Secretário do Tesouro dos EUA disse que o entendimento entre Washington e Pequim prevê propriedade controlada pelos Estados Unidos para o TikTok, com acerto final pendente de conversa entre Trump e Xi nesta semana.
A novela do TikTok ganhou um capítulo decisivo nesta segunda-feira, 15 de setembro de 2025. Após uma rodada de negociações em Madri, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o entendimento traçado entre os dois países prevê que a plataforma passe a ter proprietário americano.
A medida atende à exigência de legislação aprovada nos EUA que condiciona a permanência do app no país à venta forçada ou a um bloqueio. Detalhes comerciais não foram revelados e um acerto final deve ser fechado após uma conversa direta entre Donald Trump e Xi Jinping ainda nesta semana.
Segundo Bessent, a “estrutura” do acordo aponta para controle norte-americano da operação do TikTok nos EUA, etapa considerada crucial para solucionar preocupações de segurança nacional e de proteção de dados de usuários. Do lado chinês, negociadores falaram em “consenso de base” sobre o tema, mas também colocaram sobre a mesa tarifas e controles de exportação como partes do pacote mais amplo da relação bilateral.
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A possível solução ocorre às vésperas de novo prazo de desinvestimento, que vinha sendo prorrogado enquanto avançavam as conversas técnicas sobre governança, dados e algoritmos. Em paralelo, Washington e Pequim discutem redução de tarifas e fluxos de investimento. Analistas veem chance de um anúncio escalonado, com extensão de prazo e diretrizes para a transição societária do aplicativo.
Para os mais de 170 milhões de usuários do TikTok nos EUA, o avanço reduz o risco de interrupção do serviço e dá um norte para criadores e marcas que dependem da plataforma. A ByteDance, controladora do app, não comentou os termos propostos até o fechamento deste texto.
O que muda com “proprietário americano” no TikTok
Na prática, o acordo sinaliza que a operação do TikTok nos EUA ficaria sob propriedade e controle de uma empresa norte-americana, o que pode envolver transferência de participação, criação de uma entidade separada ou entrada de um consórcio de investidores. O desenho final deve tratar de acesso a dados, auditorias de segurança e licenciamento do algoritmo, pontos sensíveis desde o início do impasse.
Essa arquitetura busca atender às preocupações de órgãos de segurança e do Congresso sobre potencial interferência estrangeira e uso indevido de informações de cidadãos. Segundo a Reuters e o Politico, o entendimento é que a estrutura societária e a governança sejam “americanizadas” o suficiente para satisfazer os requisitos legais e regulatórios, mantendo a continuidade do serviço e a competitividade com Instagram Reels e YouTube Shorts.
Para a China, o arranjo teria de preservar propriedade intelectual, evitar precedentes que desestimulem investimentos cruzados e ser acompanhado por gestos dos EUA em tarifas e barreiras tecnológicas. Negociadores chineses indicaram que o tema TikTok faz parte de um pacote mais amplo, que inclui terras raras e export controls.
Especialistas observam que qualquer venda ou transferência precisa resolver cláusulas de licença do algoritmo e endereçar a questão de atualizações de código vindas da China. Sem isso, haveria risco de “casca americana” com dependência tecnológica externa.
Prazos, lei e próximos passos nas negociações EUA–China
O pano de fundo jurídico é a lei norte-americana aprovada no ano passado que determina: ou vende, ou sai do ar. Desde então, a Casa Branca renovou prazos mais de uma vez enquanto as partes negociavam uma solução “ordenada” para evitar um apagão da plataforma. A sinalização de hoje é de “acordo-quadro”, com finalização política aguardando uma ligação Trump–Xi prevista para sexta-feira.
De acordo com a Reuters, as conversas em Madri envolveram Bessent e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, além de He Lifeng pelo lado chinês. A avaliação é que houve “progresso técnico”, porém temas amplos como tarifas seguem em discussão. Uma coletiva final estava sendo considerada para a tarde desta segunda-feira.
Para mercado e anunciantes, o calendário importa. Uma definição clara reduz incerteza regulatória, estabiliza o planejamento de mídia e pode destravar investimentos represados. Já para reguladores, o foco é garantir compliance duradouro, com auditorias recorrentes e mecanismos de resposta em caso de descumprimento.
Enquanto isso, a ByteDance e potenciais compradores ou parceiros devem esboçar valoração, governança e cronograma para a transição. O desafio é alinhar preço, controle e proteção de tecnologia sem ferir a legislação de ambos os países.
Impactos para usuários, criadores e anunciantes
Se a solução prosperar, usuários tendem a ver pouca mudança imediata na experiência. O impacto principal será nos bastidores, com novas regras de dados nos EUA, logs e auditorias. Para criadores, um acordo diminui o risco de interrupção do alcance e favorece contratos de longo prazo com marcas.
Para anunciantes, a continuidade do TikTok nos EUA sob guarda americana pode trazer mais previsibilidade regulatória, o que favorece o mix de investimento entre plataformas. Ainda assim, será crucial acompanhar custos de conformidade e possíveis ajustes de políticas de conteúdo durante a transição.
Por fim, a solução cria um precedente. Outros apps com cadeias de controle consideradas sensíveis podem ser pressionados a adotar modelos de propriedade e governança locais, elevando o custo de operar em mercados estratégicos.
Ter um “dono americano” resolve o problema de segurança e transparência do TikTok ou é só maquiagem regulatória que pode encarecer e fragmentar a tecnologia global? Deixe sua opinião nos comentários.