Tecnologias de ponta estão revolucionando o transporte ferroviário no Brasil, com trens mais sustentáveis, sistemas inteligentes de direção e manutenção preditiva, prometendo transformar a logística nacional com menos emissões e mais eficiência no trajeto entre Espírito Santo e Minas Gerais.
A Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) está investindo fortemente em inteligência artificial (IA) e energia renovável para transformar suas operações entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, com ganhos significativos em eficiência, segurança e sustentabilidade.
Inteligência artificial na manutenção ferroviária
No escopo da manutenção, a IA já é aplicada por meio de algoritmos, câmeras e sensores distribuídos ao longo da via férrea.
Essa infraestrutura permite identificar com precisão desgastes, trincas e alterações na espessura de chapas metálicas dos vagões.
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A tecnologia foi aprimorada com sensores a laser tridimensionais de última geração, o que contribui para prolongar a vida útil da frota e elevar os padrões de segurança operacional.
Ainda neste ano, a EFVM dará início à fase de testes de um sistema de condução semiautônoma, o Trip Optimizer.
Esse recurso ajusta automaticamente a aceleração e frenagem da locomotiva, considerando fatores como peso do trem, condições da via, restrições de velocidade e número de vagões.
A adoção promete mais previsibilidade nos horários de deslocamento e economia de combustível.
Condução semiautônoma aumenta eficiência
Complementando essa inovação, a ferrovia irá instalar um computador de bordo que informa o maquinista, em tempo real, sobre interdições, curvas, rampas, passagens em nível, posição geográfica e autorização de circulação.
Esses dados permitem operar o trem de forma mais fluida, minimizando paradas desnecessárias, variações bruscas na velocidade e o consumo energético.
A modernização também chega à renovação da frota.
A partir de 2026, a Vale, responsável pelo trecho, receberá 36 locomotivas EVOBBW da série Evolution DA, da Wabtec, em sua fábrica de Contagem (MG), além de 14 unidades ES58Aci para a Estrada de Ferro Carajás.
Locomotivas com biodiesel para reduzir emissões
Esses trens trazem avançados motores a diesel, tração AC com ganho de 50 % na capacidade de tração e até 6 % de economia de combustível e CO₂ em comparação aos modelos FDL.
Essas novas locomotivas já nascerão prontas para operar com mistura de até 25 % de biodiesel (B25), em substituição ao padrão atual de 14 %.
A iniciativa faz parte de um programa de descarbonização que pode chegar, no futuro, a proporções ainda maiores de biocombustível, após testes que analisam compatibilidade e desempenho.
Manutenção preditiva e inovação tecnológica
A adoção da IA na manutenção entra ainda na categoria de manutenção preditiva, que visa antecipar falhas antes que elas ocorram, reduzindo paradas não planejadas.
Esses sistemas inteligentes baseiam-se em dados coletados continuamente, permitindo decisões mais precisas sobre intervenções técnicas.
Já o Trip Optimizer insere a EFVM em um movimento global de tecnologias semiautônomas no transporte ferroviário.
O sistema é semelhante aos que já estão sendo aplicados nos Estados Unidos e na Europa, desenvolvidos para otimizar aceleração e frenagem a partir de grande variedade de cenários logísticos.
Ao integrar IA na operação, a ferrovia obtém também dados valiosos para futuras análises de desempenho — desde padrões de desgaste por faixa, velocidade ou carga — até potencial uso de energia híbrida ou renovável.
Impacto ambiental e benefícios à economia
Em paralelo, o avanço das locomotivas da Wabtec está diretamente ligado à meta de reduzir emissões.
A tecnologia de tração AC não se limita a economia de combustível: ela possibilita a transição gradual a combustíveis alternativos, como hidrogênio e biodiesel em proporções elevadas.
A Vale e a Wabtec anunciaram que pretendem realizar testes com misturas ainda mais ousadas de B‑diesel, buscando patamares de redução de carbono ainda mais expressivos.
O investimento proporciona benefícios diretos à economia regional, uma vez que a logística ferroviária constitui grande parte do transporte de minerais, insumos e produtos agrícolas em Minas Gerais e no Espírito Santo.
A redução dos custos operacionais traz efeitos positivos ao setor produtivo, ao mesmo tempo em que diminui a pegada de carbono do transporte.
Futuro das ferrovias sustentáveis no Brasil
Especialistas destacam que a combinação de IA e combustíveis renováveis configura um modelo mais resiliente e inteligente para ferrovias de carga, especialmente em um país continental como o Brasil — onde eficiência e sustentabilidade são determinantes.
Com essa estratégia, a EFVM se posiciona como referência no mercado nacional e pode servir de exemplo para outras concessões ferroviárias.
A iniciativa também deve atrair interesse de investidores — públicos e privados — pois alinha rentabilidade com inovação e responsabilidade socioambiental.
Ter uma frota moderna que opera com B25 e colhe dados de manutenção em tempo real representa uma proposta de valor alinhada às demandas de mercados internacionais por transporte mais limpo e eficiente.
Com essas novidades, a Estrada de Ferro Vitória a Minas avança rumo a uma operação que alia automação, inteligência preditiva e combustíveis limpos — reforçando a economia e reduzindo emissões.
Até que ponto essa revolução ferroviária pode inspirar transformações em outras regiões do Brasil — e transformar o setor de transportes como um todo?