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EUA querem isolar o Brasil? Governo Lula teme plano de Trump para desestabilizar eleições, atingir o STF e travar avanço chinês na América Latina

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 17/08/2025 às 18:21
Brasil teme plano de Trump para desestabilizar eleições de 2026, pressionar o STF e conter avanço da China na América Latina.
Brasil teme plano de Trump para desestabilizar eleições de 2026, pressionar o STF e conter avanço da China na América Latina.
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Governo avalia que sanções e tarifas dos EUA contra o Brasil fazem parte de uma estratégia de mudança de regime, com risco de questionamentos sobre a eleição de 2026 e tentativa de enfraquecer o protagonismo internacional de Lula.

O Planalto interpreta o recente pacote de tarifas e sanções adotado pelos Estados Unidos como parte de uma estratégia de “mudança de regime” no Brasil.

Na avaliação de auxiliares de Lula, as medidas do governo Donald Trump extrapolam a pressão sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF e miram a disputa eleitoral de 2026, com possível questionamento da legitimidade do pleito caso Lula vença, segundo revelou o jornal Folha de S. Paulo.

Crise comercial entre Brasil e EUA

A leitura dominante no governo é que Washington tenta redesenhar o tabuleiro regional.

Para interlocutores do Planalto, as tarifas recentes e as designações de autoridades brasileiras sob a Lei Magnitsky integram um movimento mais amplo de reposicionar a América Latina como área de influência direta dos EUA e conter o avanço chinês.

O pacote é visto como tentativa de isolar o Brasil no cenário internacional e enfraquecer a liderança de Lula.

Além do impacto econômico imediato, a ofensiva teria componente político explícito.

Fontes do governo afirmam que a Casa Branca busca assegurar a presença, em 2026, de um candidato brasileiro com afinidade ideológica com Trump, interferindo indiretamente no ambiente eleitoral.

STF e Alexandre de Moraes na mira

Em Brasília, a designação do ministro Alexandre de Moraesministro do STF e ex-presidente do TSE — sob a Lei Magnitsky acendeu alerta sobre possíveis medidas contra outros integrantes do Judiciário.

Para o Planalto, a opção dos EUA por um instrumento que prevê sanções por violações de direitos humanos sinaliza que novas ações podem atingir magistrados e agentes públicos ligados a investigações de extrema sensibilidade política.

Embora a pressão internacional seja percebida como um ataque à soberania brasileira, a avaliação interna é que a ofensiva busca desmoralizar o sistema de Justiça, corroendo a confiança externa em decisões de cortes superiores e, por consequência, na integridade do processo eleitoral.

Possíveis próximos passos de Trump

No horizonte de curto prazo, o governo trabalha com a hipótese de novos pacotes de sanções.

Entre os alvos cogitados por auxiliares, estariam empresas inseridas nas cadeias de energia e tecnologia, além de estatais estratégicas.

No limite, fontes governamentais não descartam sanções individuais a outras autoridades do Supremo e a integrantes do Executivo.

Paralelamente, há receio de que a pressão não se restrinja ao caso Bolsonaro.

Ainda que o desfecho do julgamento tenha peso político, a expectativa entre interlocutores de Lula é que a Casa Branca mantenha a ofensiva independentemente do resultado, sustentando um clima prolongado de confrontação.

Eleições de 2026 sob ameaça

A possibilidade de uma deslegitimação internacional da eleição — se Lula for reeleito — está no centro das preocupações.

Assessores presidenciais avaliam que os EUA poderiam estimular narrativas de fraude e instabilidade, criando terreno para questionamentos internos à lisura da votação.

Essa leitura, segundo a Folha de S. Paulo, dialoga com manifestações recentes de aliados de Bolsonaro no exterior.

Nesse contexto, auxiliares relatam que o deputado Eduardo Bolsonaro vem defendendo publicamente, há meses, a tese de que os EUA não reconheceriam a eleição brasileira caso seu pai fosse impedido de concorrer.

A interpretação no Planalto é que esse discurso alimenta o ambiente de desconfiança e ajuda a construir justificativas para medidas unilaterais.

Disputa com a China

Diplomatas e membros da cúpula do governo relacionam a escalada à disputa global entre Washington e Pequim.

Para eles, as medidas contra o Brasil buscam frear a aproximação econômica e tecnológica com a China e redesenhar cadeias de suprimentos, com impactos em setores como mineração, energia, agronegócio e manufatura.

Ao mesmo tempo, integrantes do Itamaraty reconhecem que a intensificação de laços com a China gera incômodo real nos EUA.

O ponto de fricção, porém, seria a proporção e a forma da resposta americana, avaliada como desmedida e com potencial de interferir no processo político interno.

Estratégia de reação do governo brasileiro

Frente à deterioração do ambiente, o governo discute acionar mecanismos de solução de controvérsias na OMC contra tarifas e sanções consideradas unilaterais e incompatíveis com regras de comércio.

A diplomacia também prepara uma agenda de reaproximação com países europeus e asiáticos para reduzir a dependência do mercado americano e mitigar o impacto sobre exportadores.

No plano regional, a orientação é intensificar o diálogo com vizinhos latino-americanos e construir uma frente de coordenação sobre tarifas, cadeias de suprimentos e defesa de instituições democráticas.

A expectativa é que uma articulação multilateral enfraqueça a narrativa de que o Brasil representa “ameaça” aos interesses dos EUA.

Comunicação e economia em jogo

No campo da comunicação, integrantes do governo relatam uma campanha coordenada nos EUA para associar Lula a China e Rússia, justificando perante a opinião pública a adoção de medidas punitivas.

Essa narrativa, apontada pela Folha de S. Paulo, cria ambiente favorável a ações adicionais, inclusive contra plataformas digitais e veículos de mídia brasileiros, sob o argumento de combate à desinformação.

Já no terreno econômico, a visão no Planalto é que a estratégia americana embute o cálculo de provocar desaceleração no Brasil, erodindo a popularidade do governo e abrindo espaço para candidaturas alinhadas ao trumpismo.

O receio é que novas rodadas de tarifas incidam sobre segmentos de maior valor agregado, pressionando investimento, emprego e câmbio.

Cenário para 2026

A convergência de quatro vetores — pressão econômica, sanções individuais, ataques ao Judiciário e narrativas de fraude — compõe, na análise do governo, um cenário de risco institucional prolongado.

Diante disso, a ordem é acelerar interlocuções com parceiros fora do eixo EUA-China, sustentar a defesa da independência das instituições e blindar o processo eleitoral de interferências externas.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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