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Ex-presidente do Banco Central conta que Brasil enfrentou 15 anos de hiperinflação contínua, acumulando índices superiores a 1.000% ao ano e marcando a mais longa já registrada no mundo

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 30/08/2025 às 22:42
Atualizado em 01/09/2025 às 10:22
Brasil enfrentou 15 anos de hiperinflação contínua até 1994, marcando a pior experiência do mundo moderno
Brasil enfrentou 15 anos de hiperinflação contínua até 1994, marcando a pior experiência do mundo moderno
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Entre 1980 e 1994, o Brasil viveu a mais longa hiperinflação já registrada no planeta: foram 15 anos seguidos com índices acima de 100% ao ano, algo que nem Alemanha e Hungria — símbolos clássicos do tema — experimentaram.

O Brasil viveu a mais longa experiência de hiperinflação já registrada na história contemporânea. Entre 1980 e 1994, foram 15 anos consecutivos com taxas anuais superiores a 100%, chegando a ultrapassar os 1.000% em alguns períodos, segundo estudos citados por Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central. Esse cenário colocou o país à frente até mesmo de episódios clássicos como a Alemanha em 1923 e a Hungria em 1946, que, apesar da intensidade, duraram pouco mais de um ano.

A hiperinflação corroeu salários, destruiu o poder de compra e desestruturou a economia nacional. Enquanto países que enfrentaram crises semelhantes conseguiram estabilizar rapidamente suas moedas, o Brasil passou mais de uma década sem controle, tornando o caso um marco global de instabilidade econômica prolongada.

Por que a inflação fugiu do controle

A hiperinflação brasileira foi resultado de um conjunto de desequilíbrios fiscais e monetários. Governos sucessivos recorreram a emissões de moeda para cobrir déficits públicos, sem respaldo em políticas de ajuste fiscal. Além disso, medidas como congelamentos de preços e tabelamentos criavam alívio imediato, mas logo geravam desabastecimento e crises de confiança.

Entre 1986 e 1994, foram oito planos de estabilização fracassados, incluindo o Plano Cruzado, o Plano Bresser e o Plano Collor. Este último, em 1990, ficou marcado pelo confisco das poupanças, medida que gerou revolta social e instabilidade política sem conter a inflação. Em março daquele ano, o índice mensal chegou a 82%, uma das maiores marcas já registradas.

O impacto no cotidiano da população

A hiperinflação atingia diretamente a vida das famílias brasileiras. Salários perdiam valor no mesmo dia em que eram recebidos, obrigando trabalhadores e donas de casa a correrem para o supermercado assim que o dinheiro caía na conta. Pequenos comerciantes tinham dificuldade para remarcar preços, enquanto empresas maiores tentavam se proteger com reajustes automáticos.

Esse ambiente levou ao colapso de inúmeros negócios e à formação de um trauma coletivo. A cultura de “corrida contra o tempo” para preservar o poder de compra moldou o comportamento financeiro de toda uma geração, consolidando hábitos de consumo imediatistas e de desconfiança em relação à moeda nacional.

A virada com o Plano Real

O fim da hiperinflação só ocorreu em 1994, com a implementação do Plano Real, que reconstruiu as bases monetárias do país. O plano criou a Unidade Real de Valor (URV), mecanismo que preparou a transição para a nova moeda, o real. Além disso, fortaleceu defesas institucionais, como a independência operacional do Banco Central e a separação entre política fiscal e monetária.

Essas mudanças, segundo Gustavo Franco e outros economistas, foram essenciais para quebrar a espiral inflacionária e restabelecer a confiança na moeda. A partir daí, o Brasil ingressou em um ciclo de maior estabilidade, embora a inflação siga sendo um risco estrutural e um desafio constante para a política econômica.

Lições de um trauma econômico

A experiência da hiperinflação brasileira é considerada um dos maiores desastres econômicos do mundo moderno, não apenas pelos números, mas pela sua duração incomum. Especialistas afirmam que o episódio deixou uma herança: a consciência de que políticas fiscais e monetárias devem caminhar juntas para preservar a estabilidade.

Hoje, embora o país esteja mais protegido contra crises semelhantes, o risco inflacionário permanece latente. Choques externos, descontrole fiscal ou erros de política econômica podem reacender a pressão sobre preços, lembrando que o passado ainda serve de alerta para o presente e o futuro.

E você, viveu os anos da hiperinflação no Brasil? Como essa experiência marcou o seu dia a dia e a forma como lida com o dinheiro até hoje? Compartilhe nos comentários — queremos ouvir quem sentiu isso na prática.

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DAVI ARAUJO MOREIRA
DAVI ARAUJO MOREIRA
04/09/2025 21:32

Lula giverna a 20 anos e até hoje não acerto esse país.E um incompetente mesmo pior é quem vota,os cara não tem plano de governo aqui nos Estados Unidos a chapa quê ganha ja vêm com o plano de governo tudo arrumado,ja no Brasil os cara vai na fé e seja o quê o Cão quiser kkkkk.

Deila Sardeiro
Deila Sardeiro
04/09/2025 10:48

Vivemos momentos de muita incerteza. Recebíamos muito dinheiro que pouco valia. Inflação galopante. Qdo olho minha carteira de trabalho não consigo calcular (trazendo para os valores de hj) qto eu ganhava na época. Eram tantos dígitos! E as mudanças de planos dos governos! Não conseguíamos acompanhar a Eu trabalhava como operadora de caixa e tinha que fazer os cálculos de conversão da moeda. Confundíamos os nomes das moedas. Ora era cruzeiro, ora era cruzado, cruzado real…URV…uma loucura!

Elisabete Alves de Freitas
Elisabete Alves de Freitas
03/09/2025 19:48

EDUCAÇÃO Monetária, seria ótimo termos nas Escolas Públicas do PAÍS.

Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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