Descoberta na França, a obra Judite Decapitando Holofernes reacende o mistério em torno do quadro perdido de Caravaggio, desaparecido há quatro séculos e agora avaliado em cerca de 170 milhões de dólares por especialistas internacionais
Uma família francesa descobriu no sótão de casa um tesouro que estava escondido havia mais de quatro séculos: um quadro perdido de Caravaggio, avaliado em 170 milhões de dólares (900 milhões de reais na cotação atual). A tela, que retrata a cena bíblica de Judite Decapitando Holofernes, foi encontrada por acaso durante um reparo no telhado, coberta por poeira e jornais antigos.
A descoberta, feita em Toulouse, no sul da França, em 2014, rapidamente se tornou um dos achados mais intrigantes do mundo da arte. Desde então, a pintura tem dividido especialistas entre os que acreditam se tratar de um autêntico Caravaggio e os que defendem que seja uma cópia feita por seu discípulo, o flamengo Louis Finson.
A descoberta que surpreendeu o mundo da arte
A família francesa encontrou a obra enquanto consertava um vazamento no teto da casa.
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Ao abrir o acesso ao sótão, os moradores se depararam com uma grande tela coberta de sujeira e parcialmente danificada pela umidade.
O primeiro avaliador, desconfiado do valor da peça, acionou o especialista francês Eric Turquin, que confirmou a hipótese de que se tratava da segunda versão desaparecida de um Caravaggio pintado em 1607.
O quadro havia sido dado como perdido desde o século XVII. Ele representa a heroína bíblica Judite decapitando o general assírio Holofernes, um tema que Caravaggio já havia retratado antes, mas com variações de técnica e expressão.
A tela descoberta em Toulouse apresentava um realismo dramático e o uso de luz característico do mestre barroco italiano, reforçando a tese da autenticidade.
A polêmica sobre a autoria
Apesar da empolgação inicial, a comunidade artística ficou dividida.
Parte dos críticos sustenta que a pintura seria uma cópia feita por Louis Finson, um pintor flamengo contemporâneo de Caravaggio que conviveu com ele em Nápoles.
Finson teria reproduzido diversas obras do mestre, e uma versão semelhante de Judite Decapitando Holofernes atribuída a ele está exposta em Nápoles.
Eric Turquin, porém, defende que a obra de Toulouse tem características únicas de Caravaggio, especialmente na força das expressões, na precisão anatômica e na iluminação intensa.
“Nenhum aluno conseguiria capturar a brutalidade e a tensão psicológica com tamanha maestria”, declarou o especialista em entrevista na época da descoberta.
Um valor histórico e financeiro impressionante
Após perícia técnica, a casa de leilões Marc Labarbe estimou o valor do quadro perdido de Caravaggio entre 120 e 150 milhões de euros, o que equivalia a cerca de 170 milhões de dólares.
Se confirmado como autêntico, o achado se tornaria uma das pinturas mais caras da história, atrás apenas de obras como o Salvator Mundi, de Leonardo da Vinci, vendido por 450 milhões de dólares em 2017.
O leilão público seria realizado em junho de 2019, mas foi cancelado de última hora.
Pouco depois, a obra foi vendida de forma privada a um comprador anônimo antes mesmo do início do evento.
O valor exato da transação e a identidade do colecionador permanecem sob sigilo, o que alimenta o mistério e o fascínio que cercam o caso.
O mistério do comprador e o destino da obra
Sabe-se apenas que o comprador se comprometeu a exibir o quadro em um grande museu, mas o local e a data permanecem desconhecidos.
Alguns rumores indicam que o comprador seria um bilionário americano ligado ao conselho do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, mas essa informação nunca foi confirmada.
O destino final da obra é mantido em sigilo, e a pintura desapareceu novamente do radar público após a venda privada.
A ausência de informações oficiais fez crescer ainda mais o interesse do público e dos especialistas, que acompanham o caso como um thriller do mundo da arte.
Comparações com outros achados históricos
O episódio de Toulouse entrou para a lista das maiores redescobertas artísticas da história. Poucas obras perdidas de mestres renascentistas ou barrocos são reencontradas em bom estado.
O valor do quadro perdido de Caravaggio o coloca no mesmo patamar de lendas como o Salvator Mundi, de Da Vinci, e o Ecce Homo, outra obra atribuída a Caravaggio, que quase foi vendida por apenas 1.500 euros em 2021 antes de ser reconhecida como autêntica.
Além do preço, a história reforça o apelo romântico das redescobertas.
Quadros que atravessam séculos escondidos em sótãos ou coleções privadas despertam o imaginário coletivo, misturando arte, mistério e sorte.
O legado de Caravaggio e o fascínio que nunca desaparece
Caravaggio, cujo nome verdadeiro era Michelangelo Merisi, foi um dos artistas mais revolucionários de seu tempo.
Sua técnica de contraste entre luz e sombra, o famoso chiaroscuro, redefiniu a pintura europeia e influenciou gerações de artistas.
O fato de novas obras ainda surgirem após 400 anos reforça o impacto duradouro de sua arte e o magnetismo de seu nome.
A descoberta em Toulouse é mais do que um evento isolado: ela simboliza como o tempo, a arte e o acaso podem se entrelaçar.
Mesmo com dúvidas sobre sua autenticidade, o quadro perdido de Caravaggio continua a inspirar debates, pesquisas e fascínio, um testemunho da imortalidade do gênio italiano.
A história do quadro perdido de Caravaggio mostra que o acaso pode reescrever capítulos inteiros da história da arte e transformar uma reforma de casa em um achado de valor incalculável.