Queda histórica impacta mercado e força mudanças no comércio exterior brasileiro
As exportações brasileiras de alimentos industrializados registraram em agosto de 2025 uma queda significativa, evidenciando os efeitos imediatos das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), houve retração de US$ 300 milhões, o que representou 4,8% a menos em relação a julho de 2025.
Estados Unidos reduzem drasticamente suas compras
O relatório da ABIA aponta que, em agosto, o Brasil exportou US$ 5,9 bilhões em alimentos industrializados. Entretanto, as vendas destinadas aos Estados Unidos somaram US$ 332,7 milhões, o que significou queda de 27,7% frente a julho e redução de 19,9% em relação a agosto de 2024.
Essa retração ocorreu em razão do tarifaço de 50% implementado em 1º de agosto de 2025. Além disso, houve a antecipação de embarques em julho, quando empresas aceleraram o envio de cargas para escapar da taxação.
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Em julho de 2025, o volume exportado para os EUA foi de US$ 460,1 milhões, número que demonstra a força da queda. Os produtos mais prejudicados foram, sobretudo:
- Açúcares, com recuo de 69,5%;
- Proteínas animais, com redução de 45,8%;
- Preparações alimentícias, em queda de 37,5%.
Segundo João Dornellas, presidente executivo da ABIA, o resultado mostra a urgência de diversificar os parceiros comerciais e, portanto, de ampliar a capacidade de negociação do Brasil no cenário internacional.
México amplia participação e substitui parte das vendas
Enquanto os EUA reduziram a demanda, o México ampliou substancialmente suas compras em agosto de 2025. Foram US$ 221,15 milhões, correspondendo a 3,8% do total exportado, principalmente em proteínas animais.
O crescimento foi de 43% frente a julho, consolidando o México como um novo destino emergente. Além disso, para a ABIA, esse movimento pode sinalizar um redirecionamento comercial, embora ainda não esteja claro se será uma mudança estrutural ou apenas temporária.
China reforça posição como maior destino
Em contrapartida, a China fortaleceu ainda mais sua posição como principal parceiro do Brasil. O país asiático comprou US$ 1,32 bilhão em agosto de 2025, alta de 10,9% em relação a julho e expressivos 51% frente a agosto de 2024.
Esse desempenho elevou a fatia chinesa para 22,4% do total exportado, consolidando sua condição de mercado âncora para a indústria alimentícia brasileira. Assim, a China se tornou ainda mais relevante para equilibrar os efeitos negativos da queda nos EUA.
União Europeia e Liga Árabe recuam
Outros destinos relevantes também registraram quedas expressivas. Os países da Liga Árabe reduziram as importações em 5,2%, totalizando US$ 838,4 milhões em agosto de 2025. Já a União Europeia importou US$ 657 milhões, o que significou uma retração de 14,8% frente a julho e de 24,6% em relação a agosto de 2024.
Dessa forma, ficou evidente que não apenas os EUA, mas também outros blocos estratégicos reduziram espaço para os produtos brasileiros.
Projeções da ABIA indicam perdas anuais bilionárias
De acordo com estimativas oficiais da ABIA, o impacto do tarifaço norte-americano pode gerar uma queda acumulada de 80% nas exportações para os EUA entre agosto e dezembro de 2025. Isso deve resultar em perdas de US$ 1,351 bilhão.
No acumulado de janeiro a julho de 2025, as exportações brasileiras já somavam US$ 36,44 bilhões, registrando recuo de 0,3% frente ao mesmo período de 2024. Esse resultado esteve ligado à diminuição da produção de açúcar durante a entressafra. Portanto, o setor já vinha enfrentando dificuldades mesmo antes do tarifaço.
Suco de laranja se mantém como exceção
Um dos poucos setores a escapar da taxação foi o de suco de laranja. As exportações cresceram 6,8% em agosto de 2025 em relação ao mesmo mês de 2024. Contudo, houve queda de 11% em relação a julho, reflexo da antecipação de embarques antes da virada do mês. Ainda assim, o desempenho foi mais positivo que o de outros produtos.
Empregos no setor resistem à pressão externa
Mesmo com as dificuldades nas vendas externas, a indústria de alimentos manteve saldo positivo em geração de empregos. Em julho de 2025, o setor contabilizou 2,114 milhões de postos de trabalho formais e diretos.
No comparativo interanual, entre julho de 2024 e julho de 2025, houve 67,1 mil novas vagas, representando crescimento de 3,3%. Além disso, somente em 2025, foram criados 39,7 mil empregos diretos, além de 159 mil postos na cadeia produtiva que envolve agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos.
O futuro das exportações brasileiras de alimentos
O desempenho de agosto de 2025 escancara um desafio estratégico para o Brasil. Enquanto o tarifaço norte-americano fragiliza a participação brasileira no mercado dos EUA, países como China e México emergem como alternativas fundamentais.
Por conseguinte, a necessidade de diversificação de mercados e de negociações comerciais mais robustas aparece como prioridade para os próximos meses. Dessa forma, será decisivo reduzir vulnerabilidades externas e garantir sustentabilidade às exportações alimentícias.
E você, acredita que o Brasil deve apostar na China como principal âncora comercial ou deve ampliar esforços de diversificação para reduzir riscos no setor alimentício?
O Brasil deve diversificar sim seus parceiros comerciais. É perigoso ficar amarrado só em um ou dois parceiros. Vai que amanhã a política deles muda? E aí? Acho que o Brasil devia investir mais em aproveitar as áreas desmatadas e plantar árvores para exportação de madeira! Isso seria um ótimo negócio, porque nós temos uma coisa que muitos não tem: área para plantar e cultivar muitos produtos!
Poderiam baixar o valor interno ajudaria um pouquinho
Plantar em área desmatadas? Ideia de jegue, aliás de Bolsominon
Nossa que jornal ruim de ler. A propaganda é mais importante que notícia, ocupando a maioria da tela. Aí pergunto: se a statlink mandar o que esse jornal é capaz de negar?
Nada!
Com certeza temos sempre que diversificar mas,não adianta sair das garras dos Estados Unidos e cair nas garras da China.Temos que ter autonomia para negociar com quem quer que seja.Nas próximas eleições americanas, provavelmente, Trump não será reeleito e,não podemos nos comprometer com a China, dando exclusividade para eles em comparação aos Estados Unidos.Negocios ,negócios nações a parte.
Quem é aliado da China, da Rússia, do Irã, de Cuba e da Venezuela, não precisa de inimigos.
Os EUA também negociam com ditaduras, desde que interesse a eles. Só não fazem negócio com cuba porque não tem nada pra eles por lá!
Só os deliciosos Charutos Cubanos