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Exportações de máquinas do Brasil aos EUA, hoje em US$ 300 mi mensais, podem cair a zero em setembro com tarifaço, diz Abimaq

Publicado em 27/08/2025 às 20:43
Tarifaço, EUA, Máquinas
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Com tarifas adicionais de 40% somadas à taxa mínima, exportações brasileiras de máquinas aos EUA podem ser paralisadas a partir de setembro

A sobretaxa imposta pelos Estados Unidos sobre máquinas e equipamentos brasileiros deve paralisar as exportações para o mercado norte-americano a partir de setembro. O alerta foi feito por Cristina Zanella, diretora de competitividade, economia e estatística da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Segundo ela, as tarifas extras de 40%, somadas à taxa mínima de 10%, já impactam fortemente as vendas. “Vai ter impacto principalmente a partir do próximo mês em exportações. Elas devem tender a zero para aquele mercado. Houve perda grande de competitividade por causa da sobretaxa”, disse Zanella em coletiva nesta quarta-feira, 27.

Atualmente, os Estados Unidos recebem cerca de 26% das exportações de máquinas do Brasil, algo em torno de US$ 300 milhões mensais, segundo dados da Abimaq.

Desvantagem no mercado

O governo norte-americano também decidiu taxar qualquer produto com aço ou alumínio, sob os termos da Seção 232 da Lei de Expansão Comercial. Essa regra, que permite tarifas para proteger a segurança nacional, deve atingir outros setores.

Na semana passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a medida reduziria a desvantagem brasileira em relação à concorrentes.

Mas Zanella não vê espaço para otimismo. Ela destacou que, mesmo assim, será difícil competir com produtos vindos de países como Estados Unidos, Canadá e México, que têm tarifa zero.

Quando se olha para todas as sobretaxas anunciadas, o Brasil tem uma das maiores, só tem a Índia de equivalente. Produtos dos EUA, Canadá e México têm tarifa zero”, completou.

Tentativas de socorro

O governo federal anunciou medidas para tentar mitigar os prejuízos. Entre elas está o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra), que devolve aos exportadores parte dos tributos pagos na cadeia produtiva.

No plano de contingência, a devolução aumenta em 3 pontos porcentuais para quem exporta aos EUA. Grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1%, e micro e pequenas com até 6%. Essas condições seguem até dezembro de 2026.

Para Zanella, a proposta é limitada. “O anúncio foi de que o crédito seria dado somente para empresas que exportam aos EUA. Provavelmente as empresas vão deixar de exportar. O que a gente espera é que governo coloque o Reintegra para todos os exportadores”, disse.

Indústria 4.0 em debate

Outra aposta é a linha de financiamento do BNDES para a chamada Indústria 4.0. O banco liberou R$ 12 bilhões em recursos. A expectativa, no entanto, é de impacto menor.

De acordo com Zanella, a tendência é que as empresas apenas substituam investimentos mais caros por linhas mais baratas. “O receio é que os investimentos sejam substituídos, não adicionados. Empresas que já iriam investir com taxa de 20% a 22% vão conseguir investir com taxa menor”, explicou.

Receita em julho

Apesar do cenário de incertezas, a indústria brasileira de máquinas e equipamentos fechou julho com receita líquida total de R$ 26,716 bilhões. O número representa alta de 0,3% em relação a junho e de 7,3% em comparação a julho de 2024.

No mercado interno, a receita líquida foi de R$ 19,700 bilhões, queda de 5,1% em relação ao mês anterior, mas avanço de 14,5% em comparação anual.

O consumo aparente chegou a R$ 36,374 bilhões, alta de 1,2% sobre junho e de 8,9% sobre julho do ano passado.

As exportações em julho somaram US$ 1,269 bilhão, aumento de 20,7% em relação a junho, mas queda de 4,8% frente ao mesmo mês de 2024.

Já as importações foram de US$ 2,905 bilhões, crescimento de 11,3% em relação ao mês anterior e de 8,6% no comparativo anual.

O saldo da balança foi negativo, com déficit de US$ 1,636 bilhão.

Empregos em alta

O setor encerrou julho com 424,903 mil trabalhadores. O número representa alta de 1,1% em relação a junho e de 9,1% sobre julho do ano passado.

A carteira de pedidos também registrou melhora, crescendo 0,6% após recuo de 2,7% em junho. Houve recuperação em setores ligados a bens de consumo, infraestrutura e componentes. Mesmo assim, o volume ainda está 1,2% abaixo do registrado em julho de 2024.

A utilização da capacidade instalada chegou a 78%, 0,1 ponto acima de junho e 2,5 pontos acima do mesmo mês do ano anterior. Em média, em 2025, o setor operou com 77,6%, contra 74,2% no ano passado.

Máquinas agrícolas

O segmento de máquinas e implementos agrícolas também apresentou crescimento. A receita líquida total chegou a R$ 6,624 bilhões, alta de 4,7% em relação a junho e de 7,7% em relação a julho de 2024.

A receita interna foi de R$ 5,847 bilhões, aumento de 5,1% sobre junho e de 10,9% no comparativo anual.

No comércio exterior, as exportações somaram US$ 140,71 milhões, queda de 7,7% frente a julho do ano passado. As importações recuaram 13,5% na mesma base de comparação, ficando em US$ 102,48 milhões.

Perspectivas

O mais importante, segundo a Abimaq, é que o setor ainda mantém crescimento no mercado interno e bons números de emprego. Porém, a pressão das sobretaxas americanas pode inverter essa trajetória.

As próximas semanas serão decisivas porque as empresas terão de avaliar se conseguem absorver os custos ou se abandonarão de vez o mercado norte-americano.

Com informações de Estadão.

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Romário Pereira de Carvalho

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