostra ainda que a gestão política dos recursos se sobrepõe ao objetivo original.
Governos usam o FGTS como ferramenta de fomento e capital político, priorizando obras com impacto eleitoral, mas nem sempre com sustentabilidade financeira.
O alerta do presidente da Caixa
Em sua fala mais recente, o presidente da Caixa, Carlos Vieira, reconheceu a gravidade: “Vamos ter uma crise muito grande no FGTS”.
O executivo destacou que a queda do número de trabalhadores com carteira assinada e a concorrência com outros gastos públicos já ameaçam a sustentabilidade do fundo.
Na prática, isso significa que, se nada mudar, a engrenagem pode parar de girar em poucos anos.
O FGTS nasceu para ser uma rede de segurança, mas se transformou em um sistema que rende pouco, depende de poucos e sustenta muito.
Entre inflação, fraudes e uso político, a conta pode não fechar para o trabalhador.
E você, acha que o presidente da Caixa tem razão ao prever uma crise iminente? Você acredita que o FGTS ainda é uma proteção ou se tornou uma armadilha para o trabalhador? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem sente isso na prática.