Família Batista entra no setor de fertilizantes com compra de mina de potássio. Aquisição de ativo estratégico em Sergipe reforça diversificação e pode reduzir dependência das importações no Brasil
A família Batista deu mais um passo na diversificação de seus negócios ao estrear no setor de fertilizantes. A VL Mineração, controlada por Valere Batista Mendonça Ramos, irmã de Joesley e Wesley Batista, fechou acordo para comprar por US$ 27 milhões (R$ 146 milhões) a mina de potássio Taquari-Vassouras, em Sergipe, único ativo do tipo em operação no Brasil. O negócio foi firmado com a Mosaic, multinacional que detinha o complexo mineroquímico, e ainda precisa do aval do Cade para ser concluído até o fim do ano, segundo informações do Estadão.
O Brasil importa cerca de 90% do potássio usado na produção de fertilizantes, o que torna o ativo altamente estratégico para a segurança alimentar e o agronegócio. Para a Mosaic, a venda permitirá redirecionar recursos para áreas onde a empresa vê maior potencial de retorno.
Detalhes da transação e obrigações assumidas
A compra garante à VL Mineração o controle total da Mosaic Potássio Mineração (MPM), responsável pela operação do complexo. O pagamento será feito em parcelas: US$ 12 milhões à vista, US$ 10 milhões em um ano e US$ 5 milhões ao longo de seis anos, sendo esta última vinculada ao desempenho do preço do cloreto de potássio.
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Além do valor de aquisição, a compradora assumirá US$ 22 milhões em obrigações de descomissionamento e precisará investir US$ 25 milhões em capital para manter a operação. A mina, implantada nos anos 1980 pela Petromisa e posteriormente controlada pela Vale, vem passando por redução gradual de produção e está em fase de exaustão das reservas em 2024, foram extraídas 398 mil toneladas de cloreto de potássio.
Movimento estratégico e histórico de aquisições
Essa é a segunda incursão da família Batista na mineração. Em 2022, a J&F Investimentos, holding do grupo, comprou ativos de ferro e manganês da Vale em Corumbá (MS). Recentemente, por meio da Globe Investimentos, adquiriu 4,99% da Usiminas, em operação avaliada em R$ 263,3 milhões.
O grupo, dono da JBS, maior produtora de proteína animal do mundo, também controla empresas como Eldorado Celulose, Banco Original, PicPay, Flora Cosméticos, Âmbar Energia e LHG Mining. A entrada no segmento de fertilizantes complementa a atuação no agronegócio e reforça a presença em cadeias estratégicas da economia.
Impactos para o agronegócio brasileiro
A compra da mina de potássio pode ajudar a reduzir a dependência externa desse insumo, crucial para a produção agrícola. Segundo o CEO da VL Holding, Daniel Moreira, o objetivo é preservar e ampliar a oferta doméstica de potássio, contribuindo para a competitividade do agronegócio nacional. Especialistas apontam que, mesmo em fase de exaustão, a mina pode servir como base para novos projetos e tecnologias de extração.
A família Batista aposta que a experiência acumulada em gestão e logística no setor de alimentos pode ser replicada para extrair valor no setor mineral, num momento em que segurança alimentar e controle de insumos estão no centro das estratégias globais.
E você? Acha que a entrada da família Batista no setor de fertilizantes pode reduzir a dependência do Brasil de insumos importados ou será apenas mais um movimento financeiro? Deixe sua opinião nos comentários.