A produtividade das multinacionais no Brasil é 15 a 20 vezes maior que a das empresas nacionais, mas políticas públicas seguem financiando as menos competitivas.
O debate econômico brasileiro geralmente foca no ajuste fiscal e na taxa de juros, mas um dado revelado pelo ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco chama atenção para outro problema: a baixa produtividade da economia nacional. Segundo levantamentos do Censo do Capital Estrangeiro, feito a cada cinco anos pela autoridade monetária, as multinacionais no Brasil apresentam produtividade até 20 vezes superior à das empresas locais que operam isoladas do comércio internacional.
Apesar disso, as políticas públicas seguem direcionando recursos para setores protegidos e pouco competitivos, em vez de estimular as empresas mais integradas às cadeias globais.
Para Franco, esse desequilíbrio explica em grande parte o atraso brasileiro frente a economias que optaram por maior abertura comercial.
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O peso das multinacionais no PIB brasileiro
As multinacionais no Brasil, sejam de controle estrangeiro ou nacionais com pequena participação internacional, já respondem por aproximadamente um terço do PIB do país.
Essas companhias são responsáveis por empregar milhares de trabalhadores em setores estratégicos e por difundir práticas de gestão e tecnologia que elevam a eficiência.
No entanto, mesmo com essa relevância, os incentivos governamentais continuam priorizando setores menos produtivos, muitas vezes dependentes de subsídios e barreiras protecionistas.
Isso limita a capacidade do país de modernizar sua economia e de competir de igual para igual com outras nações emergentes.
A comparação internacional que evidencia o atraso brasileiro
Um exemplo citado por Gustavo Franco é o caso da Coreia do Sul. Nos anos 1960 e 1970, o Brasil e os coreanos tinham renda per capita próxima, cerca de 15% da média americana.
Hoje, a Coreia atingiu quase 67% da renda dos EUA, enquanto o Brasil permanece em torno de 17%, praticamente estagnado em meio século.
A diferença central está na estratégia: enquanto os sul-coreanos apostaram em abertura, inovação e produtividade, o Brasil manteve um modelo de proteção a setores tradicionais, sem integrar plenamente suas empresas às cadeias globais de valor.
O risco de insistir nos setores perdedores da globalização
O diagnóstico é claro: sem redirecionar investimentos e mão de obra para os setores mais dinâmicos, o país continuará preso a ciclos de baixo crescimento.
Para economistas, insistir em financiar indústrias ineficientes significa desperdiçar recursos que poderiam ser aplicados em áreas de maior impacto econômico e tecnológico.
A consequência é a perpetuação do chamado “custo Brasil”, que inclui burocracia, baixa produtividade e perda de competitividade externa.
Enquanto isso, países que apostam em inovação e integração internacional avançam rapidamente em indicadores de renda e desenvolvimento humano.
O futuro do Brasil diante da escolha produtiva
O alerta de Gustavo Franco reforça a necessidade de o Brasil rever suas prioridades econômicas. Apoiar multinacionais no Brasil e empresas integradas ao comércio global pode ser o caminho para destravar crescimento, aumentar salários e ampliar a presença do país em cadeias internacionais.
E você, acha que o Brasil deveria mudar sua estratégia e apoiar mais os setores produtivos ligados à globalização, ou considera importante continuar protegendo as indústrias tradicionais? Deixe sua opinião nos comentários — sua visão é essencial nesse debate sobre o futuro da economia brasileira.