Em 2024, o setor industrial brasileiro cresceu mais que o PIB, mas a falta de trabalhadores qualificados ameaça o futuro do mercado. Será que o Brasil conseguirá superar esse desafio?
Quando se fala em crescimento industrial, é natural imaginar um cenário de prosperidade, oportunidades e avanço econômico.
Mas o que acontece quando esse crescimento exponencial esbarra em um problema inesperado?
O setor industrial brasileiro, mesmo registrando números impressionantes em 2024, enfrenta um obstáculo que ameaça limitar seu potencial: a falta de mão de obra qualificada.
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Crescimento recorde em 2024
O setor industrial no Brasil registrou um crescimento de 3,5% até o terceiro trimestre de 2024, conforme dados divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Esse desempenho superou a alta do PIB nacional, que foi de 3,3% no mesmo período.
Em Minas Gerais, o cenário foi ainda mais positivo: a indústria mineira cresceu 4,2%, enquanto o PIB estadual aumentou 2,8%.
Entre os destaques do setor, o segmento de extração apresentou um crescimento expressivo de 6,3% em Minas Gerais, bem acima da média nacional de 2%.
A construção civil também teve um ano de expansão robusta, com alta de 8,9%, enquanto os setores de energia e saneamento avançaram 7,5%.
Esse desempenho industrial está atrelado, segundo a Fiemg, ao aumento da renda média dos brasileiros desde 2022, que impulsionou os gastos das famílias.
Com a taxa de desemprego atingindo 5% no Brasil, o menor índice desde 2012, o mercado de trabalho se mostrou aquecido.
Em Minas Gerais, 11 milhões de pessoas estavam empregadas no terceiro trimestre de 2024, sendo que 2,53 milhões atuavam no setor industrial, um crescimento de 5,7% em relação ao ano anterior.
A falta de mão de obra qualificada
Apesar dos números positivos, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, apontou um gargalo significativo para a continuidade desse crescimento: a escassez de profissionais capacitados.
“O maior problema da indústria hoje é a falta de trabalhadores qualificados para atender à demanda crescente”, afirmou Roscoe.
A situação é ainda mais crítica em setores que exigem conhecimento técnico específico.
Muitos empregadores têm dificuldade em preencher vagas, mesmo com a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos.
Propostas para o mercado de trabalho
Para mitigar esse problema, a Fiemg sugeriu a integração dos programas de transferência de renda com o mercado formal de trabalho.
Flávio Roscoe destacou que é necessário modernizar o Bolsa Família para incentivar a inserção no mercado de trabalho sem o risco de perda imediata do benefício.
Entre as propostas, está a criação de um “cadastro suspenso”, que permitiria ao beneficiário retornar ao programa em caso de desemprego, sem precisar passar por todo o processo de cadastramento novamente.
Além disso, Roscoe sugeriu penalizar quem recusar repetidamente ofertas de trabalho.
“Não é o objetivo da sociedade que uma pessoa permaneça exclusivamente em programas de transferência de renda ao longo de toda a vida”, declarou o presidente da Fiemg.
Perspectivas econômicas para 2025 na indústria
Embora os resultados de 2024 sejam animadores, as projeções para 2025 são mais modestas.
Segundo o economista-chefe da Fiemg, João Gabriel Pio, o crescimento esperado para o setor industrial em Minas Gerais é de 2,8%, enquanto a alta prevista para o PIB estadual é de 2,1%.
Nacionalmente, o PIB deve avançar apenas 1,8%, e a indústria, 1,7%.
Essas previsões refletem os desafios enfrentados pela economia brasileira, como o alto endividamento público, a inflação persistente e as taxas de juros elevadas.
Roscoe afirmou que, embora a arrecadação tenha aumentado nos últimos anos, os gastos públicos cresceram ainda mais, o que gera preocupação no mercado.
Impactos da desvalorização do real
Outro ponto levantado pelo presidente da Fiemg foi a desvalorização do real.
Embora essa tendência beneficie setores exportadores, como o agronegócio e a mineração em Minas Gerais, ela também traz desafios.
“O dólar mais alto impulsiona a inflação e reduz o poder de compra dos consumidores”, explicou Roscoe.
No entanto, ele ressaltou que o impacto positivo nas exportações pode compensar parcialmente essas perdas para a economia mineira.
Críticas e elogios ao governo federal
Flávio Roscoe criticou os pacotes de cortes de gastos apresentados pelo governo federal, classificando-os como insuficientes para resolver os problemas fiscais do país.
Ele defendeu medidas mais duras e de longo prazo para equilibrar as contas públicas.
Apesar das críticas, Roscoe elogiou o desempenho do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que ele tem adotado uma postura responsável diante das dificuldades.
O desafio da qualificação na indústria
Com um cenário econômico desafiador pela frente, o setor industrial brasileiro precisa investir na formação de mão de obra qualificada para garantir a continuidade do crescimento.
A integração entre governo, indústria e educação será crucial para superar esse gargalo e transformar o atual momento de expansão em um ciclo sustentável de desenvolvimento.
E você, acredita que o Brasil conseguirá resolver o problema da falta de trabalhadores qualificados nos próximos anos? Deixe sua opinião nos comentários!
Falta os estados e municípios investir na qualificação de mão de obra. Acompanhar os que recebem apoio financeiro e qualifica_los para o mercado de trabalho.
Modernização ou atualização da CLT e correção de distorções dos programas de transferência de renda (como algumas sugestões citadas na matéria), parecem ser o caminho. Já para aumento da renda, não tem como fugir do aumento da produtividade, que passa pela educação de qualidade.
Eu tenho vontade de ir trabalhar fora da minha cidade mais não tenho oportunidade de trabalhar fora