Consumidores brasileiros pagarão R$ 103,6 bilhões na tarifa de energia em 2025 devido a subsídios e ineficiências. Abrace Energia alerta para distorções que elevam a conta de luz e comprometem a competitividade nacional
Nesta quinta-feira, 11 de setembro de 2025, a Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace Energia) divulgou um estudo que escancara os custos ocultos que encarecem a tarifa de energia elétrica no Brasil.
Segundo o levantamento, os consumidores pagarão R$ 103,6 bilhões em subsídios e ineficiências embutidos na conta de luz, valor que representa um peso significativo para famílias e empresas em todo o país.
O estudo revela que de cada R$ 100 pagos na fatura de energia, R$ 26 correspondem a encargos e perdas que não geram benefícios diretos ao consumidor. Essa realidade compromete a competitividade da indústria nacional e penaliza os consumidores residenciais, que enfrentam aumentos sucessivos na tarifa de energia.
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Abrace Energia aponta distorções na composição da tarifa de energia
A estrutura da tarifa de energia elétrica brasileira é complexa e inclui diversos componentes que vão além do consumo efetivo. A Abrace Energia identificou que os principais fatores que encarecem a conta de luz são:
- Conta de Desenvolvimento Energético (CDE): fundo que financia políticas públicas do setor elétrico, como subsídios para fontes renováveis e tarifas sociais. Em 2025, representará R$ 44,4 bilhões.
- Custos ocultos: perdas técnicas e não técnicas, inadimplência e programas como o Proinfa. Somam R$ 59,2 bilhões.
- Tributos incidentes sobre encargos: impostos que incidem sobre os encargos setoriais, elevando ainda mais o valor final da fatura.
Esses elementos, segundo a entidade, criam um ciclo de encarecimento que afeta diretamente os consumidores e compromete o potencial competitivo do Brasil no cenário energético global.
Subsídios e ineficiências: o impacto direto na conta de luz
O estudo da Abrace Energia mostra que os subsídios e ineficiências não apenas encarecem a tarifa de energia, mas também distorcem o mercado. À medida que os encargos aumentam, os tributos também sobem, pois incidem sobre esses valores. Isso gera um efeito cascata que penaliza todos os consumidores, independentemente do perfil de consumo.
Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia, foi enfático ao afirmar que é necessário aproveitar melhor a energia limpa e barata gerada no Brasil. Para ele, o país está desperdiçando uma vantagem estratégica ao não utilizar sua matriz energética renovável como motor de desenvolvimento.
Abrace Energia cita energias limpas
O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com predominância de fontes renováveis como hidrelétricas, eólica e solar. No entanto, essa vantagem está sendo minada por subsídios e ineficiências que encarecem a conta de luz.
Segundo Pedrosa, o país poderia se tornar referência global em produção sustentável, atraindo investimentos e gerando empregos. O executivo destaca que o país precisa adotar uma estratégia de desenvolvimento que aproveite o potencial da energia limpa e de baixo custo para impulsionar a produção de bens sustentáveis.
A entidade destaca que, a falta de uma política energética eficiente compromete essa oportunidade e mantém o Brasil em desvantagem competitiva frente a outras nações que têm investido na redução de custos e na transição energética.
Impacto nos consumidores e na indústria brasileira
Os efeitos dos subsídios e ineficiências são sentidos diretamente pelos consumidores. Famílias enfrentam dificuldades para arcar com os custos da conta de luz, enquanto empresas lidam com tarifas elevadas que comprometem a sustentabilidade dos negócios.
A indústria brasileira, em especial, sofre com a perda de competitividade. Em um cenário global de transição energética, países como os Estados Unidos têm adotado estratégias para baratear a energia, como o uso do shale gas. Segundo a Abrace, o Brasil, por sua vez, permanece preso a um modelo que penaliza o consumidor e desestimula o crescimento econômico.
Propostas da Abrace Energia para reduzir a tarifa de energia
Diante do cenário preocupante, a Abrace Energia propõe medidas concretas para enfrentar os subsídios e ineficiências que encarecem a conta de luz:
- Revisão de contratos não executados ou desnecessários
- Interrupção da contratação de usinas caras e ineficientes
- Descontratação de projetos que não geraram direitos adquiridos
- Redução de tributos incidentes sobre encargos setoriais
Essas ações visam tornar a tarifa de energia mais justa, transparente e alinhada com os interesses dos consumidores e da economia nacional.
O papel do governo na revisão dos subsídios e ineficiências
Ainda de acordo com o estudo da Abrace Energia, o governo federal reconhece o problema e afirma estar buscando soluções para reduzir o custo da energia elétrica.
Uma Medida Provisória foi enviada ao Congresso com o objetivo de limitar o crescimento da CDE, mas enfrenta resistência e pode perder validade em novembro de 2025 caso não seja aprovada.
Enquanto isso, áreas técnicas do governo, especialmente da equipe econômica, apontam subsídios que deveriam ser extintos para aliviar a conta de luz dos consumidores. A falta de consenso e de ação efetiva, no entanto, mantém o cenário de incerteza e de tarifas elevadas.
Comparativo internacional: o Brasil em desvantagem energética
Em comparação com outras economias, o Brasil apresenta uma das matrizes mais limpas, mas também uma das tarifas de energia mais elevadas. Essa contradição compromete a atratividade do país para investidores e limita o potencial de crescimento de setores estratégicos.
Paulo Pedrosa cita o exemplo dos Estados Unidos, que conseguiram reduzir significativamente o custo da energia com o uso do shale gas. O Brasil, mesmo com abundância de recursos renováveis, permanece refém de subsídios e ineficiências que encarecem a conta de luz e prejudicam os consumidores.
Transparência e eficiência: caminhos para uma tarifa de energia mais justa
O estudo da Abrace Energia, divulgado em setembro de 2025, é um alerta para a necessidade urgente de revisão da estrutura tarifária do setor elétrico brasileiro. Os R$ 103,6 bilhões que os consumidores pagarão em subsídios e ineficiências representam um desperdício de potencial e uma injustiça tarifária.
A energia limpa e barata deve ser um motor de desenvolvimento, não um fardo financeiro. Para isso, é essencial que o governo, as entidades reguladoras e a sociedade civil atuem de forma coordenada para promover maior transparência, eficiência e justiça na composição da tarifa de energia.
Abrace Energia cumpre um papel fundamental ao trazer à tona dados concretos e propor soluções viáveis. O debate sobre a conta de luz precisa ser ampliado, com foco na proteção dos consumidores e na construção de um modelo energético sustentável e competitivo.