Europa sinaliza pressão por acordo antes de tarifas entrarem em vigor
A União Europeia (UE) já definiu uma lista detalhada de tarifas que pode somar 21 bilhões de euros. Isso equivale a cerca de 24,52 bilhões de dólares sobre produtos dos Estados Unidos. O bloco fará isso caso não exista avanço em um entendimento comercial entre as partes.
Essa posição foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani. Ele deu entrevista ao jornal Il Messaggero nesta segunda-feira, 14 de julho de 2025.
Desde o início de julho, com as tensões aumentando, Tajani reforçou que o bloco europeu prepara alternativas para proteger sua economia. Isso acontece diante das ameaças vindas diretamente do presidente americano Donald Trump.
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No último sábado, 12 de julho, Trump anunciou que pretende impor uma tarifa de 30% sobre importações vindas do México. A medida também afetará a União Europeia a partir de 1º de agosto. Isso ocorrerá caso não haja avanços concretos nas negociações.
Com isso, a UE decidiu que, até o início de agosto, seguirá estendendo a suspensão de contramedidas previamente alinhadas. Entretanto, segundo Tajani, o pacote de tarifas já estruturado poderá ser acompanhado por uma nova leva de medidas. Isso ocorrerá se não houver um resultado positivo.
Ele destacou que a estratégia europeia se baseia em pressionar por uma saída negociada. Mas o bloco não abrirá mão de proteger mercados locais e setores estratégicos.
BCE avalia novas saídas para sustentar economia
Enquanto isso, para conter eventuais impactos econômicos, Tajani sinalizou que o Banco Central Europeu (BCE) estuda retomar programas de flexibilização quantitativa. O BCE também avalia possíveis cortes adicionais nas taxas de juros.
Para ele, manter a zona do euro estável exige decisões coordenadas. Isso é fundamental em momentos de incerteza global.
Desde a pandemia, o BCE atua para assegurar liquidez. A pressão por estímulos adicionais cresce diante das ameaças de uma escalada tarifária.
Ainda de acordo com o chanceler, medidas como essas fortalecem a resiliência da economia europeia. Elas também ampliam o poder de barganha nas negociações.
Segundo fontes oficiais, a meta comum entre os países do bloco segue sendo a construção de um mercado aberto. Esse mercado deve envolver Canadá, Estados Unidos, México e Europa. Assim, as tarifas podem ser progressivamente reduzidas.
Alemanha, França e Comissão Europeia unem forças
No mesmo domingo, 13 de julho, o chanceler alemão Friedrich Merz afirmou que pretende trabalhar em sintonia com o presidente francês Emmanuel Macron. Ele também trabalhará com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O objetivo declarado é conter a escalada da guerra comercial. Eles querem costurar pontos de convergência que viabilizem a manutenção de laços comerciais robustos com Washington.
Para Merz, as tarifas acabam prejudicando todos os lados envolvidos. Isso inclui os próprios Estados Unidos.
Como enfatizou Tajani, uma queda nas bolsas americanas poderia impactar diretamente aposentadorias e economias dos cidadãos. Isso geraria um efeito dominó que ninguém deseja neste momento.
Portanto, a mobilização conjunta entre Berlim, Paris e Bruxelas se intensifica nas próximas semanas. Fontes diplomáticas indicam que novas rodadas de conversas poderão ocorrer até o fim de julho. O objetivo é evitar que as sobretaxas se concretizem.
Além disso, líderes europeus querem aproveitar as reuniões do G20. Eles pretendem reforçar a narrativa de que acordos multilaterais ainda são a melhor saída para todos.
Estratégia foca mercado livre e competitividade
Mesmo em meio à ameaça tarifária, a UE reitera que busca um comércio cada vez mais livre. O bloco quer o menor número possível de barreiras.
O ideal defendido por Tajani é chegar a um cenário de “tarifas zero”. Assim, as trocas entre EUA e Europa seriam fortalecidas. O plano também inclui parceiros como Canadá e México.
Essa visão, segundo analistas do Il Messaggero, pode ganhar força se os setores produtivos pressionarem por previsibilidade. Eles também buscam estabilidade nos negócios.
Além disso, a possibilidade de contramedidas adicionais reforça a determinação europeia. O bloco não pretende recuar diante de imposições unilaterais.
No fim das contas, fica claro que as próximas semanas serão decisivas. Se até agosto não houver avanços, o pacote europeu de 21 bilhões de euros pode entrar em vigor. Isso inauguraria uma nova fase de tensões.
Para o bloco, segundo Tajani, o caminho ideal continua sendo o diálogo. Mas todos os instrumentos estão prontos para proteger o mercado interno. Afinal, como ele reforçou, “as tarifas prejudicam a todos, mas sobretudo, ameaçam a confiança de investidores e a estabilidade de milhões de aposentadorias”.
Assim, com cronograma apertado e negociações em ritmo acelerado, Europa e Estados Unidos caminham para mais uma rodada crucial de entendimentos. Para que a meta de tarifas zero se torne real, a diplomacia precisa correr contra o tempo.