A FAB está em meio a uma análise detalhada sobre seu futuro armamento aéreo, o que tem gerado diversas especulações sobre uma possível compra de caças russos e chineses. Em um contexto de atrasos no programa Gripen, em parceria com a Suécia, a busca por alternativas mais viáveis economicamente tem se tornado cada vez mais urgente. Diante dessa necessidade, o CPG ouviu Edmundo Ubiratan, especialista da Aero Magazine, que compartilhou uma visão abrangente dos desafios e implicações de uma possível aquisição de caças russos e chineses para o Brasil.
Nos últimos anos, a FAB enfrentou dificuldades no projeto de aquisição dos caças suecos Gripen. A crise sanitária global e a falta de investimentos pontuais por parte do governo brasileiro atrasaram as entregas, pressionando a FAB a buscar soluções provisórias ou até novas alianças. Uma alternativa em discussão seria a compra de caças de segunda mão, como o F-16, que exigiria um investimento menor e resolveria as necessidades temporárias da Força Aérea. No entanto, a ideia de expandir o leque de opções para incluir caças russos e chineses levanta questões geopolíticas complexas e desafios técnicos significativos.
FAB: o que especialistas dizem sobre os caças russos e chineses?
A escolha de caças russos ou chineses implicaria uma série de adaptações e, segundo Edmundo Ubiratan, exigiria uma reestruturação completa da infraestrutura da FAB. Atualmente, os sistemas de dados e comunicação da FAB estão alinhados com o padrão ocidental, e a incorporação de aviões de origem russa ou chinesa necessitaria de um redesenho total da infraestrutura, tanto em manutenção quanto em armamento. Além disso, o histórico de pós-venda e suporte técnico da Rússia em relação ao Brasil não foi dos mais favoráveis, como se viu na experiência com helicópteros russos.
Geopolítica e possíveis entraves
Para especialistas como Edmundo Ubiratan, a geopolítica global é um dos maiores desafios de uma eventual compra de caças russos ou chineses pela FAB. O alinhamento do Brasil com potências ocidentais, como Estados Unidos e Europa, limita a possibilidade de aquisições desse tipo, especialmente considerando os embargos e bloqueios que poderiam ocorrer.
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A compra de caças russos, como o Su-57, traria preocupações para a Rússia em um possível cenário de exercícios militares em parceria com forças da OTAN, onde os russos não gostariam de ver seu equipamento analisado por rivais geopolíticos.
Por que a China dificilmente exportaria caças para o Brasil?
Embora a China tenha desenvolvido aviões de combate modernos, como o J-20, o governo chinês nunca manifestou interesse em exportar esses equipamentos para países fora de sua esfera de influência. A visão centralizadora da China em relação à sua tecnologia de defesa torna improvável que o país esteja disposto a compartilhar detalhes operacionais de seus equipamentos. Ubiratan destaca que a China desenvolveu uma postura de restrição tecnológica, priorizando o desenvolvimento interno e evitando comprometer sua segurança.
Consequências econômicas e sociais para o Brasil
Uma reestruturação da defesa brasileira baseada em caças russos e chineses poderia afetar significativamente setores estratégicos, como a Embraer. O Brasil poderia enfrentar sanções e embargos de componentes e tecnologias essenciais vindos de países europeus, dos Estados Unidos e de parceiros asiáticos, o que impactaria diretamente a produção da Embraer e a economia nacional. Isso limitaria o acesso do Brasil a tecnologias de ponta em defesa e comprometeria alianças e acordos comerciais estabelecidos há décadas.
Mais contras do que prós
A possibilidade da FAB comprar caças russos e chineses apresenta mais contras do que prós, conforme a análise de especialistas como Edmundo Ubiratan. Em um cenário de alianças complexas e interdependências econômicas, o Brasil enfrenta grandes barreiras caso decida buscar alternativas fora do eixo ocidental.
Mais que uma questão de orçamento, a escolha por caças russos ou chineses envolveria uma reavaliação completa das políticas de defesa, além de profundas repercussões diplomáticas. A decisão da FAB, portanto, envolve não apenas a escolha entre diferentes aeronaves, mas também o caminho geopolítico que o Brasil deseja seguir em um mundo cada vez mais polarizado.