1. Início
  2. / Agronegócio
  3. / EUA enfrentam menor rebanho bovino da história recente e recuperação lenta pode transformar o mercado mundial da carne até 2030 
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

EUA enfrentam menor rebanho bovino da história recente e recuperação lenta pode transformar o mercado mundial da carne até 2030 

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 01/10/2025 às 20:35
Carne; Rebanho; Mercado; EUA.
Fonte: IA.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Com expansão lenta, custos em alta e desafios regulatórios, especialistas apontam que a retomada do gado nos EUA será estratégica e seus reflexos podem redesenhar o comércio global da carne bovina

Os Estados Unidos vivem atualmente o menor rebanho bovino da sua história recente, um marco que pressiona a oferta de carne bovina, influencia preços internos e externos e coloca os pecuaristas diante do desafio de reconstruir o plantel. Esse movimento ocorre em um momento em que o ciclo norte-americano guarda grande semelhança com o do Brasil, aproximando os efeitos sobre o mercado internacional. 

De acordo com analistas, essa retomada será lenta, calculada e cheia de obstáculos. Ainda assim, pode transformar a dinâmica do mercado global da carne bovina até a próxima década. 

Recuperação lenta e estratégica 

O analista sênior da RaboResearch Food & Agribusiness, Lance Zimmerman, descreve o momento como uma “subida calculada”. Para ele, a fase de abate de vacas já ficou para trás e agora começa a etapa de retenção de fêmeas. “O ciclo do gado nos EUA entrou oficialmente em modo de reconstrução, mas essa recuperação não será uma disparada — está se moldando como uma escalada lenta e estratégica”, afirmou. 

Entre 2016 e 2022, a pecuária norte-americana enfrentou uma combinação de gargalos no processamento de carne, seca persistente, custos elevados de alimentação, escassez de mão de obra e os efeitos da pandemia. Essas pressões comprimiram margens e reduziram a capacidade de expansão. 

De acordo com o Rabobank, em 1º de janeiro de 2026, o inventário de vacas de corte dos EUA deve alcançar 28 milhões de cabeças, apenas 200 mil a mais que no ano anterior. Em 2027, o aumento esperado não deve passar de 500 mil animais. O crescimento mais consistente só deve ocorrer a partir de 2027, estendendo-se até o início da década de 2030. Mesmo assim, o pico ficará entre 500 mil e 1 milhão de cabeças abaixo do recorde de 2019 — algo que, segundo Zimmerman, não necessariamente é negativo. 

Eficiência pode compensar números menores 

Um dos pontos centrais levantados pelos especialistas é a eficiência do setor norte-americano. Mesmo com menos vacas, a produção de carne bovina pode alcançar novos recordes históricos. Isso porque ganhos de produtividade permitem que a oferta per capita volte a níveis que não eram vistos há mais de duas décadas. 

Ainda assim, ampliar o rebanho em 2,5 milhões de cabeças será um desafio complexo. Uma pesquisa da Farm Journal State of the Beef Industry mostra que apenas 47% dos pecuaristas planejam expandir seus rebanhos nos próximos cinco anos — quatro pontos percentuais abaixo do ano anterior. Esse dado revela a cautela do setor diante das incertezas econômicas. 

Custos, burocracia e limitações estruturais 

O maior entrave para a expansão é o custo de produção. Desde insumos básicos, como cercas e equipamentos, até novilhas de reposição, os preços seguem elevados. Essa volatilidade compromete o planejamento financeiro, reduz o fluxo de caixa e torna as margens de lucro mais frágeis. 

Outro ponto crítico é o acesso a pastagens. O preço da terra continua em alta, ao mesmo tempo em que restrições ambientais e a expansão urbana limitam a área disponível para a pecuária. 

A esses fatores somam-se os entraves regulatórios. Como destaca Zimmerman, “a burocracia e as exigências de conformidade já consomem tempo e recursos significativos”. Além disso, políticas comerciais e novas regras trazem camadas extras de complexidade, exigindo adaptação constante por parte dos produtores. 

No pano de fundo, um desafio estrutural: o envelhecimento dos pecuaristas e a falta de mão de obra, que alimentam a sensação de exaustão dentro do setor. 

Impacto global e semelhanças com o Brasil 

O desafio dos EUA em reconstruir seu rebanho bovino não é apenas doméstico. Com o ciclo norte-americano bastante alinhado ao brasileiro, os efeitos se espalham pelo mercado global da carne bovina. Ambos os países atravessam fases semelhantes de retenção e descarte de matrizes, o que amplifica as consequências sobre preços, custos de produção e margens de rentabilidade em escala internacional. Saiba mais.

Dessa forma, a próxima década pode ser marcada por volatilidade nos preços da carne, firmando os dois países como peças centrais na definição do equilíbrio mundial da oferta. 

Uma retomada cheia de obstáculos 

Os Estados Unidos terão de reconstruir seu rebanho em um ambiente de custos elevados, pressões regulatórias e transformações estruturais no campo. Embora os ganhos de eficiência possam sustentar recordes de produção, a retomada será lenta e cheia de obstáculos, como descreve Zimmerman. 

Para o mercado global da carne bovina, esse movimento representa uma década de cautela e preços firmes, com impactos que vão muito além das fronteiras americanas. 

 E você, acredita que os EUA conseguirão superar esses desafios e retomar sua força no setor pecuário, ou o protagonismo do Brasil deve se consolidar ainda mais nesse cenário de incertezas? 

Deixe sua opinião nos comentários.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Roberta Souza

Autora no portal Click Petróleo e Gás desde 2019, responsável pela publicação de mais de 8.000 matérias que somam milhões de acessos, unindo técnica, clareza e engajamento para informar e conectar leitores. Engenheira de Petróleo e pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, também trago experiência prática e vivência no setor do agronegócio, o que amplia minha visão e versatilidade na produção de conteúdo especializado. Desenvolvo pautas, divulgo oportunidades de emprego e crio materiais publicitários direcionados para o público do setor. Para sugestões de pauta, divulgação de vagas ou propostas de publicidade, entre em contato pelo e-mail: santizatagpc@gmail.com. Não recebemos currículos

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x