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Combustível adulterado pode causar falhas no motor, aumentar o consumo e até comprometer a segurança do veículo. Especialistas explicam os principais sinais de adulteração e dão orientações para evitar prejuízos maiores.
Abastecer um veículo no Brasil pode parecer uma rotina simples, mas envolve riscos que muitos motoristas ainda ignoram.
A adulteração de combustíveis continua sendo um problema recorrente e afeta tanto quem utiliza gasolina quanto quem prefere etanol ou diesel.
O impacto vai além do bolso: o desempenho do carro cai, a vida útil do motor é reduzida e a segurança do condutor pode ser comprometida.
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A fraude ocorre quando substâncias não permitidas ou em quantidades acima do limite legal são misturadas ao produto.
Entre os exemplos mais comuns estão solventes, excesso de etanol na gasolina e até mesmo água.
Esse tipo de prática resulta em combustão irregular, aumento de poluentes e falhas que aparecem rapidamente no funcionamento do automóvel.
Especialistas em engenharia automotiva ouvidos pela reportagem destacam que existem sinais claros de que o tanque recebeu combustível adulterado.
Identificar esses indícios cedo pode evitar prejuízos maiores e permitir que o motorista adote medidas de prevenção.
Perda de potência e falhas no desempenho
O primeiro alerta costuma ser a perda de potência.
Quando o carro parece “amarrado” logo após o abastecimento, com dificuldade para retomar velocidade ou ultrapassar, há grande chance de irregularidade no combustível.
Essa instabilidade é resultado da queima incorreta dentro dos cilindros.
Engasgos ao arrancar em semáforos também fazem parte do quadro, principalmente em veículos que não são flex, menos adaptados a variações na mistura de gasolina e etanol.
Outro sintoma comum é a dificuldade para dar partida, acompanhada de marcha lenta irregular.
De acordo com Clayton Zabeu, professor de Engenharia Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia, “a marcha lenta fica instável, com vibrações”.
Em veículos flex, a central eletrônica tenta compensar, o que mascara o problema até certo ponto.
Já no caso do diesel, o motorista pode notar perda de força acompanhada de fumaça em excesso.
Consumo de combustível fora do padrão
Quando o carro passa a rodar menos quilômetros com o mesmo volume de combustível, é preciso investigar.
O aumento repentino de consumo, em especial no etanol, é um dos sinais mais diretos de adulteração.
Nessas situações, o funcionamento do motor se torna mais áspero e a eficiência cai de maneira notável.
Para quem acompanha os gastos com abastecimento de perto, a alteração chama atenção rapidamente.
Luz de injeção acesa e risco de batida de pino
Casos mais graves de adulteração trazem indícios que não deixam margem para dúvida.
A baixa octanagem ou a presença de solventes podem provocar a chamada pré-ignição, fenômeno popularmente conhecido como “batida de pino”.
Esse processo ocorre quando a mistura se inflama antes do momento correto, provocando ruídos metálicos e sobrecarga no motor.
Segundo o professor Zabeu, exigir potência do carro nessas condições aumenta consideravelmente o risco de danos sérios, como o travamento do motor.
Outro fator preocupante é a adição de metanol, substância tóxica que pode gerar gases perigosos.
Em muitas situações, o primeiro sinal visível é o acendimento da luz de injeção no painel.
Componentes danificados e reparos caros
Além dos problemas imediatos, a longo prazo o combustível adulterado corrói componentes internos.
Bicos injetores e bombas de combustível são os primeiros a apresentar falhas.
Juliano Barbosa, professor de Engenharia de Materiais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que, se não houver intervenção rápida, a corrosão pode se espalhar para velas, válvulas, pistões e até para o sistema de escape.
O prejuízo pode chegar a uma retífica completa do motor, reparo que costuma ter custo elevado.
Para muitos motoristas, isso significa desembolsar valores que superam, em muito, a economia ilusória obtida ao abastecer em postos suspeitos.
Como reduzir os riscos ao abastecer
Evitar problemas começa com a escolha do posto. Especialistas recomendam priorizar estabelecimentos de bandeira conhecida e que já tenham a confiança de familiares ou vizinhos.
Guardar a nota fiscal de cada abastecimento também é uma forma de se resguardar, caso seja necessário registrar reclamação.
Se os sintomas aparecerem logo após encher o tanque, o ideal é procurar uma oficina de confiança para esvaziar o reservatório.
Quanto menos tempo o motor funcionar com combustível adulterado, menores são as chances de danos.
Em casos de falhas severas, a orientação é não forçar o veículo e acionar um guincho.
Denúncias de irregularidades podem ser feitas diretamente à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pelo telefone 0800 970 0267 ou no site oficial do órgão.
As fiscalizações podem resultar em interdição de bombas, multas e até suspensão das atividades do posto envolvido.
Poluição e impacto ambiental
O problema não afeta apenas motoristas. A queima incorreta de combustíveis adulterados libera mais poluentes na atmosfera, elevando as emissões de gases nocivos.
Isso intensifica a poluição urbana e contribui para problemas de saúde pública, além de comprometer metas ambientais ligadas à redução de emissões.
Em um cenário em que cada vez mais se fala em eficiência energética e sustentabilidade, o consumo de combustíveis fora do padrão representa um retrocesso com consequências amplas.
Abastecer pode parecer um gesto rotineiro, mas os sinais de adulteração mostram que a atenção deve ser redobrada. Você já passou por alguma situação em que o carro apresentou falhas logo após deixar o posto?
Seja o primeiro a reagir!