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Falta de mão de obra chega ao Sul do país, onde está difícil encontrar pessoas para atuar na indústria, construção civil e comércio

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 09/02/2025 às 21:41
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Rio Grande do Sul enfrenta uma grave falta de mão de obra, que atinge indústrias e comércio. Setores como construção civil e produção calçadista sofrem com alta rotatividade e dificuldade de atração de profissionais qualificados.

Em um cenário que tem deixado empresários de diversos setores em estado de alerta, a falta de mão de obra qualificada começa a impactar de forma crítica a economia do Sul do Brasil.

A dificuldade de encontrar profissionais para vagas essenciais na indústria, construção civil e comércio não apenas afeta a produção, como também eleva os custos operacionais e impõe um ritmo mais lento às empresas.

Embora o problema já fosse visível nos últimos anos, ele tem se agravado, segundo dados recentes.

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Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o terceiro trimestre de 2024 trouxe dados preocupantes: cerca de 27% dos empresários industriais no estado declararam que a falta ou o alto custo de trabalhadores qualificados é uma das principais dificuldades para a continuidade das operações.

Trata-se do maior índice registrado desde 2014, refletindo o agravamento dessa situação e colocando o estado em uma posição de alerta.

Setores estratégicos enfrentam crise

De acordo com o jornal Zero Hora, a construção civil é uma das áreas mais afetadas pela falta de profissionais.

Com a alta rotatividade e a empregabilidade em níveis elevados, as empresas têm dificuldade em manter trabalhadores qualificados em áreas técnicas, como acabamento e instalação elétrica, essenciais para o andamento de obras.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Claudio Teitelbaum, a situação está tão acirrada que muitos trabalhadores acabam sendo disputados entre empresas da mesma indústria, levando a uma escalada nos salários e incentivando ainda mais o movimento de troca de emprego em busca de melhores condições.

Dentro das construtoras, as funções de pedreiros, carpinteiros e especialistas em revestimento têm sido as mais prejudicadas, com aumento significativo nos custos.

O diretor de engenharia da Cyrela Goldsztein, Gustavo Navarro, destacou que o salário de um pedreiro de alvenaria, por exemplo, subiu 30% nos últimos dois anos, evidenciando o peso dessa falta para o setor.

Empresas como a MRV também enfrentam entraves semelhantes, principalmente em atividades especializadas, como pintura e encanamento, fundamentais para a conclusão dos projetos.

A economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, aponta ainda que o comércio também enfrenta desafios com a falta de candidatos para posições temporárias, especialmente em épocas de maior movimento no varejo.

Segundo Palermo, muitos trabalhadores não estão dispostos a assumir compromissos temporários ou com horários flexíveis, o que restringe as possibilidades para o varejo e gera uma desconexão entre a oferta de vagas e a procura de profissionais.

Os motivos para a falta de trabalhadores

Segundo especialistas, a alta rotatividade e a busca constante por melhores condições salariais são fatores que contribuem para essa falta de mão de obra.

Os trabalhadores qualificados, especialmente os mais jovens, não demonstram a mesma fidelidade às empresas que se observava em gerações anteriores.

Hoje, muitos preferem mudar de trabalho, área ou até região em busca de novas oportunidades e desafios, um comportamento que os empresários e gestores afirmam ser incentivado pela competitividade salarial.

De acordo com a economista Maria Carolina Gullo, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), o mercado de trabalho aquecido gera um ciclo de rotatividade que encarece o “capital humano” no estado.

“Essas novas gerações não têm receio de trocar de carreira, e buscam por remuneração competitiva ou mesmo por satisfação pessoal”, explica Gullo, destacando que a dificuldade em reter jovens é um dos grandes entraves do setor.

Esse fenômeno leva muitas empresas a gastar ainda mais com salários e benefícios para atrair e manter profissionais qualificados.

Além disso, as transformações demográficas do Rio Grande do Sul também desempenham um papel crucial nesse processo.

Conforme o presidente da Fiergs, Claudio Bier, a população do estado está envelhecendo mais rapidamente que a média nacional, o que reduz o número de jovens disponíveis no mercado.

Segundo ele, a falta de programas eficazes para atrair jovens de outros estados e a prevalência de auxílios sociais, que desestimulam o trabalho formal, são entraves adicionais para o setor produtivo da região.

Pequenas empresas e o impacto da falta de mão de obra

Outro fator relevante é que a falta afeta principalmente empresas de pequeno porte.

A Fiergs aponta que 36,1% dos pequenos empreendimentos enfrentam dificuldades com a falta de mão de obra qualificada, o que os deixa em desvantagem na competição por profissionais.

Em contrapartida, as empresas médias e grandes têm menos problemas de retenção, pois conseguem oferecer melhores pacotes de remuneração e benefícios, embora também sintam o peso do aumento nos custos para atrair trabalhadores.

No setor calçadista, a situação é similar. Empresas de fabricação de calçados relatam dificuldade em preencher vagas técnicas, especialmente para posições de costurador.

Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, a falta de profissionais qualificados pode comprometer a produção de itens voltados para o próximo ano, colocando em risco a capacidade do setor de atender a demandas futuras.

O futuro do mercado de trabalho no Sul

Para enfrentar esses desafios, o governo do estado, em conjunto com a Fiergs e outras entidades, tem discutido a criação de estratégias de desenvolvimento econômico.

Entre as propostas estão investimentos em programas de capacitação profissional e incentivos para atrair jovens para a indústria e a construção civil, além de políticas para estimular a permanência de trabalhadores locais no mercado formal.

O objetivo é combater a rotatividade e facilitar o acesso dos empreendedores a um quadro de trabalhadores estável e qualificado.

Diante desse panorama, resta a dúvida: o Rio Grande do Sul conseguirá reverter o quadro de falta de mão de obra qualificada e garantir a competitividade dos setores estratégicos?

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Gilberto Ludovico
Gilberto Ludovico
14/02/2025 16:44

O salário dos carpinteiro é dos pedreiro ta defrazado não são valorizado pelas empresas muitos preferem trabalhar autônomo do que registrado com este salário a hora que as empresas resolver pra o que o profissional merece aí sim vai ter muito profissional disponível no mercado de trabalho enquanto isso não acontecer vai ser asim ou as empresas paga o salário justo ou vai sofrer pra achar aí os que elas tem não sabe valorizar

Marco
Marco
13/02/2025 18:21

Meias verdades, primeiro que a mão de obra está ai no mercado disponível, resta saber se as empresas estão disponíveis a pagar o que realmente valem, caso contrário existem alternativas mas viáveis como por exemplo ubber, entregadores, negocios por conta própria, pipoqueiros, hambúrgueiros, e por aí vai, quem em sã consciência vai trabalhar 30 dias pra receber 2.500,00 – 3000,00 mensais e ter que trabalhar 9 horas diárias

Carlos
Carlos
12/02/2025 22:48

Querem profissionais qualificados pagando um salário de fome. Daí a empresa oferece como benefício vale transporte e estacionamento… Tão de sacanagem né?!

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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