O home office, que surgiu como solução durante a pandemia, virou motivo de discórdia no mundo corporativo. Se antes era visto como ferramenta de flexibilidade e produtividade, agora passou a ser alvo de críticas duras de grandes executivos. A pressão pelo retorno aos escritórios cresce, e a disputa entre liberdade individual e eficiência coletiva ganha novos capítulos em 2025
Cada vez mais líderes de grandes empresas estão abandonando o home office e exigindo a volta obrigatória aos escritórios. A decisão reacende uma discussão intensa sobre produtividade, colaboração e o futuro do trabalho em um mundo pós-pandêmico.
O modelo que ganhou força durante a pandemia de Covid-19 enfrenta agora um período de questionamentos. Em 2025, o cenário aponta para uma virada definitiva.
Executivos de peso têm adotado uma postura crítica. Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, já declarou que o home office é “besteira” e que a presença física é insubstituível.
-
Herdeiros ou governo, quem paga? O que acontece com a dívida após a morte do devedor — entenda de forma clara
-
Filho que cuida sozinho dos pais idosos não precisa arcar com tudo: tribunais confirmam que pode exigir rateio e obrigar irmãos omissos a pagar pensão proporcional
-
Na Espanha os imóveis retomados pós-2008 foram vendidos em massa a fundos internacionais, o turismo virou acelerador de preços e o Estado sustentou as duas ondas
-
Tribunais reconhecem: irmãos podem ser obrigados a pagar pensão alimentícia quando os pais não têm condições ou já faleceram, reforçando o dever de solidariedade familiar
Google (Alphabet)
Em 2025, a Alphabet, controladora do Google, decidiu reforçar sua política de retorno ao escritório em meio à corrida pela inteligência artificial.
A empresa passou a restringir o home office para parte de sua equipe, especialmente os funcionários que vivem a menos de 50 milhas (cerca de 80 quilômetros) de uma unidade da companhia. Para esse grupo, a regra é clara: a presença física deve ocorrer por, no mínimo, três dias por semana.
Apesar disso, a determinação não é uniforme em toda a organização. A Alphabet optou por deixar espaço para que cada equipe avalie suas próprias necessidades, permitindo ajustes conforme o tipo de projeto ou a demanda de colaboração.
Críticas ao trabalho remoto do CEO da Amazon
Em 2025, CEO da Amazon, Andy Jassy manteve a posição firme da Amazon em relação ao retorno presencial.
O executivo voltou a defender que a colaboração entre equipes só atinge seu potencial máximo quando acontece nos escritórios.
Segundo ele, a presença física é fundamental para fortalecer a cultura interna, acelerar a inovação e facilitar a troca diária de ideias que, no seu entendimento, não ocorre com a mesma intensidade no home office.
Jassy também rebateu críticas de que a medida teria como objetivo reduzir custos operacionais.
Ele afirmou que a decisão não está ligada a cortes, mas sim à estratégia de longo prazo da companhia, que aposta na interação presencial como motor de crescimento.
Para o CEO, garantir que os times estejam reunidos pelo menos alguns dias da semana é indispensável para manter a competitividade da Amazon em setores cada vez mais disputados.
Elon Musk e a influência no debate
Elon Musk continua sendo um dos críticos mais duros do trabalho remoto em 2025.
O CEO da Tesla e da SpaceX reforçou publicamente que o home office é “moralmente errado”, argumentando que não é justo executivos trabalharem de casa enquanto operários de fábrica precisam estar presencialmente.
Para ele, só existe uma forma séria de levar a empresa adiante: com todos os funcionários presentes nos escritórios em tempo integral.
Musk sustenta que a inovação e a disciplina organizacional só acontecem quando há convivência diária e supervisão direta.
Ele chegou a afirmar que quem prefere trabalhar remotamente deveria buscar outra carreira, porque não há espaço para home office em empresas que pretendem construir produtos complexos e avançados.
Essa postura, apesar de polêmica, tem influenciado o debate em várias corporações que observam seu estilo de gestão como referência.
Nem todos concordam com essa nova tendência
o caso do Dropbox vai na direção oposta das críticas feitas por Elon Musk, Andy Jassy e outros executivos.
Em 2025, o CEO Drew Houston comparou os mandatos de retorno ao escritório a uma tentativa de obrigar as pessoas a voltarem a shoppings e cinemas, algo que ele considera ultrapassado.
Para Houston, recriar modelos antigos de trabalho no ambiente digital é improdutivo e não acompanha a realidade atual do mercado.
Ele defende o conceito de “virtual first”, no qual o home office é a base e a presença física ocorre apenas quando realmente necessária.
Segundo Houston, a autonomia dos funcionários deve ser priorizada, porque o excesso de controle ou vigilância mina a confiança e reduz a produtividade.
Assim, o Dropbox se mantém como um contraponto no Vale do Silício, apostando que o futuro do trabalho está em modelos mais flexíveis e não na volta obrigatória aos escritórios.
O caso do Itaú
No Brasil, o tema ganhou força após a decisão do Itaú Unibanco. O banco demitiu nesta segunda-feira (8) cerca de mil funcionários que atuavam em regime híbrido ou remoto.
Segundo o Sindicato dos Bancários, a medida foi baseada na avaliação de produtividade dos colaboradores no home office.
A instituição informou que houve incompatibilidade entre as atividades registradas nas plataformas e os registros de ponto. Isso indicaria que as horas efetivamente trabalhadas não correspondiam ao que estava no sistema.
O Itaú afirmou ainda que a medida faz parte de um processo de gestão responsável e busca preservar a cultura da empresa.
Críticas do sindicato
O sindicato reagiu com críticas duras. Disse que os desligamentos ocorreram sem advertência prévia e sem diálogo com a entidade.
Para o diretor do sindicado Maikon Azzi, funcionário do Itaú, o critério usado é questionável. Ele afirmou que o banco considerou apenas registros de inatividade em máquinas corporativas, sem avaliar o contexto do trabalho.
Segundo ele, falhas técnicas, questões de saúde ou até a organização das equipes não foram levadas em conta.
“Nem mesmo [deu] oportunidade para que os empregados pudessem se defender”, declarou.
O sindicato informou que, nos últimos 12 meses, o Itaú já havia cortado 518 postos, reduzindo o quadro para 85.775 funcionários. Agora, cobra a reposição das vagas.
Lucros bilionários em contraste
A presidente da entidade, Neiva Ribeiro, também criticou a decisão. Para ela, não há justificativa diante do lucro elevado do banco.
“É inaceitável que uma instituição que registra lucros bilionários promova demissões em massa sob a justificativa de ‘produtividade’”, disse.
O caso acirra o debate no país. De um lado, o banco defende seus princípios de confiança e cultura. De outro, os trabalhadores denunciam arbitrariedade e falta de diálogo.
Nota oficial do Itaú
Em comunicado, o Itaú afirmou que os desligamentos decorreram de uma revisão criteriosa de condutas no trabalho remoto.
A nota reforçou que algumas práticas foram consideradas incompatíveis com os princípios da instituição.
“O objetivo é preservar nossa cultura e a relação de confiança com clientes, colaboradores e a sociedade”, declarou a instituição.
O texto finaliza dizendo que se trata de um processo de gestão responsável e que continuará acompanhando a produtividade e o registro de jornada.
Futuro em aberto
As demissões no Itaú evidenciam um movimento global: a confiança no home office diminui.
Grandes empresas buscam preservar cultura e engajamento, mas enfrentam resistência de funcionários que valorizam a autonomia.
O embate entre liberdade individual e produtividade coletiva segue sem solução definitiva.
O que está em jogo não é apenas onde se trabalha, mas como será o modelo organizacional dos próximos anos.
A tendência aponta para escritórios mais cheios. Ainda assim, o debate continua aberto e promete marcar o futuro do trabalho.