Startup criada por ex-executivos da Blue Origin quer extrair hélio-3 da Lua e vender isótopo raro para energia, computação e medicina
Uma nova fronteira energética está sendo traçada na Lua. A startup Interlune, com sede em Seattle e formada por ex-executivos da Blue Origin, quer transformar o regolito lunar em uma fonte estratégica de hélio-3.
Esse isótopo raro pode valer até US$ 20 milhões por quilo e tem potencial para revolucionar áreas como energia limpa, computação quântica e saúde.
O objetivo da empresa é claro: extrair hélio-3 da superfície da Lua e trazê-lo para a Terra. A companhia já firmou parcerias estratégicas e iniciou o desenvolvimento de tecnologia avançada de mineração espacial.
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Segundo o CEO Rob Meyerson, o hélio-3 é o único recurso com valor suficiente para justificar uma missão espacial comercial de extração.
Além disso, a Interlune firmou acordos com o governo dos Estados Unidos e empresas privadas. Esses contratos mostram que o mercado está pronto para apostar nos recursos lunares como parte da próxima revolução industrial.
Hélio-3: um isótopo raro com aplicações decisivas
O hélio-3 tem valor porque oferece vantagens únicas em várias áreas. No campo da energia, pode ser usado em reatores de fusão nuclear sem gerar resíduos radioativos. Essa característica o torna uma alternativa promissora aos combustíveis tradicionais.
Na computação quântica, o hélio-3 é usado para resfriar materiais supercondutores a temperaturas extremamente baixas.
Isso permite processadores mais rápidos e estáveis. Outro setor que depende do isótopo é o de imagens médicas, como as ressonâncias magnéticas, que precisam de sistemas de resfriamento eficientes.
Por ser escasso na Terra, o hélio-3 da Lua atrai atenção crescente. Estima-se que existam mais de um milhão de toneladas do material espalhadas pela superfície lunar.
Esse dado transforma a Lua em um possível centro de abastecimento de energia e tecnologia no futuro.
A tecnologia criada para explorar o regolito lunar
Para tornar esse projeto viável, a Interlune está desenvolvendo um coletor lunar com tecnologia de ponta. A máquina será capaz de escavar, classificar, extrair e separar o hélio-3 do regolito lunar.
Segundo Meyerson, o plano é operar com uma frota de cinco coletores. Cada um deles poderá processar até 100 toneladas métricas de poeira lunar por hora. A expectativa é produzir dezenas de quilos de hélio-3 por ano.
O maior desafio é o ambiente lunar. A gravidade baixa, a variação extrema de temperatura e o vácuo tornam o trabalho mais complexo.
Além disso, o hélio-3 está presente em quantidades muito pequenas no regolito — apenas algumas partes por bilhão. Por isso, o sistema precisa ser extremamente eficiente.
O protótipo já está sendo testado em condições semelhantes às da Lua. A próxima etapa será adaptá-lo para operar fora da Terra, com técnicas de liquefação do hélio-3 incluídas no processo para facilitar o transporte de volta ao planeta.
Apoio do governo dos EUA e empresas privadas
O projeto da Interlune já chamou a atenção do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE), que assinou um contrato para a compra de hélio-3.
O governo planeja adquirir três litros do material até 2029, com foco em segurança nacional e pesquisa tecnológica.
A parceria mostra o interesse crescente dos governos em tecnologias avançadas que dependem de elementos raros.
A computação quântica e a energia de fusão são áreas estratégicas para manter a liderança global em inovação.
Outra empresa que firmou contrato com a Interlune foi a Maybell Quantum, especializada em infraestrutura quântica.
Ela se comprometeu a comprar milhares de litros de hélio-3. A empresa precisa do material para operar refrigeradores de diluição usados na computação quântica.
Esses acordos comprovam que a mineração lunar não é apenas um sonho futurista. Com demanda crescente, o modelo de negócios da Interlune começa a se consolidar no presente.
Missão em 2027 e mineração em larga escala até 2029
Mesmo com todo o entusiasmo, o caminho ainda é longo. Os desafios técnicos da mineração espacial são enormes.
Separar o hélio-3 de outros elementos e gases do solo lunar exige equipamentos sofisticados e métodos muito precisos.
O plano da Interlune é lançar sua primeira missão de prospecção em 2027. Essa missão servirá para testar os sistemas em condições reais e coletar informações detalhadas sobre o solo lunar.
Com base nesses dados, a empresa espera iniciar a operação de mineração em larga escala até 2029.
Para isso, será necessário obter financiamento privado e estabelecer mais parcerias industriais. Meyerson reconhece que a jornada é desafiadora, mas acredita no potencial transformador do projeto.
Rumo a uma economia espacial baseada em recursos
O sucesso da Interlune poderá inaugurar uma nova era da exploração espacial. Em vez de apenas conquistar o espaço, a humanidade passaria a extrair valor real dele.
O hélio-3 pode ser o primeiro passo de uma nova economia baseada em recursos fora da Terra.
A energia limpa gerada por fusão nuclear com hélio-3 pode suprir a demanda global sem os impactos ambientais dos combustíveis fósseis. A computação quântica, por sua vez, pode evoluir com mais velocidade e eficiência.
Como disse Gary Lai, cofundador e diretor de tecnologia da Interlune, a abundância muda tudo. Quando um recurso se torna mais acessível, surgem novos usos, novas aplicações e novas ideias.
A mineração lunar deixa de ser um conceito de ficção científica e passa a ser uma estratégia de futuro. A corrida já começou, e a Interlune quer estar na linha de frente.
Com informações de Daily Galaxy.