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Fabricante de tratores crescia a 27%, mas sentiu o impacto do tarifaço mesmo sem exportar para os EUA; números mostram queda nas vendas

Publicado em 07/09/2025 às 11:09
Tarifaço, Agritech, Tratores
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Mesmo com tarifas americanas e queda nas vendas, a Agritech aposta na agricultura familiar e prevê novo avanço em 2025 com modelos acessíveis

Enquanto muitas fabricantes de máquinas agrícolas enfrentaram dificuldades com a retração do setor, algumas empresas de tratores de menor porte encontraram um caminho diferente. Os dados da Abimaq mostram que, em 2024, a comercialização de tratores e equipamentos caiu 19,9%. Mesmo assim, a Agritech Lavrale, pertencente ao Grupo Stédile, registrou um crescimento expressivo.

Segundo Cesar Roberto Guimarães de Oliveira, gerente de vendas e marketing da companhia, o ano de 2024 fechou com avanço de 27% nas vendas.

Ele avalia que esse resultado representou um marco positivo para a indústria, ainda que o cenário geral não fosse favorável.

O ano de 2024 foi excelente para nós. Fechamos com 27% de crescimento“, disse em entrevista ao Portal AgFeed.

Impacto das tarifas dos Estados Unidos

No entanto, 2025 trouxe sinais distintos. Entre janeiro e maio, as vendas mantiveram bom ritmo. Nesse período, o mercado ainda não sentia o impacto de decisões externas.

A virada aconteceu em abril, quando o governo dos Estados Unidos anunciou tarifas de 10% sobre produtos brasileiros, elevadas depois para 50% em julho.

Esse movimento deixou produtores rurais mais cautelosos, freando investimentos em novas máquinas.

Depois de maio, o mercado apresentou retenção e as vendas entraram em queda”, relata Oliveira. Para ele, o tarifaço imposto por Donald Trump funcionou como um freio para toda a cadeia, inclusive empresas sem perfil exportador.

Projeções para 2025

Apesar da mudança de cenário, a Agritech projeta crescimento de 9% neste ano. O motivo, explica o executivo, é a carteira robusta de pedidos, que garante entregas até dezembro. “Estamos mantendo as vendas porque temos uma gordura grande. Nossa carteira é forte”, afirma.

Foco na agricultura familiar

A estratégia da companhia passa pela agricultura familiar, segmento considerado mais resiliente. Os principais clientes são pequenos e médios produtores de café, frutas como uva e pêssego, e de hortaliças.

Durante a 48ª Expointer, no Rio Grande do Sul, a empresa reforçou esse posicionamento com lançamentos de máquinas voltadas a esses perfis de agricultores.

Novos modelos lançados

Um dos destaques foi o trator 1185 Fruteiro. A máquina foi projetada para uso em pomares e permite acoplamento de pulverizadores com requisitos específicos de turbina e volume de calda. Assim, assegura eficiência e cobertura uniforme nas aplicações.

Além disso, a companhia apresentou recentemente o microtrator AF14. O modelo foi desenvolvido para agricultores familiares com propriedades de até 20 hectares.

Para viabilizar as compras, a Agritech se apoiou no Pronaf Mais Alimentos, programa do governo federal que oferece crédito de até R$ 100 mil com juros de até 2,5%.

A gente disse: vamos produzir uma máquina com custo menor, para que o produtor também compre implementos sem ultrapassar o limite do financiamento”, explica Oliveira. Esse raciocínio mostra como a empresa procura driblar as barreiras das altas taxas de juros.

Flexibilidade como diferencial da Agritech

Outro diferencial é a flexibilidade. Os tratores da marca, com potência entre 14 e 82 cavalos, possuem configuração modular, o que permite ajustes conforme a necessidade. “Se o produtor pede uma mudança no produto, nós ajustamos. Produzimos de acordo com a demanda dele”, destaca Oliveira.

Mercados atendidos no Brasil

Hoje, a Agritech conta com mais de 80 revendas espalhadas pelo Brasil. O Sudeste, principalmente com cafeicultores de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, representa o maior mercado.

No Sul, a empresa atende produtores de uva, bergamota e pêssego. “No passado, a região Sul era a mais forte, mas hoje o Sudeste está na frente”, comenta o executivo.

A presença também se estende ao Nordeste, com destaque para os produtores de uva de Petrolina, em Pernambuco. Já no Centro-Oeste, a participação é menor.

O perfil da região, marcado por grandes propriedades que demandam tratores mais potentes, limita a atuação da companhia.

Trajetória da Agritech

A trajetória da Agritech começou em 2001, quando a japonesa Yanmar encerrou suas operações no Brasil. Na ocasião, a Agrale comprou os direitos de produção e uso da marca. Oliveira lembra que acompanhou todo o processo, já que está na empresa desde o início.

Em 2018, a Yanmar decidiu voltar ao país em parceria com a indiana ITL, responsável pelas marcas Solis e Sonalika. O acordo fez com que os japoneses encerrassem a parceria com a Agritech e estampassem sua marca nos tratores Solis.

Desde então, a Agritech passou a atuar em conjunto com a Lavrale, também do Grupo Stédile, especializada em implementos agrícolas.

A família controla ainda a Agrale, fabricante de caminhões e máquinas agrícolas baseada em Caxias do Sul (RS). Embora pertençam ao mesmo grupo, as operações são independentes. “Indiretamente, são nossos concorrentes na linha de tratores”, diz Oliveira.

Resumindo o cenário: depois de um salto de 27% em 2024, a Agritech projeta crescimento mais modesto, de 9%, em 2025. O recuo nas vendas desde maio reflete o impacto das tarifas americanas, que tornam produtores mais conservadores nos investimentos.

Ainda assim, a empresa mantém sua aposta na agricultura familiar e em máquinas adaptadas às necessidades de cada cliente.

Com informações de AgFeed.

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Romário Pereira de Carvalho

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