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Ferramentas de 2,6 milhões de anos no Quênia mudam visão sobre evolução humana e planejamento ancestral

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 16/08/2025 às 21:32
Ferramentas
Ferramentas de pedra Oldowan feitas de uma variedade de matérias-primas obtidas a mais de 9,6 quilômetros de distância de onde foram encontradas no sudoeste do Quênia.
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Corria um momento em que mudanças rápidas, descobertas inesperadas e transformações intensas estavam no centro das atenções. Entre avanços marcantes e fatos surpreendentes, a notícia ganhou força, chamando atenção pelo impacto imediato e pelas implicações que podem alterar rotinas, estratégias e até mesmo a forma como pensamos o futuro.

Um estudo do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian trouxe novas evidências sobre o comportamento dos primeiros hominídeos. Pesquisadores encontraram no Quênia um conjunto de ferramentas de 2,6 milhões de anos, considerado um dos mais antigos do mundo.

O achado adianta em cerca de 600.000 anos as provas de que humanos transportavam pedras por longas distâncias. Isso significa que a prática era mais antiga do que se pensava, mostrando planejamento e organização muito antes do esperado.

O conjunto Oldowan

Essas ferramentas fazem parte do chamado conjunto Oldowan. Conhecidas pela durabilidade e versatilidade, elas marcaram um avanço significativo no uso de pedras.

Pesquisadores do Smithsonian, do Museu de História Natural de Cleveland e do Queens College explicaram que os estudos anteriores focavam na forma das ferramentas. O novo trabalho, publicado na revista Science Advances, mudou o foco para como esses objetos eram transportados.

Rick Potts, autor sênior do estudo, afirmou que levar material para locais ricos em alimento já fazia parte do comportamento humano no início do Oldowan. Isso revela um processo de pensamento estruturado e um grau maior de adaptação.

Ferramentas para grandes presas

Os pesquisadores também encontraram a evidência mais antiga de hominídeos usando pedras para abater animais de grande porte.

Segundo o estudo, a variedade de usos mostra que mesmo nesse estágio inicial as ferramentas ampliavam a capacidade de sobrevivência dos hominídeos. Elas serviam para cortar, raspar e lidar com diferentes tarefas, mostrando que a relação entre pedra e alimentação era vital.

Um comunicado à imprensa destacou que o conjunto permitiu ampliar o consumo de presas grandes. O material foi localizado em Nyayanga, no sudoeste do Quênia, e ajuda a entender melhor a evolução do pensamento humano.

Como eram fabricadas

Há cerca de três milhões de anos, os hominídeos já dominavam técnicas para fabricar ferramentas. Eles usavam martelos para quebrar núcleos de pedra e criar lascas afiadas.

Bater, fatiar e raspar passaram a ser ações comuns no dia a dia. Essa habilidade abriu novas possibilidades de alimentação e ampliou a variedade de presas consumidas.

O detalhe importante era a escolha do material. As pedras de melhor qualidade precisavam ser buscadas em locais distantes. Por isso, o transporte de rochas ganhou papel fundamental.

A surpresa da pesquisa

Emma Finestone, líder do estudo, destacou que o conjunto de Nyayanga é muito antigo dentro da tradição Oldowan. Antes, os cientistas acreditavam que o transporte de pedras por longas distâncias tinha surgido bem mais tarde na evolução humana.

Esse avanço indica que nossos ancestrais já pensavam além do ambiente imediato. Eles percorriam quilômetros para garantir matéria-prima de qualidade, algo inexistente entre primatas não humanos, que carregam pedras e alimentos por percursos muito menores.

A importância do transporte

De acordo com o comunicado, transportar recursos foi um marco importante na evolução. Esse comportamento mostra que os hominídeos podiam planejar com antecedência e avaliar o que seria necessário para processar alimentos.

Eles criaram um “mapa mental” do ambiente ao redor, lembrando onde estavam as melhores pedras. Esse mapeamento guiava suas ações e reforçava a estratégia de sobrevivência.

Rick Potts explicou que os mapas mentais dos primeiros fabricantes de ferramentas ultrapassavam em muito o espaço imediato, chegando a vários quilômetros. Assim, os hominídeos conseguiam reunir materiais em um ponto e moldar o que precisavam em sua base.

Inovações que duraram milhões de anos

Essa habilidade sustentou inovações tecnológicas por milhões de anos. A ideia de reunir matéria-prima e fabricar ferramentas em locais específicos consolidou um padrão que acompanhou toda a evolução humana.

Além disso, o estudo reforça que a dependência de ferramentas sempre esteve ligada à capacidade de adaptação. Elas eram usadas para resolver desafios do dia a dia, como caçar, cortar, preparar e aproveitar melhor os recursos encontrados.

Reflexos no presente

Emma Finestone afirmou que compreender como essa relação começou ajuda a entender nossa ligação com as ferramentas hoje. Em suas palavras, “os humanos sempre confiaram em ferramentas para resolver desafios adaptativos”.

Portanto, estudar esse início permite perceber melhor como ainda dependemos delas em um mundo dominado pela tecnologia. A diferença é que agora os instrumentos não são lascas de pedra, mas máquinas complexas e digitais.

Mesmo assim, a lógica de criar soluções práticas para superar dificuldades permanece a mesma. O conjunto de Nyayanga revela que essa estratégia tem raízes profundas na história da humanidade.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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