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EUA pressionam Mercosul por acordo para garantir acesso a lítio, nióbio e terras raras — enquanto China já controla cadeias globais e quer prioridade em contratos e fornecimento do Brasil

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 22/08/2025 às 09:21
EUA pressionam Mercosul por acordo para garantir acesso a lítio, nióbio e terras raras — enquanto China já controla cadeias globais de baterias e pressiona Brasil por prioridade
Foto: EUA pressionam Mercosul por acordo para garantir acesso a lítio, nióbio e terras raras — enquanto China já controla cadeias globais de baterias e pressiona Brasil por prioridade
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O Brasil se torna peça-chave na disputa global por minerais estratégicos. Os EUA buscam acordos com o Mercosul para acessar lítio, nióbio e terras raras, enquanto a China quer prioridade do Brasil em contratos e fornecimento

O Brasil se tornou peça-chave no cenário global de minerais estratégicos, especialmente lítio, nióbio e terras raras, essenciais para a indústria de tecnologia, energias renováveis e defesa. Nos últimos meses, os EUA intensificaram negociações com países do Mercosul, em especial com o Brasil, para garantir acesso a esses recursos estratégicos. Ao mesmo tempo, a China quer prioridade do Brasil, consolidando sua posição dominante nas cadeias globais de baterias e tecnologias verdes.

Essa disputa evidencia a importância geopolítica e econômica do Brasil, que possui reservas significativas e quase exclusivas desses minerais. A forma como o país gerenciará essas relações pode definir sua relevância no mercado global por décadas.

O interesse estratégico dos EUA e o Mercosul

O Departamento de Comércio dos EUA e representantes do governo norte-americano buscam acordos bilaterais e regionais com o Mercosul para assegurar suprimento de minerais críticos. Entre os principais recursos estão o lítio, essencial para baterias de veículos elétricos; o nióbio, fundamental para ligas metálicas de alta resistência; e terras raras, indispensáveis em eletrônicos e sistemas de energia renovável.

A estratégia norte-americana é reduzir a dependência da China, que atualmente domina cerca de 80% da produção mundial de terras raras e detém grande controle sobre o mercado de lítio. Para os EUA, garantir parcerias com o Brasil significa diversificar suas fontes e aumentar a segurança da cadeia de suprimentos, especialmente em setores estratégicos de defesa e energia limpa.

Segundo o Conselho de Mineração dos EUA, o país planeja investir bilhões em tecnologias de mineração e processamento sustentável em parceria com países do Mercosul, incluindo o Brasil, destacando a importância de negociações rápidas e efetivas.

Reservas estratégicas do Brasil em lítio, nióbio e terras raras

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O Brasil detém cerca de 98% das reservas globais de nióbio, concentradas principalmente em Minas Gerais, e cerca de 7.000 toneladas de lítio produzidas anualmente, com expansão prevista nos próximos anos. As terras raras, embora menos exploradas, têm potencial expressivo em estados como Goiás, Minas Gerais e Paraná, representando uma oportunidade estratégica de médio e longo prazo.

O país possui também reservas geologicamente superiores à média global, o que aumenta o valor de negociação frente a potências internacionais.

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O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio, respondendo por mais de 90% da produção global, com destaque para Minas Gerais, onde estão concentradas suas principais reservas, consolidando o país como fornecedor essencial para a indústria tecnológica e de defesa.

Além da quantidade, o Brasil tem a vantagem de contar com estabilidade política relativa, infraestrutura de transporte e um setor mineral consolidado, fatores que tornam os investimentos internacionais mais seguros.

China quer prioridade do Brasil e o domínio global

Enquanto os EUA buscam diversificação, a China quer prioridade do Brasil em acordos comerciais e fornecimento de minerais estratégicos. Pequim já domina a produção e refino de lítio, controla grande parte da cadeia global de baterias de íon-lítio e possui investimentos em mineração sustentável em outros países parceiros.

O país asiático oferece financiamentos, parcerias tecnológicas e contratos de longo prazo, garantindo acesso preferencial e preços competitivos. Essa pressão coloca o Brasil diante de um dilema estratégico: equilibrar interesses econômicos e geopolíticos, garantindo autonomia e evitando dependência exclusiva de qualquer potência.

O impacto econômico para o Brasil

A entrada de investimentos e acordos comerciais com os EUA e países do Mercosul pode gerar benefícios econômicos significativos. Entre os principais impactos estão:

  • Criação de empregos diretos e indiretos no setor mineral e industrial;
  • Desenvolvimento de tecnologia de processamento e refino de minerais estratégicos;
  • Estímulo à industrialização de produtos de alto valor agregado;
  • Consolidação do Brasil como fornecedor confiável de minerais críticos no mercado internacional.

Contudo, a concorrência entre EUA e China exige cautela. A dependência de apenas um comprador internacional pode expor o país a riscos de mercado e pressões políticas, tornando a diversificação de parceiros comerciais uma prioridade estratégica.

Lítio, nióbio e terras raras: minerais estratégicos em foco

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Lítio: combustível das baterias do futuro

O lítio é essencial para baterias de veículos elétricos, eletrônicos e sistemas de armazenamento de energia. Segundo a BloombergNEF, a demanda global por lítio deve se multiplicar por cinco até 2030, impulsionada pelo crescimento de veículos elétricos e tecnologias de armazenamento de energia.

O Brasil, com reservas em expansão, pode se tornar um fornecedor confiável fora da influência chinesa, atendendo a mercados como EUA e Europa.

A exploração de lítio também traz oportunidades de inovação tecnológica, como o desenvolvimento de baterias de maior eficiência e durabilidade, abrindo espaço para startups e pesquisas nacionais.

Nióbio: o metal estratégico do Brasil

O nióbio é utilizado em ligas metálicas para a indústria aeroespacial, construção civil e tecnologia militar. O Brasil domina praticamente toda a produção mundial, tornando-se indispensável para setores de alta tecnologia.

Com a crescente demanda por infraestrutura moderna e equipamentos de alta resistência, o nióbio brasileiro ganha ainda mais relevância, sendo um ativo estratégico na geopolítica mineral.

Terras raras: recursos críticos para tecnologia e energia

As terras raras são fundamentais para eletrônicos, ímãs permanentes, turbinas eólicas e veículos elétricos. Apesar de pouco exploradas atualmente, as reservas brasileiras têm grande potencial de expansão. Garantir processamento interno desses minerais e sua exportação pode posicionar o Brasil como fornecedor estratégico de tecnologias verdes e produtos de alto valor agregado.

Desafios e oportunidades estratégicas

Entre os principais desafios estão:

  • Regulamentações ambientais rigorosas;
  • Políticas de mineração sustentável;
  • Necessidade de investimentos em tecnologia de processamento;
  • Competição internacional com China e outros fornecedores.

As oportunidades são igualmente significativas. O Brasil pode se tornar um hub global de minerais estratégicos, com capacidade de processamento e exportação, garantindo contratos de longo prazo com EUA, União Europeia e outros mercados emergentes. Uma estratégia de diversificação de parcerias e investimentos em tecnologia é essencial para reduzir riscos e maximizar ganhos econômicos e geopolíticos.

Um futuro promissor para o Brasil no mercado global de minerais

O Brasil se encontra no centro de uma disputa estratégica entre EUA e China, com lítio, nióbio e terras raras desempenhando papel crucial na economia global e na transição energética. O país possui reservas únicas e potencial para se tornar líder mundial na cadeia de fornecimento de tecnologias verdes.

Ao equilibrar parcerias internacionais, desenvolver políticas de mineração sustentável e investir em infraestrutura de refino e processamento, o Brasil poderá:

  • Garantir maior autonomia em negociações internacionais;
  • Atrair investimentos estratégicos de longo prazo;
  • Consolidar sua posição geopolítica;
  • Atender à crescente demanda global por minerais estratégicos de forma sustentável e lucrativa.

Essa dinâmica destaca a importância de decisões estratégicas no curto e médio prazo, garantindo que o Brasil seja protagonista em um mercado global cada vez mais competitivo e essencial para a transição energética e tecnológica.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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