Brasil enfrenta manobra dos EUA após sucesso dos caças Gripen e cargueiro KC-390. País avança em transferência de tecnologia e desafia rivais globais.
A indústria de defesa brasileira enfrenta mais uma investida internacional.
Nos bastidores, uma verdadeira batalha geopolítica está em curso, e o Brasil, que recentemente se consolidou como um dos principais atores no mercado de aviação militar, agora se vê no centro das atenções.
O Departamento de Justiça dos EUA mira a Saab, fabricante dos caças Gripen, e o alvo da disputa é o contrato fechado pelo Brasil.
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A movimentação desencadeia uma série de questionamentos sobre os interesses norte-americanos em minar a competitividade brasileira.
Na última quinta-feira (10), uma intimação foi emitida pela Justiça dos EUA exigindo que a Saab forneça informações detalhadas sobre a venda dos 36 caças Gripen ao Brasil, fechada em 2014.
De acordo com o jornal Carta Capital, segundo fontes oficiais, essa investigação está associada a acusações da Operação Zelotes, envolvendo suposto tráfico de influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No entanto, o inquérito foi arquivado pelo ministro Ricardo Lewandowski em 2022, que apontou falta de provas e indícios de manipulação política por parte de procuradores.
A tentativa dos EUA de interferir no acordo soa como uma manobra geopolítica para manter seu domínio no setor de defesa.
Pressões de Washington e o contexto global
Segundo o advogado-geral da União, Jorge Messias, o governo norte-americano está claramente incomodado com a derrota da Boeing no processo de licitação dos caças Gripen, o que motivou essa nova ação.
O Super Hornet, oferecido pelos EUA, foi descartado em favor do Gripen sueco, principalmente por questões de transferência tecnológica, um ponto crucial para o Brasil.
O advogado argumenta que essa intromissão é similar ao que ocorreu durante a Operação Lava Jato, quando empresas brasileiras foram alvo de ataques internacionais.
A derrota da Boeing em 2014 não foi a única afronta aos interesses dos EUA. A concorrência também contou com a participação da francesa Dassault, com seu avião Rafale.
No entanto, ambos os projetos foram rejeitados pelo Brasil, já que não ofereciam a transferência tecnológica que o governo buscava.
O compromisso da Saab, em contrapartida, incluía compartilhar conhecimento e colaborar para que o Brasil atingisse autonomia operacional.
Avanços brasileiros e desconforto norte-americano
Conforme o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, o sucesso do cargueiro KC-390 da Embraer também incomoda os EUA, já que a aeronave está substituindo o Lockheed C-130 Hercules em vários mercados.
Essa disputa reflete a estratégia dos Estados Unidos de tentar sufocar a ascensão de concorrentes que ameaçam suas empresas.
O KC-390 já está ganhando licitações internacionais, incluindo na OTAN, com países como Turquia e Índia interessados em grandes lotes.
A Saab, pressionada pelos EUA, também está atenta a essa disputa, especialmente agora que a Suécia se uniu à OTAN.
Para a Saab, o sucesso do Gripen e a entrada do Brasil no cenário de aviação militar internacional representam um grande avanço, mas também trazem novos desafios políticos.
O advogado Rafael Valim afirma que essa situação é mais um exemplo do uso do “lawfare geopolítico” por parte dos Estados Unidos, ao utilizarem a Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) para atacar concorrentes globais.
Transferência de tecnologia e os ganhos do Brasil
O projeto dos caças Gripen trouxe ao Brasil não apenas autonomia tecnológica, mas também uma base industrial robusta.
Desde o início do contrato, metade dos componentes do Gripen foi produzida em território brasileiro, com a montagem final de grande parte das aeronaves ocorrendo nas instalações da Embraer, em Gavião Peixoto, São Paulo.
Empresas brasileiras como Akaer e AEL Sistemas se envolveram no desenvolvimento dos caças, colaborando diretamente com a Saab.
O economista Marcos José Barbieri Ferreira, da Unicamp, explica que, ao escolher o Gripen, o Brasil garantiu mais do que um simples contrato de compra.
O país assegurou participação direta no processo de engenharia e integração das aeronaves, um feito que não seria possível com os caças ofertados pela Boeing ou Dassault.
Caças Gripen: A reação internacional e a nova era para o Brasil
Com o crescimento do protagonismo do Brasil no setor de defesa, Washington intensifica suas ações para minar o avanço das empresas brasileiras.
Segundo o professor Arthur Pinheiro de Azevedo Banzatto, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), o Brasil é o segundo país mais visado pelo FCPA, ficando atrás apenas da China.
Essa pressão externa é um reflexo direto da ascensão do Brasil como uma potência emergente, especialmente no contexto dos BRICS.
Além disso, o mercado global está cada vez mais atento às movimentações do Brasil, com países como a China firmando parcerias estratégicas.
No próximo mês, a visita do presidente chinês Xi Jinping promete intensificar essa cooperação, trazendo novas oportunidades para a infraestrutura e a logística brasileira, áreas que historicamente atraem a atenção dos EUA.
Com o sucesso do Gripen e do KC-390, o Brasil se consolida como um importante player na indústria global de defesa, desafiando diretamente empresas como a Boeing e a Lockheed Martin.
Essa disputa comercial é mais do que uma simples concorrência de mercado; ela reflete a luta pelo poder geopolítico em um cenário global cada vez mais polarizado.
O futuro da indústria de defesa brasileira
A escolha pelo Gripen representou uma virada histórica para o Brasil no setor de defesa. Não apenas pela qualidade das aeronaves, mas pelo impacto tecnológico e industrial que o acordo trouxe ao país.
Em meio a pressões internacionais, o Brasil segue firme em sua trajetória de desenvolvimento, enfrentando de frente as tentativas de interferência geopolítica.
Será que os Estados Unidos continuarão a usar sua influência para tentar barrar o avanço brasileiro, ou estamos testemunhando uma nova era de autonomia e protagonismo no cenário global?