Unica e Bioenergia Brasil defendem o etanol como ativo estratégico nacional e reforçam que o combustível verde não pode ser usado em acordos comerciais com os Estados Unidos
As negociações entre Brasil e Estados Unidos, iniciadas em setembro de 2025, ganharam força após o posicionamento conjunto da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e da Bioenergia Brasil.
Em 17 de outubro de 2025, ambas divulgaram nota à CNN Brasil, afirmando que o etanol é um ativo estratégico de soberania nacional e não deve ser tratado como moeda de troca.
Esse posicionamento ocorreu em meio às discussões bilaterais sobre tarifas de biocombustíveis, que se tornaram o principal ponto de tensão entre os dois países.
Segundo as entidades, qualquer revisão tarifária precisa preservar a segurança energética, a estabilidade regulatória e a credibilidade do Brasil na transição energética de baixo carbono.
Críticas americanas e investigação sobre tarifas brasileiras
As tarifas impostas pelo Brasil ao etanol importado têm sido duramente criticadas pelos Estados Unidos.
Em 2025, o USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA) iniciou uma investigação formal contra o Brasil, alegando práticas desleais de comércio internacional.
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De acordo com o órgão, a elevação gradual da tarifa para 18% nos últimos anos provocou forte redução nas exportações de etanol norte-americano.
Por isso, aumentaram as especulações de que o Brasil poderia flexibilizar as tarifas para amenizar a pressão diplomática.
Contudo, o setor sucroenergético rejeita qualquer mudança que coloque em risco a previsibilidade regulatória e a soberania nacional.
Além disso, as entidades argumentam que abrir mão da proteção tarifária enfraqueceria a competitividade da bioenergia brasileira, reduzindo investimentos e ameaçando a segurança energética construída ao longo de décadas.
Unica e Bioenergia Brasil negam rumores sobre redução de tarifas
A nota conjunta divulgada por Unica e Bioenergia Brasil, com apoio de Copersucar, FS e Raízen, nega veementemente os rumores sobre possível redução das tarifas de importação de etanol para agradar aos Estados Unidos.
Segundo o comunicado, “a informação não procede” e o setor mantém posição unificada em defesa da reciprocidade comercial.
Além disso, as entidades destacam que a previsibilidade regulatória e o respeito às normas internacionais de comércio são fundamentais para a estabilidade do mercado brasileiro de biocombustíveis.
Esses pilares, conforme explicam, garantem a competitividade da bioenergia nacional e protegem o interesse público, especialmente em um momento de transição global para energias limpas e sustentáveis.
Dessa forma, o setor reafirma que nenhuma negociação internacional pode enfraquecer o protagonismo do Brasil ou transformar o etanol em instrumento de barganha diplomática.
Cronologia das negociações entre Brasil e Estados Unidos
1º de agosto de 2025 — Unica e Bioenergia Brasil divulgaram nota reafirmando confiança na condução equilibrada do governo federal diante da pressão americana sobre o etanol.
17 de outubro de 2025 — A CNN Brasil publicou com exclusividade o novo posicionamento, em que o setor reforça o etanol como símbolo de soberania energética e rejeita usá-lo como moeda de troca.
Outubro de 2025 — As tarifas sobre o etanol voltaram ao centro das negociações entre Brasília e Washington, gerando novas discussões sobre reciprocidade e equilíbrio comercial.
Essa sequência de eventos mostra que as tratativas tarifárias se transformaram em um impasse diplomático duradouro, exigindo diálogo técnico e postura firme do governo brasileiro.
Enquanto isso, o setor reforça que a autonomia energética deve prevalecer sobre interesses externos.
Setor reafirma o papel do etanol na transição energética

O posicionamento de Unica e Bioenergia Brasil evidencia o papel essencial do etanol na matriz energética nacional.
O biocombustível, além de reduzir emissões, gera empregos, movimenta o agronegócio e sustenta a economia de energia limpa no Brasil.
Por isso, as entidades defendem políticas estáveis e transparentes que garantam investimentos contínuos e segurança jurídica.
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o etanol responde por quase metade da energia renovável usada no transporte nacional.
Assim, o Brasil se consolida como líder global na produção sustentável de biocombustíveis, atraindo investimentos e fortalecendo sua imagem internacional.
Além disso, especialistas reforçam que a previsibilidade regulatória e a manutenção das tarifas atuais são essenciais para proteger a indústria nacional e estimular a inovação tecnológica.
O futuro das relações comerciais e da soberania energética
Com as negociações entre Brasília e Washington em andamento, analistas preveem novos desdobramentos diplomáticos nas próximas semanas.
Mesmo assim, o governo brasileiro segue firme em equilibrar diálogo e proteção estratégica, priorizando o fortalecimento do setor e a independência energética nacional.
Enquanto isso, o setor de biocombustíveis mantém postura unificada e defende que o etanol é símbolo da soberania e da inovação brasileira.
Para eles, nenhuma pressão internacional deve comprometer a autonomia construída ao longo de décadas de investimento e pesquisa. O cenário, portanto, exige estratégia, equilíbrio e transparência.
E, diante disso, fica a questão: o Brasil deve ceder à pressão americana para ampliar o comércio de etanol ou preservar sua soberania energética a qualquer custo?


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