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EUA perdem contrato bilionário para o Brasil e agora tramam boicote à produção dos poderosos caças Gripen. Estariam eles com medo do avanço brasileiro?

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 19/10/2024 às 15:46
Brasil desafia EUA com sucesso do Gripen e KC-390, enquanto Washington tenta interferir no mercado de defesa brasileiro.
Brasil desafia EUA com sucesso do Gripen e KC-390, enquanto Washington tenta interferir no mercado de defesa brasileiro.

Brasil enfrenta manobra dos EUA após sucesso dos caças Gripen e cargueiro KC-390. País avança em transferência de tecnologia e desafia rivais globais.

A indústria de defesa brasileira enfrenta mais uma investida internacional.

Nos bastidores, uma verdadeira batalha geopolítica está em curso, e o Brasil, que recentemente se consolidou como um dos principais atores no mercado de aviação militar, agora se vê no centro das atenções.

O Departamento de Justiça dos EUA mira a Saab, fabricante dos caças Gripen, e o alvo da disputa é o contrato fechado pelo Brasil.

A movimentação desencadeia uma série de questionamentos sobre os interesses norte-americanos em minar a competitividade brasileira.

Na última quinta-feira (10), uma intimação foi emitida pela Justiça dos EUA exigindo que a Saab forneça informações detalhadas sobre a venda dos 36 caças Gripen ao Brasil, fechada em 2014.

De acordo com o jornal Carta Capital, segundo fontes oficiais, essa investigação está associada a acusações da Operação Zelotes, envolvendo suposto tráfico de influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No entanto, o inquérito foi arquivado pelo ministro Ricardo Lewandowski em 2022, que apontou falta de provas e indícios de manipulação política por parte de procuradores.

A tentativa dos EUA de interferir no acordo soa como uma manobra geopolítica para manter seu domínio no setor de defesa.

Pressões de Washington e o contexto global

Segundo o advogado-geral da União, Jorge Messias, o governo norte-americano está claramente incomodado com a derrota da Boeing no processo de licitação dos caças Gripen, o que motivou essa nova ação.

O Super Hornet, oferecido pelos EUA, foi descartado em favor do Gripen sueco, principalmente por questões de transferência tecnológica, um ponto crucial para o Brasil.

O advogado argumenta que essa intromissão é similar ao que ocorreu durante a Operação Lava Jato, quando empresas brasileiras foram alvo de ataques internacionais.

A derrota da Boeing em 2014 não foi a única afronta aos interesses dos EUA. A concorrência também contou com a participação da francesa Dassault, com seu avião Rafale.

No entanto, ambos os projetos foram rejeitados pelo Brasil, já que não ofereciam a transferência tecnológica que o governo buscava.

O compromisso da Saab, em contrapartida, incluía compartilhar conhecimento e colaborar para que o Brasil atingisse autonomia operacional.

Avanços brasileiros e desconforto norte-americano

Conforme o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, o sucesso do cargueiro KC-390 da Embraer também incomoda os EUA, já que a aeronave está substituindo o Lockheed C-130 Hercules em vários mercados.

Essa disputa reflete a estratégia dos Estados Unidos de tentar sufocar a ascensão de concorrentes que ameaçam suas empresas.

O KC-390 já está ganhando licitações internacionais, incluindo na OTAN, com países como Turquia e Índia interessados em grandes lotes.

A Saab, pressionada pelos EUA, também está atenta a essa disputa, especialmente agora que a Suécia se uniu à OTAN.

Para a Saab, o sucesso do Gripen e a entrada do Brasil no cenário de aviação militar internacional representam um grande avanço, mas também trazem novos desafios políticos.

O advogado Rafael Valim afirma que essa situação é mais um exemplo do uso do “lawfare geopolítico” por parte dos Estados Unidos, ao utilizarem a Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) para atacar concorrentes globais.

Transferência de tecnologia e os ganhos do Brasil

O projeto dos caças Gripen trouxe ao Brasil não apenas autonomia tecnológica, mas também uma base industrial robusta.

Desde o início do contrato, metade dos componentes do Gripen foi produzida em território brasileiro, com a montagem final de grande parte das aeronaves ocorrendo nas instalações da Embraer, em Gavião Peixoto, São Paulo.

Empresas brasileiras como Akaer e AEL Sistemas se envolveram no desenvolvimento dos caças, colaborando diretamente com a Saab.

O economista Marcos José Barbieri Ferreira, da Unicamp, explica que, ao escolher o Gripen, o Brasil garantiu mais do que um simples contrato de compra.

O país assegurou participação direta no processo de engenharia e integração das aeronaves, um feito que não seria possível com os caças ofertados pela Boeing ou Dassault.

Caças Gripen: A reação internacional e a nova era para o Brasil

Com o crescimento do protagonismo do Brasil no setor de defesa, Washington intensifica suas ações para minar o avanço das empresas brasileiras.

Segundo o professor Arthur Pinheiro de Azevedo Banzatto, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), o Brasil é o segundo país mais visado pelo FCPA, ficando atrás apenas da China.

Essa pressão externa é um reflexo direto da ascensão do Brasil como uma potência emergente, especialmente no contexto dos BRICS.

Além disso, o mercado global está cada vez mais atento às movimentações do Brasil, com países como a China firmando parcerias estratégicas.

No próximo mês, a visita do presidente chinês Xi Jinping promete intensificar essa cooperação, trazendo novas oportunidades para a infraestrutura e a logística brasileira, áreas que historicamente atraem a atenção dos EUA.

Com o sucesso do Gripen e do KC-390, o Brasil se consolida como um importante player na indústria global de defesa, desafiando diretamente empresas como a Boeing e a Lockheed Martin.

Essa disputa comercial é mais do que uma simples concorrência de mercado; ela reflete a luta pelo poder geopolítico em um cenário global cada vez mais polarizado.

O futuro da indústria de defesa brasileira

A escolha pelo Gripen representou uma virada histórica para o Brasil no setor de defesa. Não apenas pela qualidade das aeronaves, mas pelo impacto tecnológico e industrial que o acordo trouxe ao país.

Em meio a pressões internacionais, o Brasil segue firme em sua trajetória de desenvolvimento, enfrentando de frente as tentativas de interferência geopolítica.

Será que os Estados Unidos continuarão a usar sua influência para tentar barrar o avanço brasileiro, ou estamos testemunhando uma nova era de autonomia e protagonismo no cenário global?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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